Os desafios e oportunidades da jornada da mulher no seio empresarial foram os temas centrais da iniciativa, que reuniu empresárias nas instalações da UACS, para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
A 1ª edição do Comércio no Feminino organizada pela UACS, juntou mulheres empresárias de relevo nas suas diversas áreas de atividade para refletir sobre os desafios atuais do papel da mulher no setor, através da partilha de experiências.
Sob a moderação de Catarina Rodrigues e Camilo Lourenço, a conversa que assinalou o Dia Internacional da Mulher teve como objetivo trazer para cima da mesa os principais obstáculos para alcançar uma posição de liderança. Durante o almoço foram partilhados exemplos de empoderamento e reflexões sobre a importância de todas as mulheres se sentirem confiantes e serem resilientes, para ultrapassar obstáculos ao longo da carreira profissional.
Para além da participação da Presidente de Direção da UACS, Carla Salsinha, a primeira mulher Presidente da Direção da organização em 152 anos e a primeira mulher a ser eleita como Vice-Presidente da Confederação do Comércio e Serviços em Portugal (CCP), o evento contou com as intervenções de Ângela Barros, que integra a Comissão Executiva do Banco Montepio e o Conselho de Administração mais paritário da banca nacional; Antonieta Achega, gerente da Achega Malhas; Eduarda Abbondanza, Presidente e co-fundadora da Associação ModaLisboa; Justa Nobre, Chef e CEO do Restaurante O Nobre by Justa Nobre e Maria João Bahia, proprietária da joalharia com o mesmo nome.
Na abertura da sessão, Carla Salsinha, enquanto dirigente associativa, referiu que “Atualmente, existe uma dicotomia no papel da mulher no setor associativo, pois se por um lado nós no mundo associativo somos as líderes, somos as que damos a cara, no mundo empresarial patronal é completamente diferente. Hoje, nós, as mulheres não só no mercado de trabalho, mas no que diz respeito às posições de gestão e liderança, cada vez mais assumimos as funções que ao longo de décadas foram consideradas funções masculinas, mas quando passamos do mundo empresarial onde estamos a dominar muitas das áreas para o associativismo empresarial e patronal a disparidade é total, pois a nivel nacional existem entre 600 a 625 associações patronais, dessas associações não há mulheres a dirigirem que preencham as duas mãos. E, por isso, ainda não evoluímos assim tanto neste sentido.”
Enquanto designer e líder empresarial, Antonieta Achega, considera que “As mulheres estão a posicionar-se no mundo empresarial com muita força e que enquanto mulher é fundamental transmitir o que sentimos de alguma forma, seja através da moda, da música, da dança, de todas as áreas, sem preconceitos e com a mente aberta.” Já Maria João Bahia partilhou a sua experiência e os obstáculos que encontrou ao longo do seu percurso profissional e afirmou que “Uma das razões de não ter desistido para além da paixão enorme que tenho, ter confiança, determinada e pensar que vou conseguir ganhar este projeto fez com que não desistisse de criar a minha marca e ser empresária nesta área.”
Eduarda Abbondanza, partilhou que “Na realidade, hoje em dia estou numa posição de liderança, mas o caminho até lá não foi consciente, foi acontecendo. Gosto de trabalhar em equipa o que permite que logo à partida me permita gerir equipas, dar aulas, pois consigo de alguma maneira entender as pessoas que tenho pela frente e perspetivar um caminho possível para esse grupo.”
Sobre o papel da mulher no setor da restauração, Justa Nobre, salientou que “A mulher não quer ser só profissional, porque a cozinha retira muito tempo da vida pessoal, é uma profissão exigente em termos de horário e quando se quer ser mãe e esposa temos de ponderar entre a vida profissional e pessoal, ter ou não família, mas normalmente as mulheres não avançam e deixam a carreira profissional para trás. Num casal quando um tem de ficar em casa, é sempre a mulher que fica, nunca o homem”.
No que diz respeito à área financeira, Ângela Barros, abordou a sua jornada profissional e destacou que “A resiliência que uma mulher tem que ter e, muitas vezes, a auto-confiança com que se apresenta, permite impor, de certa forma, aquilo que é o respeito numa sala quando expomos uma opinião. Há uma subtileza de como as mensagens são percepcionadas, muitas vezes nos meios mais masculinos, porque os pontos de interesse, são distintos dos nossos, e isso pode ser um bloqueio em termos daquilo que é o início de uma relação profissional. As mulheres nas diferentes áreas onde trabalham têm cada vez mais um papel de protagonismo, de motivação em termos daquilo que são as suas equipas e acabam pela primeira vez de pôr os seus interesses e as suas ambições numa tónica positiva focada naquilo que motiva, que apaixona e que efetivamente pode aportar valor para uma sociedade, para uma economia.”
Durante o almoço, Isabel Denascimento, Presidente fundadora da Associação de Mulheres Empresárias de Europa e África, deixou uma mensagem audiovisual aos presentes, realçando as vulnerabilidades sociais e emocionais das mulheres na sociedade e salientou que “É necessário que a nossa sociedade possa dar aberturas, ferramentas para que as mulheres possam celebrar não apenas com fotografias o Dia Internacional da Mulher, que vem reforçar que homens e mulheres têm de caminhar todos juntos na mesma direção, para construir um mundo de equidade.”
Esta foi a 1ª edição do Comércio no Feminino. O objetivo da UACS é fazer com que aconteçam mais eventos desta natureza, não só no Dia Internacional da Mulher, que sirvam para empoderar mais mulheres nas suas respetivas atividades.