Vodafone MexeFest: A chuva não fez ninguém parar


O último dia do Vodafone MexeFest foi marcado pelo temporal mas mesmo assim as ruas estavam movimentadas.

A iniciar a segunda e última noite do Festival Vodafone Mexefest 2016 e tal como no dia anterior, a proposta apresentada foi um DJ set que desta feita ficou a cargo de Tiago Santos, também conhecido como, Mecânico do Amor. O Terraço do Capitólio voltou assim a funcionar mais uma vez como um bom meeting point, que talvez pela ameaça de intempérie, não se encontrava muito cheio. Apesar disto, quem entrou manteve-se essencialmente até ao fim, tendo o DJ proporcionado um bom warm-up numa noite em que a chuva não deu descanso aos milhares que nessa noite encheram a zona da Avenida da Liberdade.

Seguindo a cronologia dos acontecimentos, foi a vez de Zanibar Aliens entrarem em palco nos bastidores do Capitólio. A banda de Lisboa que conta já com 2 álbuns lançados patrocinou um belo concerto de Hard-Rock e Rock Psicadélico bem ao estilo dos mestres, Led Zeppelin, Black Sabbath e Pink Floyd. Com riffs arrojados e uma percussão agressiva os Zanibar Aliens foram capazes de pôr os pés e as cabeças do público a mexer, apesar do frio que já se fazia sentir.

Já num local mais acolhedor, na Sala Montepio do São Jorge, foi a vez das Señoritas, um duo composto por Mitó Mendes e Sandra Baptista. Já sobejamente conhecidas pela participação noutros projetos (A Naifa, Sitiados), Mitó Mendes e Sandra Baptista apresentam neste novo projeto algo mais sombrio e estranhamente cativante, o que não terá passado despercebido aos muitos que encheram a sala e se mantiveram atentos atá ao final.

Uma das grandes expectativas da noite entrou em cena no Coliseu dos Recreios. Falamos, portanto, do Norte Americano Christopher Gallant, que se estreou assim em palcos nacionais. Tendo sido um dos nomes mais falado neste Festival, não foi com surpresa que o cantor foi recebido por um público que sabia as suas músicas de cor e por aplausos e gritos extensivos. Dono de uma voz singular e de uma postura em palco bastante própria e irrequieta, Gallant provou assim porque razão foi capaz de encher o Coliseu dos Recreios mesmo antes do concerto ter começado. O artista de R&B presenteou o público com um espetáculo brilhante e apesar dos apenas 24 anos faz já sombra a outros nomes mais (?) sonantes do género.

Na noite de sábado, o hip-hop teve lugar maioritariamente na Sala Super Bock com a Ciência Rítmica Avançada. Landim fez as honras nessa noite e Fuse terminou, numa noite onde o rapper Valete marcou presença como espectador. Na última prestação, o espaço encontrava-se mais composto, contudo nas duas atuações, notava-se que os presentes eram fãs do género musical.

No Tivoli, foi a vez de Mallu Magalhães voltar a dar um ar da sua graça na cidade que já chama de sua, num concerto que entre outras coisas ficou marcado pela gratidão e emoção manifestada pela cantora. Cantou num concerto que teve direito a sala cheia e a uma fila de dezenas de pessoas que, ansiosa e esperançosamente, aguardavam à porta do Tivoli a possibilidade de se juntarem à festa. Mallu Magalhães munida do seu violão patrocinou um concerto muito intimista e que presou pela simplicidade. Entre canções como “Casa Nova”, “Ô, Ana”, “Me Sinto Ótima”, a artista patrocinou um concerto bonito, bem ao estilo da própria e que com certeza não desiludiu aqueles que por sorte ou melhor timming tiveram a oportunidade de ver e ouvir aquela que já é uma das referências da música brasileira.

Já no palco do Cine-Teatro do Tivoli, decorria o concerto de La Dame Blanche que apesar de partilhar o nome com a composição de Ópera de François-Adrien Boieldieu, poucas semelhanças são passíveis de serem traçadas. Talvez a única seja mesmo a capacidade vocal de Yaite Ramos Rodriguez. Numa mistura explosiva de hip-hop, cumbia, reggae, a cantora cubana que faz também de flautista e percussionista, foi capaz de brindar os presentes com uma festa do tipo “levanta mortos”, onde ninguém lhe ficou indiferente. Resta-nos esperar poder voltar a tê-la por cá.

De volta ao Coliseu entrou em palco a grande expectativa da noite, Elza Soares. Se é certo que a cantora dispensa apresentações, já o concerto que a mesma proporcionou exige que se lhe dispensem algumas linhas. Ainda antes do concerto começar, já na sala do Coliseu se respirava um ar de nervoso e entusiasmo com a iminência do inicio. Era a antecipação daquele que se esperava ser um (ou mesmo “o”) espetáculo do Festival. De repente, ouve-se uma voz off que, como quem apresenta algo que é mais que um concerto, nomeia todos os elementos da banda assim como, todo o staff envolvido na produção. Mal entram os artista em cena, o público desdobra-se em aplausos e gritos explosivos bem ao gosto de Elza Soares que fez questão de pedir ao público “barulho pa xuxu”. Num palco que mais parecia uma construção teatral, Elza Soares apresentou-se sentada na sua poltrona e foi com certeza a Rainha da sexta edição do Festival Vodadone MexeFest.

O artista português PZ subiu ao palco no São Jorge. No seu estilo inconfundível, provocador e na sua paródia musical, o artista e os restantes elementos apresentaram-se vestidos em pijama facto que não deve ter sido de estranhar para aqueles que encheram a Sala Monteiro. Numa grande proximidade com o público (houve direito a “discos pedidos”, conversa com o cantor e distribuição de t-shirts) PZ deleitou-nos com os seus temas.

Com alguns minutos de atraso, Mayra Andrade subiu ao palco. Sendo já uma presença familiar, não foi com surpresa que o Cine-Teatro do Capitólio se encontrava cheio de um público nervoso que aguardava a cantora cabo-verdiana. Foi mais um concerto onde Mayra Andrade provou porque razão é hoje em dia uma referência ao nível da música do mundo.

Os Taxiwars tiveram a primeira presença em Portugal na Casa do Alentejo. À porta da já conhecida Casa, juntava-se uma fila de pessoa que queriam entrar, contudo, tal não foi possível e muitos não conseguiram vislumbrar o espaço e a magia que a banda de jazz fez sentir naquele espaço.

A chuva parou mesmo a tempo dos Octa Push atuarem no espaço ferroviário do Rossio. Através das luzes, da guitarra, da bateria e da electrónica a banda, que contou ainda com a presença de Cátia Sá, fez uma esplendida atuação que não deixou ninguém parado.

A noite terminou no Coliseu, com a atuação de Branko, antigo membro dos agora extintos Buraka Som Sistema. Numa atuação que marcou pela diferença com cinco ecrãs que mostravam vários locais de Lisboa, o artista apresentou temas do seu álbum Atlas.

Mais uma vez o Vodafone MexeFest deu a conhecer novas bandas e novos hits. E apesar da chuva, não fez ninguém parar.