Minas da Quinta da Recheira, uma viagem no tempo

As Minas da Recheira, na Covilhã, é um projeto turístico, único em Portugal, resultado da recuperação de um antigo complexo mineiro de estanho e volfrâmio, que parou no tempo há mais de 50 anos.

Minas da Quinta da Recheira
Minas da Quinta da Recheira, uma viagem no tempo - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

Conhecidas pela Mina do Alemão, as Minas da Recheira, na Covilhã, são um projeto turístico único em Portugal, resultado da recuperação de um antigo complexo mineiro de estanho e volfrâmio, que parou no tempo há mais de 50 anos. Equipados como autênticos mineiros, atravessámos galerias abertas na rocha, percorremos os trilhos originais dos vagões e espreitamos as enormes chaminés de ventilação.

A Quinta da Recheira, pertenceu à família de César Fernandes, que nos anos 40 descobriu por observação direta no terreno a existência de filões de minério de Estanho (Cassiterite) e Volfrâmio (Volframite), já no rescaldo da corrida ao Volfrâmio. Ali perto, na Serra da Argemela, perdidos na memória dos tempos, já romanos e mouros tinham escavado o solo, à procura dos tesouros da terra.

No início dos anos 60 chegaram à Recheira os alemães, Walter e Karl Thobe, que em 26 de abril de 1962, de acordo com a Legislação Mineira, apresentaram um “Manifesto Mineiro” para ficar registado, sob a forma de Certidão emitida pela CM Covilhã, com o registo nº 5/62, a descoberta por simples pesquisa e inspeção da superfície do terreno a existência de minérios de Estanho (Cassiterite) e Volfrâmio (Volframite), no sítio denominado RECHEIRA, freguesia de Barco, Concelho da Covilhã.

As minas foram inauguradas em 1966 e laboraram durante 5 anos, tendo sido encerradas em 1971, ano em que foi declarada a extração de duas toneladas de Estanho. De acordo com o responsável pelas visitas “As Minas da Recheira, fecharam porque a cotação do estanho baixou muito e já não justificava a exploração dos minérios. Os filões ainda hoje brilham, no escuro das rochas da Recheira” refere o eng. Luis Antonio.

Visitados por alunos de escolas e universidades de Portugal, mas também de Espanha, o projeto turístico mineiro da Quinta das Minas da Recheira, único no nosso país, proporciona aos visitantes a observação dos filões de quartzo mineralizados, que ainda hoje brilham no escuro das galerias mineiras, rodeadas de mistérios, e a grandiosidade das enormes chaminés de ventilação.  

Embora o complexo mineiro, tenha sido apenas objeto de algumas intervenções, de forma a assegurar a segurança dos visitantes, podemos encontrar ao ‘virar da esquina’, alguns mineiros (manequins) a desempenhar os vários trabalhos de mineralização, com artefactos da época, inseridos no cenário real. As galerias nº 2 e nº 3 interligam-se e são formadas por uma rede de braços interiores labirínticos, que daria para nos perdermos, se não houvesse um guia turístico, o Eng. Luis António, que acompanha os visitantes e tão bem, sabe prender a atenção dos graúdos, mas principalmente dos miúdos.

A eles, cabe a missão de ajudarem o guia a acender os gasómetros, lanternas usadas pelos mineiros, e também de irem ver se está tudo bem na Batsuite, onde o Batman descansa após andar pelo mundo a combater o crime.

O ex-líbris da visita guiada é o Salão de Eventos Mineiro, a uma profundidade de 50 metros e a 150 metros dentro da Galeria Mineira 3, destinado a eventos polivalentes, numa experiência e ambiente único.

Descobrimos ainda que uma antiga galeria desta mina, tem condições naturais, ideais com a ausência total de iluminação, com uma temperatura e humidade sensivelmente constante, para um método inédito e raro, de Maturação dos “néctares” – Espumantes e Reservas, dentro da “Galeria Mineira de Estágio de Espumantes e Vinhos Almeida Garrett”.

Assim a par da visita turística ao Complexo Mineiro, pode ainda adicionar a este dia uma experiência de Enoturismo, onde poderá fazer uma prova de 3 vinhos.

O empreendimento tem ainda algumas casas que abrigaram os mineiros e que agora recuperadas e inseridas na paisagem, serão no futuro alojamentos para hóspedes. Este projeto vai contemplar ainda piscinas, uma praia fluvial privada, um restaurante e um anfiteatro.

“Este projeto carece de grande investimento e os três investidores (um português, um brasileiro e um alemão) acham que ainda não é altura de avançarem com ele”, avançou Luis António, acrescentando que “o retorno desta primeira fase do projeto, está a ser muito bom.”

A Recheira está inserida numa região, de uma fértil riqueza natural, com uma vasta fauna e flora terrestre e fluvial, biodiversidade e uma paisagem maravilhosa da Serra da Estrela e do corredor ecológico do Vale do Rio Zêzere, um oásis natural pronto a ser explorado!

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