Pelo Douro e Tâmega vivendo mil e uma experiências únicas em terras dos Vinhos Verdes

Foram mil e uma experiências únicas, ligadas aos Vinhos Verdes, às paisagens, à história, ao património e à gastronomia do Douro e Tâmega que tivemos na descoberta deste território, pincelado de verde.

Douro e Tâmega
Pelo Douro e Tâmega vivendo mil e uma experiências únicas em terras dos Vinhos Verdes -©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

A região do Douro e Tâmega, um território pincelado de verde, proporcionou-nos mil e uma experiências únicas, ligadas aos Vinhos Verdes, às paisagens, à história, ao património e à gastronomia. Amarante, Baião, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Marco de Canaveses, Mondim de Basto e Resende, são os sete municípios, que integram a região do Douro e Tâmega, um território abençoado por rios e serras, terra de sabores, de experiências e emoções, de histórias e das pessoas que as protagonizam.

Amarante, Baião, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Marco de Canaveses, Mondim de Basto e Resende são sete os municípios do Douro e Tâmega que se juntaram para capitalizar todo o potencial do Vinho Verde. O resultado será o “Roteiro Enogastronómico Verde Sentido” que juntará um conjunto de experiências turísticas únicas e distintivas, associadas aos Vinhos Verdes e alicerçada nas paisagens, produtos endógenos, gastronomia, tradições e costumes do território.

A proposta que vos deixamos é intimista, daquelas para a qual só se desafiam os bons amigos: Vamos deambular pelo Douro e Tâmega e encontrar uma alma nova, o “Verde Sentido”

De provas de vinhos, a harmonizações e a passeios nas vinhas, tivemos a oportunidade de experimentar uma das muitas propostas turísticas que está a ser criada no âmbito do Roteiro Enogastronómico Verde Sentido. “

Por terem sido uns dias muito intensos, com muitas experiências vivenciadas, que vos queremos dar a conhecer, vamos dividi-los por temas.

Começamos pelas terras por onde passeamos e pelas suas belezas naturais e patrimoniais.

Amarante

Em Amarante, onde o Tâmega percorre um vale pouco profundo com uma paisagem ondulante e colorida e se pode ver ao longe o Monte Farinha mais conhecido por Senhora da Graça, com os seus quase mil metros de altitude, começamos a nossa aventura.

Atravessando a ponte e dominando uma das principais praças do centro histórico, ergue-se a imponente igreja de São Gonçalo, servindo de cartão-de-visita à cidade. Recuperada recentemente, no seu interior encontram-se os restos mortais do Santo casamenteiro amado pelas gentes da terra ao longo dos tempos. Foi ali que, segundo a tradição, São Gonçalo ergueu uma pequena ermida. Posteriormente e por deliberação do Rei João III, a pequena ermida daria lugar a um convento dominicano cujas obras tiveram início em 1543. Mesmo ao lado, na parte que outrora albergava o extinto convento de São Gonçalo, encontra-se o Museu Amadeu Souza-Cardoso, filho da terra e pintor modernista, considerado um dos maiores artistas portugueses do século XX e cujo museu merece uma visita.

Para além da sua história, Amarante é uma referência também pelos seus doces conventuais e produção de vinho verde. Algumas quintas são referências na história, ao longo de várias gerações.

Mondim de Basto

Rumamos a Mondim de Basto, pela Estrada Nacional 304, uma das estradas mais bonitas estradas panorâmicas de Portugal. Pelo caminho encontramos cascatas, miradouros e pitorescas aldeias que complementam a estrada por onde conduzir é um prazer. Respiramos o ar puro da montanha e a cada curva, a nossa vista se deslumbra.

A Cascata de Fisgas do Ermelo é uma das maiores quedas de água de Portugal e uma das maiores da Europa, o desnível desta cascata, apresenta 200 metros de extensão cavados ao longo dos milénios da sua existência pelas águas calmas, mas perseverantes do rio Olo que nasce no Parque Natural do Alvão. Embora este ano, derivado da seca que se faz sentir, as Fisgas de Ermelo, levem menos água, a paisagem não deixa de ser fantástica.

Cabeceiras de Basto

Cabeceiras de Basto é uma bonita vila, situada num vale rodeado por várias serras e abundantes cursos de água, numa zona de grande beleza natural. A vila está situada numa região muitas vezes conhecida por “terras de Basto”, cujo nome estará ligado ao Guerreiro Lusitano “Basto”, figura lendária que ficou célebre nas lutas de resistência às invasões dos Mouros, muito representado em estátuas graníticas de época anterior à de ocupação romana. De facto, esta é uma região com povoamento humano em épocas já anteriores a Cristo, com alguns vestígios castrenses e megalíticos.

A natureza desta região situada entre o verde luxuriante do Minho e a aridez serrana de Trás-os-Montes, é generosa, num local onde a tradição se tem mantido praticamente imaculada. Cabeceiras de Basto reúne, pois, inúmeras condições para a prática das mais variadas atividades, com uma crescente feição turística de qualidade.

De destacar o antigo Mosteiro Beneditino de S. Miguel de Refojos um grandioso e notável monumento nacional, classificado como tal e o mais célebre do concelho. Segundo Frei Geraldo, do seu mais válido “ex-libris”, indiscutivelmente emblemático, cuja fundação vem dos confins da Idade Média e é anterior à própria nacionalidade portuguesa. Os numerosos e abastados doadores fizeram dele um dos mais ricos da Ordem Beneditina em Portugal.

Celorico de Basto

Celorico de Basto, situada junto ao Rio Tâmega, é formada por vales férteis, e localizada num local de grande beleza natural, entre as Serras do Barroso e do Marão e o planalto de Montelongo. Celorico de Basto teve grande importância na época medieval por aqui se situarem pontos estratégicos de defesa da região: os castelos de Celorico de Basto e o de Arnóias.

Celorico de Basto possui um vasto e rico património histórico e artístico, sendo de salientar as inúmeras casas senhoriais e os afamados jardins típicos de Basto, geometricamente concebidos e povoados por exuberantes camélias.

Em Celorico de Basto não há solar, igreja ou jardim público em que as camélias não estejam presentes. A arte de talhar plantas (topiária) transforma as camélias em verdadeiras esculturas verdes, como colunas, arcos, casas de fresco e elementos zoomórficos. É imprescindível conhecer os jardins de Celorico e apreciar o encanto das inúmeras variedades de camélias aqui existentes.

Para os amantes das caminhadas ou das pedaladas, A Ecopista do Tâmega, construída no espaço da desativada linha ferroviária, destina-se à circulação pedonal ou de bicicleta. Trata-se de um percurso suave e acessível para todos, com um declive muito pouco acentuado. De Celorico para Norte, a Ecopista tem uma extensão de 17Km, até à Estação do Arco de Baúlhe, na qual está instalado um núcleo museológico. Um dos trechos mais empolgantes é o que antecede a Ponte de Matamá, em Veade, que oferece uma extraordinária vista sobre o rio Tâmega. De Celorico para Sul, o percurso tem cerca de 22 Km, até à estação de Amarante.

Baião

Nas encostas que ligam o pico do Marão ao rio Douro, marcadas por vales poderosamente cavados, onde serpenteiam algumas linhas de água como as do Ovil, de Valadares, do Zêzere, e do Teixeira, desenha-se um dos concelhos mais verdes da região.

O concelho de Baião apresenta valores patrimoniais notáveis, panoramas surpreendentes, costumes e tradições que enriquecem e particularizam esta zona do país, eternizados em algumas obras de escritores consagrados, com Camilo Castelo Branco, Agustina Bessa-Luís ou Eça de Queirós.

A Fundação Eça de Queiroz, os dólmens da Serra da Aboboreira, o mosteiro de Santo André de Ancede, o vastíssimo património religioso, o artesanato, os pequenos núcleos museológicos e os centros interpretativos são motivos mais que suficientes para visitar Baião.

Um dos seus ex-libris, o mosteiro de Santo André de Ancede, é uma construção românica, primeiro dos Cónegos Regrantes e depois dos dominicanos. Todo o restante conjunto monástico, valioso pelo capital artístico e pela influência local e regional, é obra da Época Moderna, onde se Destacam as intervenções barrocas que revelam um período de revitalização do espaço nos séculos XVII e XVIII.

No adro, a Capela do Senhor do Bom Despacho que retrata um dos períodos mais notáveis do Mosteiro: o século XVIII. Esta capela barroca, de planta octangular, possui uma fascinante narrativa da vida de Cristo.

Resende

A apenas uma hora de distância do Porto, na margem Sul do rio Douro, Resende é uma das portas de entrada no Douro vinhateiro. Nas redondezas, está localizada a Estância Termal de Caldas de Aregos, cujas águas têm excelentes propriedades terapêuticas.

Conhecida pelas deliciosas cerejas e pelas não menos saborosas ‘cavacas de Resende’ esta vila, localizada nas encostas da Serra do Montemuro e situada junto à Barragem do Carrapatelo, oferece belíssimos panoramas sobre o Rio Douro.

Marco de Canaveses

Marco de Canaveses é um destino marcado pela presença dos rios Douro e Tâmega, com uma forte presença na identidade dos costumes e das tradições locais. Para além dos rios, destacam-se ainda as albufeiras artificiais do Carrapatelo e do Torrão, ideais para a prática de desportos náuticos.

Deslumbramo-nos com a arquitetura barroca das igrejas dos mosteiros de Vila Boa do Bispo e de Alpendorada e no palacete inacabado conhecido como Obras do Fidalgo. Na arquitetura contemporânea, destacamos a Igreja de Santa Maria, da autoria do reconhecido arquiteto Álvaro Siza Vieira.

Os amantes da natureza vão encantar-se com as serras da Aboboreira e de Montedeiras, onde se podem fazer longas e refrescantes caminhadas e encontrar importantes vestígios pré-históricos, nomeadamente antas e mamoas.

Para terminar a visita, siga a Rota dos Vinhos do Marco de Canaveses. Pertencendo à Região Demarcada dos Vinhos Verdes, aqui vai encontrar néctares únicos, frescos e aromáticos, reconhecidos a nível nacional e internacional.

Hoje ficamos por aqui. No próximo artigo falar-vos-emos dos ‘Verdes’ os excelentes vinhos produzidos nesta região do Douro e Tâmega e da sua harmonização com as iguarias gastronómicas deste território por onde deambulamos.

aNOTÍCIA.pt