A “revolução tecnológica” está a transformar profundamente o setor imobiliário, arquitetura e construção em Portugal, com o BIM no centro dessas mudanças. Embora as novas tecnologias exijam adaptação, elas não limitam, mas ampliam as possibilidades no setor. Ferramentas como o BIM permitem maior precisão, eficiência e sustentabilidade, reduzindo erros e custos. O desafio está na adoção e capacitação.
O BIM (Building Information Modeling) é uma metodologia que utiliza modelos digitais 3D para planejar, projetar, construir e gerenciar edifícios e infraestruturas. Ele integra informações geométricas, funcionais e de ciclo de vida em um único modelo, facilitando colaboração, eficiência e tomada de decisões ao longo do projeto. Um dos maiores desafios atualmente é formar profissionais aptos a trabalhar com BIM, o que exige não apenas conhecimentos técnicos, mas também integração de competências multidisciplinares.
Mariana Morgado Pedroso, CEO da Architect Your Home, destacou que as novas tecnologias representam um grande avanço para o imobiliário, nomeadamente em Portugal, permitindo visualizar empreendimentos e atrair compradores. No entanto, apontou desafios na conexão entre arquitetos e imobiliárias, devido à complexidade envolvida, apesar do progresso significativo.
Por sua vez, Nuno Malheiro da Silva, CEO da Focus Group, afirmou que o BIM altera a conceção tradicional, focando na criação de modelos 3D com atributos específicos, em vez de desenhos. Destacou também o potencial da pré-fabricação para resolver problemas, acelerar processos e atrair novos profissionais para a construção.
José Rui Meneses e Castro, Co-CEO e fundador do MAP Group, destacou que o principal desafio para os arquitetos ao utilizar o BIM é equilibrar a eficiência e a redução de erros, prazos e custos com a manutenção da inteligência criativa. Ele vê o BIM como uma ferramenta crucial em todas as fases de um projeto, desde a conceção até a utilização do edifício, pois permite coletar dados importantes para monitoramento e intervenções futuras, resultando em projetos mais eficientes e de maior qualidade.
Nesta linha, Ricardo Sousa, Administrador e Diretor-Executivo da Marca CENTURY 21 em Portugal e Espanha, salientou que “A tecnologia não pode pôr em causa dois princípios importantes: éticos e autenticidade”. enfatizando a necessidade de discutir eficazmente tanto o que é a tecnologia quanto suas aplicações, sublinhando que a tecnologia deve ser vista como uma ferramenta, não como um objetivo em si.
Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, destacou a importância da inteligência artificial, como o ChatGPT, em diversas áreas. Ele defende que a tecnologia deve complementar os profissionais, como arquitetos, em vez de substituí-los. Ferreira acredita que o verdadeiro obstáculo para um melhor desenvolvimento de projetos arquitetónicos é a redução do tempo disponível para licenciamento, não a tecnologia em si.
João Sousa, CEO do JPS Group, afirmou que o Building Information Modeling (BIM) ainda não é amplamente utilizado em Portugal, mas é essencial devido às suas vantagens na conceção, manutenção e controle de custos e prazos. João Sousa destacou ainda a importância de conciliar criatividade, ética e tecnologia, uma vez que outros países já utilizam o BIM de forma integral.
André Casaca, Consultor e Promotor Imobiliário, em Portugal, concorda que o BIM pode ser uma ferramenta valiosa ao longo de todo o ciclo de vida do edifício, não se limitando apenas ao design e planejamento, mas também na utilização e reconstrução a longo prazo. No entanto, apontou o facto de que ainda há barreiras a serem superadas, principalmente devido ao alto custo de implementação da tecnologia.
Bruno Coelho, Professor na ESAI e administrador do Doutor Finanças, destacou a importância de se adaptar à tecnologia na educação e formação do setor, enfatizando que a inteligência artificial não substituirá os profissionais, mas sim aqueles que souberem utilizá-la. Por sua vez, Gustavo Garrido, Presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura de São Paulo, mencionou o avanço do BIM no Brasil, especialmente na última década, associando-o à eficiência na construção civil. Ele apontou que a inteligência artificial está se tornando crucial em grandes empreendimentos, facilitando tarefas repetitivas e melhorando análises de dados. No entanto, Garrido também mencionou desafios como a qualificação da mão de obra, acessibilidade às tecnologias e a integração entre setores.
Já, Miriam Addor, Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura e fundadora do Escritório Addor e Associados, destacou que o uso do BIM tem crescido significativamente no mercado imobiliário, especialmente entre grandes construtoras. Ela acredita que, nos próximos cinco anos, haverá uma grande evolução do BIM nos países de língua portuguesa, impulsionada pela inclusão do idioma no Chapters Building Smart.
Esta foi a última conferência do ciclo de conferências que assinalam o 11º aniversário do Diário Imobiliário, que terá lugar no novo espaço da Technal, que irá transformar-se numa sala de debate para receber os novos rostos do imobiliário sob a moderação de Fernanda Pedro, Diretora-Geral do Diário Imobiliário.