Teatro da Trindade acolhe “O mundo à minha procura” – A entrevista


A 129ª criação do Teatro do Noroeste – CDV, baseada na obra do autor português Rúben A., pseudónimo literário de Rúben Andresen Leitão, “O Mundo À Minha Procura”, vai estar no Teatro da Trindade, em Lisboa, até amanhã, dia 30 de outubro.

O espetáculo partiu de um desafio lançado por José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, que, numa reunião com a companhia, perguntou se alguém conhecia o autor. Perante as respostas negativas, foi dado o mote para essa descoberta, como explica Elisabete Pinto:

“O Ricardo, enquanto diretor artístico, começou a ler e pesquisar Rúben A. e viu que tínhamos teatro! É aqui que surge a grande surpresa porque começámos por fazer os ensaios do teatro do autor quando nos surge à frente a obra autobiográfica. Ao lermos a autobiografia, achámos que era tão interessante porque era, não apenas sobre ele, mas também sobre aquilo que ele tinha feito e como via o Portugal de então, dos anos 50. É assim que surge a peça “O mundo à minha procura”.”, revela a atriz.

Apesar da proposta apresentada no Teatro da Trindade não ser igual à inicial, na qual os espetadores subiam ao palco, o objetivo é o mesmo: pôr os espetadores também à procura de Rúben A. :

“Achámos tão fascinantes as palavras do Rúben A. naqueles ensaios que tínhamos, de estar a ler uns para os outros, que, no fundo, o que estamos a fazer é reproduzir o nosso período de ensaios para o palco. O espetador vai à procura do autor tal como nós também fomos.”, esclarece Elisabete.

E como vai o espetador partir nessa demanda por Rúben A.?

“Têm contacto com os livros e acompanham as palavras de Rúben A., assim como têm um suporte audiovisual. No final, esperamos, que o espetador tenha a vontade e necessidade de continuar essa procura e adquira uma obra do autor, como aconteceu em Viana.”, declara Ana Perfeito, também atriz da companhia.

Ao longo da peça vão sendo desvendadas várias curiosidades sobre o autor, nascido em Lisboa e falecido em Londres, como a própria casa dele, perto da praia do Carreço, em Viana, e que também foi uma fonte de inspiração para o Teatro do Noroeste – CDV por ser altamente vanguardista para a época e cujo interior puderam conhecer:

“Conseguimos conhecer a casa por dentro, autorizados pelo filho, que, gentilmente, também nos cedeu para o espetáculo a máquina de escrever que Rúben usava e uma máquina de costura que ele adaptava como mesa de apoio”, diz Ana.

Na estreia da peça, a 7 de outubro, em Viana do Castelo, estiveram presentes os quatros filhos do escritor que ” mostraram uma gratidão enorme, não só pelo espetáculo, mas por darmos a conhecer Rúben A. desta forma porque ele era um amante do teatro e, por isso, esta seria a melhor homenagem”.

“O Mundo À Minha Procura” sobe pela última vez ao palco do Teatro da Trindade amanhã, pelas 18 horas, sendo que, no final haverá lugar a troca de ideias sobre o autor com a investigadora Dália Dias.