A Quinta do Pisão, em pleno Parque Natural Sintra-Cascais, acolhe até 1 de setembro de 2024 a 11ª edição do LandArt Cascais, a exposição bienal que traz obras de arte para o cenário natural do território cascalense. Realizado desde 2009, o LandArt Cascais acontece sob a gestão programática da Fundação D. Luís I, numa iniciativa conjunta com a Câmara Municipal de Cascais.
Para a edição de 2024 da LandArt Cascais, a mediadora cultural do projeto, Professora Luísa Soares de Oliveira, convidou os artistas Francisca Carvalho, Pedro Vaz e Rui Matos a desenvolver trabalhos à volta do conceito de casa e de abrigo que se integrassem na paisagem da Quinta do Pisão, a céu aberto, privilegiando o contato entre pessoas, natureza e arte.
Sem saberem de antemão dos projetos uns dos outros, os artistas, dois pintores – Francisca Carvalho e Pedro Vaz – e um escultor, Rui Matos, criaram diferentes abordagens ao tema proposto. Francisca Carvalho pensa a sua obra, a partir de uma estrutura já existente na Quinta do Pisão, uma antiga capela, hoje quase uma ruína, onde se encontram ainda vestígios de antigas decorações murais que davam pelo nome de fingidos, que emulam materiais nobres. Na obra intitulada “A Multiplicação dos Fingidos”, a artista expande a decoração da capela com tecidos tingidos à mão, técnica que tem desenvolvido nos últimos anos.
Na obra “One-night shelter”, Pedro Vaz constrói um abrigo temporário onde o visitante que percorre a quinta se pode abrigar e, mesmo, permanecer durante algum tempo. O objetivo do artista, muito além de apresentar uma estrutura tridimensional, é o de proporcionar um contato mais demorado entre as pessoas e a natureza e ainda permitir a interação física com a obra de arte.
Já Rui Matos criou um objeto arqueológico intitulado “Passagem Cega”. A Quinta do Pisão possui várias estruturas arqueológicas, às quais Matos acrescenta aquela que imaginou, que teria sido habitada pelos homens e mulheres do passado, convidando-nos a projetar no presente os sinais dessas vidas já desaparecidas.
“Os trabalhos são muito diversos uns dos outros, mas todos têm origem neste elemento primordial: a existência, real, imaginária ou construída, de uma estrutura assente na divisão entre um exterior e um interior, entre um fora e um dentro, entre a proteção e a sua ausência. A casa ou o abrigo, nas suas diversas acepções, convocam sempre estas ideias. Protegem, acolhem, resguardam e até, porque estamos num ambiente de parque natural, se instituem como o lugar onde é possível unir a natureza e a cultura”, acrescenta a curadora Luísa Soares de Oliveira.