Lisboa é para quem? O problema da habitação na capital em debate

A conferência "Lisboa é para quem?", reuniu especialistas do mercado imobiliário para debater os desafios da habitação na capital

Lisboa é para quem
Lisboa é para quem? O problema da habitação na capital em debate - ®DR

Instabilidade legislativa, dificuldades no processo de licenciamento em Portugal e no acesso à mobilidade, a redução do IVA na construção, a necessidade de um maior formalismo do mercado de arrendamento e salários que não acompanham o valor habitacional foram os principais problemas debatidos no painel da conferencia “Lisboa é para quem?”.

A conferência “Lisboa é para quem?”, realizada na terça-feira, dia 17, na Sociedade de Geografia de Lisboa, reuniu especialistas do mercado imobiliário para debater os desafios da habitação na capital. O foco do encontro foi encontrar soluções inovadoras para tornar o mercado habitacional, mais acessível através da tecnologia e da inovação em todos os seus segmentos.

Sob a moderação da Diretora-Geral do Diário Imobiliário, Fernanda Pedro, o debate reuniu um painel de especialistas de renome: José Cardoso Botelho (CEO da Vanguard Signature e Vanguard Properties Portugal), Hugo Santos Ferreira (Presidente Executivo da APPII), Eduardo Miranda (Presidente da ALEP) e Ricardo Sousa (Administrador e Diretor-Executivo da Marca CENTURY 21 em Portugal e Espanha).

A conferência sobre os desafios da habitação em Lisboa teve início com a intervenção de Ricardo Sousa, Administrador e Diretor-Executivo da Marca CENTURY 21 em Portugal e Espanha. Ricardo Sousa observou que “Passados 10 anos, a nossa cidade mudou de escala. Deixa de ser uma cidade que compete em Portugal, para ser uma cidade que compete a nível mundial. Para competir a nível mundial temos de deixar muito claro onde é que vamos investir, quem é que estamos a atrair. Hoje assistimos a um movimento das pessoas que vivem em Lisboa, principalmente os mais jovens, que começam a procurar casas fora da cidade.”

Também, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Signature e Vanguard Properties Portugal, partilhou uma visão semelhante, salientando que “Lisboa perdeu um terço da população em 40 anos. As dificuldades no processo de licenciamento em Portugal são um problema para os investidores. O maior problema de Lisboa é o péssimo investimento nos transportes públicos e os custos da construção hoje são incompatíveis com o poder de compra dos portugueses.”

Já, na ótica dos promotores imobiliários, Hugo Santos Ferreira, Presidente Executivo da APPII, alertou para a atratividade do país relativamente aos investidores estrangeiros,  “Portugal é uma escolha evidente por questão da segurança, a nossa justiça não funciona, o nosso regime laboral é terrível para as empresas, os nossos programas de investimento e se continuamos neste caminho não seremos tão atrativos nestas matérias.” Referiu ainda que, “Somos um país que começa a ser uma verdadeira capital europeia e acho que nesta última década, com todos estes senãos, o país também muito alavancado pela globalização, internacionalização, também por estes estrangeiros que têm ajudado Portugal a vir para cima, tornou a cidade mais competitiva e o país cresceu nos últimos anos.”

Sobre o impacto do alojamento local, em Portugal,Eduardo Miranda, Presidente da Associação de Alojamento Local em Portugal (ALEP)colocou em perspetiva o crescimento dos custos da reabilitação e a necessidade de criar confiança e estabilidade aos investidores, sublinhando que “Precisamos de estabilidade, regras claras e com regulamentação e políticas bem feitas, é possível impulsionar o alojamento local. O alojamento local veio colocar casas que iam ficar fechadas, ao serviço da economia, transformando-se em emprego.”

A tendência de informalidade do mercado de arrendamento em Portugal é uma realidade e Ricardo Sousa, Administrador e Diretor-Executivo da Marca CENTURY 21 em Portugal e Espanha, referiu que “Não temos um mercado de arrendamento primeiro porque na há oferta e porque é um mercado com pouca transparência e quando houver uma oferta mais formal, maior formalismo vamos ter mais pessoas a arrendar. Não faz sentido uma pessoa com menos de 40 anos, que não sabe se vai ter filhos, estar a comprar uma casa. Nós temos de dar essa opção e hoje não existe essa opção pela instabilidade legislativa, estamos permanentemente a alterar as regras, não há perspetiva de futuro e os grandes empresários que podem fazer a diferença dizem não vou investir.”

As novas tecnologias estão a revolucionar o mercado imobiliário e Hugo Santos Ferreira, colocou em perspetiva que podem vir a ser a solução para os crescentes desafios do setor, sublinhando que “Temos de ser todos criativos e inventivos e trazer, realmente, estas novas tecnologias, estas novas possibilidades, novos investidores, é esse o caminho. Utilizar as novas tecnologias nos vários segmentos, financeiro, arquitetónico, construtivo pode ser uma boa forma para resolver o problema da habitação. Acho que este é o caminho e que não pode ser do futuro, tem de ser já e todos devemos lutar por isso.”

A última conferência deste ciclo do Diário Imobiliário, denominada “No Filters”, terá lugar no dia 12 de novembro, no Prior Velho.

Esta é uma iniciativa do Diário Imobiliário e conta com o apoio institucional da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários – APPII, da Escola Superior de Atividades Imobiliárias – ESAI e da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas -AICCOPN e com o patrocínio da Century 21 Portugal, da TECHNAL e da Associação Portuguesa do Alumínio (APAL). A conferência conta com a comunicação da agência Green Media.

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