Verão na montanha: o tónico da juventude
Após um desaparecimento esporádico, vítima de trabalho intenso, mas prazeroso (como deviam ser todos os trabalhos), decidi que tinha de continuar a honrar a Serra da Estrela. Os meus convidados não resistiram ao meu apelo de rumarmos a algo diferente, rico em paisagens naturais e rurais que se fundem num cenário que nos torna ébrios de tanta cor, luz e beleza. A estrada sinuosa, entre vales profundos confere toda uma sensação de descoberta.
A Aldeia Natal
A aldeia marcada pelo xisto escoa num promontório, marcando a sua posição altiva, distintiva e que se enquadra perfeitamente no seu nome: Cabeça, a aldeia Natal. A paragem, a visita, a confraternização com as suas gentes é obrigatório. As suas ruelas que se estendem a partir da sua singela igreja, estabelecem encruzilhadas, onde dizer “bom dia” é feito com naturalidade e alegria, tal a forma como os seus habitantes nos recebem. De uma simplicidade tão natural e sem fim, a sua simpatia é tanta que se confunde com o tamanho desta montanha.
De Rei, tem tudo
Um lugar diminuto, mas com uma alma de gigante. Um jogo da Lego de mil peças, que aqui foram jogadas entre elas com mestria, criando Casal do Rei. As casas encimadas pela encosta, circundadas pelos terrenos agrícolas fazem-nos já sonhar como encaixaram as ‘peças’, e mais convencidos disso ficamos pela forma tão pitoresca das paisagens rurais, à medida que descemos até à ribeira. Aqui espera-nos um lagar intocável, imutável que milhentas histórias tem para contar. Estamos todos dispostos a escutar.
Na margem contrária, imóveis, deparamo-nos com os últimos redutos dos azereirais, árvore relíquia que aqui reina e ainda estabelece o seu território. De folhas luzidias, verde intenso, conta-nos um pouco da primitiva floresta Laurissilva quando o clima no sul da Europaera mais quente e húmido. Nestes enclaves profundos, quase numa mentalidade de “contra tudo, contra todos”, encontraram a proteção que lhes permitiu resistir às últimas glaciações e sobreviver até aos nossos dias.
Tónico de juventude
Após passarmos por Vide, o lugar da Barriosa acena, pois tem no seu ventre o elixir da juventude. Por estas rochas batidas por milhões de anos, a água escoa livremente, algo trémula pela escassez da mesma. Mas apesar do estio, ela brilha, a sua transparência confunde-se com o céu azul e convida-nos a um mergulho, uma imersão num novo mundo, cheio de vida fluvial.
É gaudio para o ser humano, que aqui estimula e molda os seus corpos nesta piscina natural de água fresca e retemperadora. E sabem que mais? E aqui entre nós: também não resistimos e simplesmente deixámo-nos levar pela atração deste lugar. Mais um que este território, entre serras e vales, possui a cada metro que se percorre…
Nota importante: Em alguns dos locais mencionadas aconselha-se a visita com acompanhamento de guia.
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