O Estádio do Algarve, foi palco escolhido para 10ª edição do Algarve Trade Experience, evento organizado pela Garrafeira Soares. Este evento contou com alguns dos produtores mais conceituados do país, uma excelente oportunidade para os apreciadores, provarem vários vinhos de diversos produtores, num único local.
O primeiro dia, começou com as ‘Provas Especiais’ a primeira delas com Daniel Niepoort, o sucessor do pai ‘Dirk’, da casa Niepoort, que nos revelou pretender continuar o legado deixado pelo seu avô (Rolf Niepoort) e pelo seu pai (Dirk Niepoort), mantendo a consistência dos seus vinhos, respeitando a história e garantindo a sua autenticidade. Daniel Niepoort é um tipo genuinamente apaixonado pelo mundo dos vinhos, um purista, um homem da terra que adora estar junto das suas vinhas, das suas pessoas, a trabalhar no seu próximo vinho. Da vasta gama de vinhos apresentados, destaque para o vinho do Porto Niepoort 20 year Old Tawny, um Porto incrível com aromas fabulosos de frutas cristalizadas e damascos secos que transparecem no palato, juntamente com um caráter alcoólico suave e bem integrado no final.
Na prova seguinte, encontrámos Filipa Tomaz de Costa, uma das primeiras enólogas em Portugal e que mais tempo permanece em exercício na função. Integrou a equipa de enologia da Bacalhôa Vinhos de Portugal em 1981 e desde 1993 assumiu a direção dos vinhos da Península de Setúbal. Filipa Tomaz de Costa, revelou-nos que nos anos 80 teve a felicidade conviver com Thomas Scoville e com o Eng. António d’Avillez que lhe deram a oportunidade de se lançar no mundo dos vinhos e que a ajudaram imenso no desenvolvimento da sua função. Esta enóloga, recebeu o prémio de Enóloga Vinhos Generosos do Ano 2013 pela Revista de Vinhos. Nesta prova destacamos o Quinta da Bacalhôa Centenarium Tinto 2015, um tinto com as castas Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, que lhe conferem notas ligeiramente apimentadas, um toque suave a vegetal e alguma fruta silvestre tornado este vinho muito elegante, fresco e com boa profundidade de aroma.
O dia terminou com a apresentação de vinhos da Malhadinha Nova, no Palácio Gama Lobo em Loulé, espaço recuperado pela Câmara Municipal de Loulé e inaugurado a 1 de junho de 2019. Hoje é a sede do Loulé Criativo, onde se realiza exposições e criação de artesanato com artesãos do município.
Neste evento, também ele organizado pela família Soares, proprietários da Malhadinha Nova, para além da Garrafeira Soares, estiveram presentes várias figuras importantes da política e do tecido empresarial do Algarve com destaque para os presidentes das Câmaras Municipais de Faro e de Loulé.
Durante o jantar, em que foram privilegiados os produtos e sabores algarvios, preparados pelo Chef Joachim Koerperf, foram apresentados vinhos de uma qualidade assinalável, com realce o Vinho Tinto Teixinha Field Blend 2021 que nos foi apresentado pela Renata Vilhena, Brand Builder da Herdade da Malhadinha Nova. Este vinho é um sério candidato a ser um dos melhores vinhos produzidos em 2021. Esta primeira edição estagiou catorze meses em barricas de carvalho francês, o que lhe confere notas de tosta muito subtis, feito através das castas Aragonês, Alicante Bouschet, Trincadeira. É um vinho elegante, com taninos sedosos, com corpo, que apesar dos seus 15 graus, se bebe tranquilamente revelando até alguma evolução no copo.
O segundo dia teve início com a ‘Prova Especial’ da Adega Cartuxa, uma das principais marcas da Fundação Eugénio de Almeida, liderada pelo enólogo João Baptista desde 1997. Nesta prova foi apresentado, o Cartuxa Reserva Tinto 2017, tendo já sido eleito como o melhor vinho tinto alentejano deste ano. Para os presentes, era fundamental saber qual a sua longevidade e qual o seu posicionamento para os investidores e colecionadores de vinho. Segundo João Baptista, o tempo de guarda expectável para este Cartuxa é de cerca 30 anos sendo que o seu potencial máximo provavelmente será a meio desse período. Relativamente à evolução do preço deste vinho obviamente que está relacionado com a relação entre a procura e a oferta do mesmo mas aos dias de hoje ainda se pode adquirir nas garrafeiras por um preço médio de 45 euros.
A segunda prova foi Anselmo Mendes, conhecido como senhor Alvarinho. Este produtor é provavelmente o enólogo mais inovador da região dos Vinhos Verdes tendo sido o primeiro a amadurecer a casta Alvarinho em barricas de carvalho francês. Nesta prova a grande revelação foi a gama Parcela Única produzida por este “feiticeiro” da zona dos vinhos verdes. Foram provados os vinhos, desde os anos 2011 até 2021 e foi muito difícil escolher o que mais se destacava. De realçar o Parcela Única 2015, um vinho de sabor intenso, notas de maça verde, laranja confitada, bom nível de acidez, e o Parcela Única 2011, que se revelou um vinho com um sabor diferente com notas de toranja, caramelo salgado e com uma boa acidez, que nos faz pensar como é possível um vinho branco feito da casta Alvarinho ter 10 anos e estar tão bom. Talvez o mito de que os “vinhos verdes” se devem beber num curto espaço de tempo tenha sido destruído por este Parcela Única 2011.
A fechar o ciclo de provas especiais deste evento contámos com o enólogo António Maçanita. Um produtor que dispensa apresentações, colaborador de diversos projetos vínicos no mundo inteiro. Nesta prova bastante concorrida, sob o tema “As Ilhas Portuguesas”. António Maçanita apresentou o Caracol dos Profetas 2022 e Listrão dos Profetas 2023, dois vinhos feitos com ‘vinhas de areia’ da Ilha de Porto Santo.
Da Ilha do Pico, conhecemos o ‘Da Pedra se fez Espumante’, um espumante 100% Arinto dos Açores, o Canada do Monte, um vinho nascido no mar, pronto para harmonizar com peixes e mariscos. A estrela da prova foi o Vinha dos Aards 2020, feito com as castas Arinto dos Açores, Verdelho, Alicante Branco e Boal. A vinha dos Aards, está na primeira linha junto ao mar, o que lhe confere na boca uma acidez vibrante que se mantêm até ao final da prova.
A Vinha dos Aards 2020, foi considerado um dos melhores vinhos do ano no evento Grandes Escolhas.
A família por detrás da Garrafeira Soares
Em 1983, Maria Antónia e João Soares instalam-se com os seus dois filhos em Albufeira e iniciam a atividade da empresa com a abertura de um minimercado que passados poucos anos será restruturado dando origem à primeira garrafeira.
Pertence, à segunda geração, João e Paulo Soares e à nora Rita Soares a responsabilidade do crescimento do grupo Garrafeira Soares. A atividade da empresa está hoje dividida em duas áreas distintas: o comércio a retalho com uma rede de dezoito lojas próprias implantadas nas principais cidades da região algarvia e a venda por grosso suportada pela equipa comercial. No total a empresa emprega atualmente mais de cem pessoas.
A gestão familiar, que desde sempre caracteriza a atuação da Garrafeira Soares, tem permitido um crescimento sustentado do negócio, colocando-a numa posição de liderança no sector. Não alheia a esta boa performance destaca-se a política de relacionamento da Garrafeira Soares com os seus clientes e fornecedores. Os laços comerciais cultivados ao longo dos anos ao abrigo de um comportamento ético exemplar, permitiram a criação de fortes parcerias assentes no respeito, na confiança, na estima e até na amizade.
Do património detido, hoje, pela Garrafeira Soares destacam-se a qualidade e profissionalismo dos seus colaboradores, a valiosa carteira de clientes e o excelente relacionamento com todos os seus parceiros nacionais e internacionais.
Esta foi a 10º Edição do evento organizado pela família Soares, um evento de grande relevância no mundo dos vinhos, onde se nota que os presentes – produtores, clientes e colaborados,- são uma grande família, onde reinam as boas relações comerciais, a compreensão e a boa disposição.