Triunfo de Rui Vinhas na 78ª Volta a Portugal


O ciclista português da W52-FC Porto venceu pela primeira vez, aos 29 anos, a prova rainha do ciclismo nacional e que tinha no colega de equipa Gustavo Veloso, vencedor das duas últimas edições da Volta a Portugal, o grande favorito.

Com a camisola amarela desde a terceira etapa, Rui Vinhas partia para os últimos 32 quilómetros com uma vantagem de 2,25 minutos sobre o seu “chefe de fila”, especialista em contrarrelógio e que ainda acalentava esperanças de alcançar a terceira vitória em Portugal.

Mas, o corredor de Valongo, aguentou-se e perdeu apenas 54 segundos na etapa, vencida pelo espanhol com o tempo de 40.46,73 minutos e, cinco anos depois do êxito de Ricardo Mestre, deu à Volta um novo vencedor português.

Rui Vinhas afirmou-se muito feliz pela vitória, e que “sabia que vinha a fazer um bom tempo, sofri bastante nestes 32 quilómetros, mas estou nas nuvens”, referindo que o fato de muitos portugueses pedirem uma vitória nacional lhe deu “mais confiança e hoje passei os meus limites para tentar fazer o melhor possível”.

O ciclista fez questão de agradecer ao colega de equipa, Gustavo Veloso, porque “ele trabalhou bastante comigo para esta vitória, ajudou-me bastante nesta preparação para a Volta” e, apesar de vitorioso, defendeu que “o Gustavo era o homem mais forte da prova e tive a sorte de ganhar uns minutos em Macedo de Cavaleiros, a partir daí tentei defender-me ao máximo e o Gustavo ajudou-me muito nisso”.

O espanhol, que partilhou com Vinhas um abraço emocionado no fim da meta, disse à RTP que o colega “fez o contrarrelógio da sua vida. Defendeu-se muito bem. Demonstrou que é forte. É uma mistura de sentimentos. Estou feliz por Rui Vinhas ter ganho e a vitória ter ficado na equipa, mas é difícil saber que és o mais forte da Volta e não consegues ganhar. Qualquer pessoa no meu lugar conseguia perceber o que sinto agora”.

Aurora Cunha, antiga maratonista e três vezes campeã do mundo de estrada, declarou, ainda no início da etapa e sem vencedor conhecido, que “por tudo o que o Rui Vinhas fez durante esta Volta, merecia ganhar e para o ciclismo nacional acho que seria uma mais- valia ter um português no pódio. Ontem tive oportunidade de dizer ao Rui que, para tudo na vida há uma oportunidade e para ele acreditar, correr com garra e fazer história no ciclismo porque este é o ano dele.

Acima de tudo, tivemos uma grande Volta a Portugal, com melhorias de chegadas e partidas e toda a estrutura organizadora está de parabéns. Esta foi a Volta mais quente destes últimos três anos, mas o povo sai à rua e vem ver os ciclistas porque o ciclismo é uma daquelas modalidades de sofrimento e de ter uma grande capacidade de reação nos momentos menos bons”.

O espírito de equipa é também algo inerente a esta modalidade, como Pinto da Costa, presidente do F.C. Porto, referiu:

“Estou muito satisfeito pelo triunfo, mas sobretudo pela vitória do espírito de união do coletivo. Foi pelo que fizeram desde o primeiro dia, como uma equipa bem unida, que posso considerá-los a todos vencedores da Volta a Portugal” e afirmou que a parceria W52/ Porto é para manter por mais alguns anos para “continuar a ganhar Voltas e o que vier à mão”.

Para Fernando Medina, presidente da autarquia lisboeta, a Volta é “um dos grandes eventos nacionais, dos mais carismáticos e mais queridos e foi através desta iniciativa e pela RTP que muitos portugueses foram conhecendo o seu país” e, defende que “a chegada a Lisboa é sempre muito especial, desta vez em contrarrelógio e sempre na expetativa do final, que, este ano, nos trouxe uma vitória portuguesa”.

O presidente da prova, Fernando Gomes, afirmou que o regresso de um português às vitórias “nos deixa muito mais confortáveis e dá-nos mais alento para trabalhar e acreditar que, em 2017, vamos enriquecer a celebração dos 90 anos da Volta a Portugal”, revelando que, no próximo ano, o início da prova será, provavelmente em Lisboa, mas que terminará certamente em Viseu “um dos municípios mais fortes destes últimos anos na Volta”.

A 78ª edição da Volta a Portugal, a mais dura e mais longa, com 1618,7 quilómetros marcou o regresso do Sporting e do F.C. Porto ao ciclismo, com estes últimos a dominarem por completo a prova ao conseguirem também a camisola verde da classificação por pontos (Gustavo Veloso) e a liderança da classificação por equipas, com uma vantagem de 16m46s para a segunda formação, a Rádio Popular Boavista.