Comité Olímpico assinala Dia Internacional da Mulher distinguindo 11 treinadoras

O Comité Olímpico de Portugal (COP) assinalou esta segunda-feira o Dia Internacional da Mulher, com a distinção de onze treinadoras possuidoras de currículo desportivo de referência.

Comité Olímpico de Portugal
Comité Olímpico assinala Dia Internacional da Mulher distinguindo 11 treinadoras - ®DR

 

A abrir a sessão, Rita Nunes, diretora do Departamento de Estudos e Projetos do COP, sublinhou as dificuldades que historicamente se colocaram às mulheres: “Nos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas 1896, foram impedidas de competir, à semelhança do que sucedia nos Jogos da Antiguidade.”

No desporto português, os obstáculos a ultrapassar sempre foram muito acentuados, como referiu Rita Nunes: “Só nos Jogos Olímpicos de Helsínquia 1952 Portugal teve as primeiras atletas olímpicas.” Mas o pleno das mulheres nos Jogos apenas foi obtido 60 anos depois: “Só nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 todas as delegações incluíram mulheres atletas.”

Elisabete Jacinto, presidente da Comissão Mulheres e Desporto do COP, caraterizou a “comemoração do Dia Internacional da Mulher como um gesto simbólico, mas importante.” E lembrou que a Comissão Europeia pretende que haja uma representatividade de 40% de mulheres em cargos dirigentes. “Em Portugal são 12,6%, um dos valores mais baixos – o que é que tem sido feito?”, perguntou. “O que foi feito não foi seguramente suficiente”, concluiu.

O programa da cerimónia incluiu uma conferência de Sameiro Araújo – distinguida pelo COP, em 2018, com a Ordem Olímpica Nacional – intitulada “A presença da Mulher no Desporto”.

Sameiro Araújo refletiu sobre três eixos: Mulher e Trabalho, Mulher e Família e Mulher e Desporto. Deixou depois dados significativos em relação à participação de desportistas portuguesas nos Jogos Olímpicos, entre Los Angeles 1984 – onde estiveram duas treinadoras – e Londres 2012 (presentes três treinadoras, tal como aconteceu no Rio de Janeiro 2016).

“Há ainda, em Portugal, atletas que têm dificuldades em aceitar serem comandados por mulheres treinadoras”, disse Sameiro Araújo, que esteve na base do sucesso de atletas como Conceição Ferreira, Albertina Machado, Manuela Machado, Jéssica Augusto e Dulce Félix.

Na ocasião, destacou que para se ter sucesso no treino é necessário “gostar muito daquilo que se faz”, tendo recordado Mário Moniz Pereira como seu mentor.

José Manuel Constantino, presidente do COP, realçou a qualidade das profissionais homenageadas: “São todas mulheres que se afirmaram num mundo difícil, um mundo dominado pelos homens. São exemplos inspiradores. São mulheres que desbravaram caminho.” E concluiu: “Há um longo caminho a percorrer e é preciso recordá-lo.”

João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e Desporto, reforçou que, em Portugal, “estamos ainda muito longe do cenário que queremos. Continua a fazer sentido comemorar o Dia Internacional da Mulher, porque em cada 100 treinadores 14 são mulheres. Temos de nos empenhar em ter mais treinadoras.”

O governante português citou Hillary Clinton para dizer que “os direitos das mulheres são direitos humanos”, tendo confessado ser “frustrante perceber que não estamos a fazer o que devíamos estar empenhados em fazer. O vosso exemplo é muito inspirador.”

Os critérios adotados pelo Comité Olímpico para a atribuição das distinções foram o mérito desportivo no alto rendimento; pioneirismo em modalidades predominantemente dominadas por homens; em modalidades que, pela sua natureza e história, têm uma maior incidência de elementos do sexo feminino; o facto de serem treinadoras de diferentes gerações; e treinadoras dentro do movimento olímpico e não olímpico; com destaque no trabalho realizado ao nível dos escalões de formação.

 

Conheça as distinguidas:

Adelaide Patrício (Voleibol)

Foi praticante de Voleibol entre 1951 e 1976, chegando à seleção nacional. Foi campeã nacional de Atletismo em 1957. Formou-se em Educação Física pelo INEF em 1963; e foi treinadora desde 1965, representando a Mocidade Portuguesa Feminina, o Sporting Clube de Portugal e o Clube Juvenil de Voleibol D. Filipa de Lencastre, por si fundado. Conseguiu inúmeros títulos nacionais e regionais, sendo responsável pela formação de dezenas de atletas que representaram as seleções nacionais. Foi alvo de inúmeras distinções, das quais se destaca um Louvor do Ministério da Educação, a de Sócia de Mérito da FPV e a Medalha de Mérito da Câmara Municipal de Lisboa.

 

Ana Hormigo (Judo)

Licenciada em Desporto e Atividade Física pela Escola Superior de Educação de Castelo Branco, é mestranda em Treino Desportivo – Alto Rendimento na ULHT. Treinadora de Judo desde 1999, é selecionadora nacional da equipa feminina sénior e Sub-23 de Judo, entre 2012 e 2014, e desde 2017; como praticante, foi 7.ª classificada nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e 3.ª no Campeonato da Europa de 2008.

 

Anabela Leite (Atletismo)

Licenciada em Educação Física pelo ISEF, em 1987, desde então conciliou a sua carreira de treinadora com a de professora de Educação Física; treina desde 1986, tendo representado clubes como o Clube de Futebol “Os Belenenses”, o Mem Martins Sport Club e, desde 1994, o Sporting Clube de Portugal, onde conseguiu três vitórias na Taça dos Clubes Campeões Europeus (masculinos em 2000, femininos em 2017 e 2018). Destacou-se no treino na área dos saltos, velocidade e barreiras, treinando uma dezena de recordistas nacionais nas várias categorias, com destaque para Arnaldo Abrantes, olímpico em Pequim 2008 e Londres 2012. Foi homenageada pela Associação Europeia de Atletismo pela dedicação à modalidade.

 

Cristina Claro (Patinagem)

Técnica nacional da Federação Portuguesa de Patinagem desde 2006 e selecionadora nacional desde 2008. Como selecionadora foi responsável pelo título de campeão do mundo sénior masculino de Solo Dance em 2010 e 2015, assim como o título de vice-campeão mundial de juniores de 2008 e o título europeu de juniores de 2018. Como treinadora, conseguiu um total de seis medalhas em campeonatos do Mundo, campeonatos da Europa e taças da Europa, em juniores, juvenis, cadetes e infantis.

 

Cristina Gomes (Ginástica)

Treinadora de Ginástica Artística Feminina desde 1995, conseguiu dezenas de títulos nacionais em todos os escalões, em representação do Clube Fluvial Portuense e do Sport Club do Porto. Foi coordenadora da Seleção Nacional de Ginástica Artística Feminina, entre 2012 e 2013. Participou nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e Rio 2016, em oito campeonatos do Mundo e onze campeonatos da Europa. Foi eleita treinadora do ano da Federação de Ginástica de Portugal, em 2012, 2014 e 2015. Como praticante, foi campeã nacional em todos os escalões.

 

Dina Pedro (Muaythai)

Atual selecionadora nacional de Muay Thai. Marcou presença como treinadora em grandes competições internacionais, com destaque para os Jogos Mundiais, campeonatos do Mundo e da Europa, com obtenção de inúmeros títulos e posições de pódio. É treinadora principal do “Dinamite Team Muay Thai”. Como praticante foi campeã do Mundo de Muay Thai em 2007, Muay Thai Kickboxing em 2004 e 2005 e de Kickboxing em 1999 e 2001.

 

Helena Barros (Natação)

Treinadora de Polo Aquático de Grau III. Campeã Nacional da 1.ª Divisão Masculina (2006/2007) e vencedora da Taça de Portugal Masculina pelo CN Amadora; coordenadora técnica nacional da FP Natação e treinadora adjunta da Seleção Nacional Absoluta Masculina entre 2008 e 2012, com a qual conquistou por duas vezes o Torneio das 6 Nações; vice-campeã nacional da 2.ª Divisão Masculina pelo Sport Algés e Dafundo (2016/2017 e 2017/2018).

 

Helena Costa (Futebol)

Primeira treinadora convidada para treinar uma equipa profissional masculina de futebol (Clermont Foot); ex-selecionadora nacional do Irão (Feminino); ex-selecionadora nacional do Qatar (Feminino); treinadora de Futebol desde 1998, treinando equipas masculinas e femininas em vários clubes portugueses, destacando-se o 1.º de Dezembro, onde conseguiu o título nacional feminino em 2006/2007 e o Sport Lisboa e Benfica, onde liderou equipas masculinas dos escalões de formação.

 

Leonor Peralta (Ténis)

Iniciou a sua carreira como treinadora nos finais dos anos 60, fundando na década seguinte, conjuntamente com o seu marido, a Escola de Ténis de Oeiras, onde tem o cargo de diretora; treinadora de vários atletas campeões nacionais absolutos. Foi capitã e selecionadora nacional da FP Ténis de vários escalões juvenis, durante os anos 70 e 80. Como jogadora, foi a tenista com maior número de títulos de campeã nacional absoluta (13), representando Portugal na Federation Cup.

 

Paula Castro (Andebol)

Treinadora de Andebol desde 1989, sempre no Colégio de Gaia, conseguiu, entre 1994 e 2018, cinco títulos nacionais de juniores, um título nacional de seniores e uma Taça de Portugal em 2016/2017, entre outras classificações e participações internacionais de relevo. Selecionadora nacional sénior e coordenadora das seleções de Portugal entre 2006 e 2009, conseguiu o único apuramento para uma fase final de um Campeonato da Europa em 2008. Foi selecionadora regional da Associação de Andebol do Porto entre 1993 e 1995. Vencedora do prémio de “Melhor Treinadora da 1ª Divisão Nacional” na Gala do Andebol de 2016/2017. Como atleta, representou o Académico FC e o Colégio de Gaia, tendo representado a Seleção Nacional.

 

Teresa Barata (Basquetebol)

Treinadora de Basquetebol há 33 anos. Destaca-se nos escalões de formação, com sucesso em vários projetos em diferentes zonas do país, tais como a ADC da Escola Diogo Cão em Vila Real e União Desportiva Oliveirense. Faz parte da Equipa Técnica Nacional da FP Basquetebol, estando ligada ao treino das seleções nacionais femininas. Destacou-se com o 2.º lugar alcançado no Campeonato da Europa de Sub-16 em 2015, em Matosinhos. É professora de Educação Física e Desporto Escolar e Formadora da FP Basquetebol.