Luís Cília: O percurso do músico e compositor no livro de Octávio Fonseca

Se há um músico e compositor, de música popular portuguesa do século XX que merece maior reconhecimento, esse é, sem dúvida, Luís Cília.

Luís Cília
Luís Cília: O percurso do músico e compositor no livro de Octávio Fonseca - ®DR

Octávio Fonseca, reconhecido autor e especialista em música portuguesa, especialmente na obra de figuras icônicas como José Afonso, José Mário Branco e Carlos Paredes, decidiu dedicar-se à narrativa da trajetória de Luís Cília, um dos pilares da música de intervenção em Portugal. Este músico e compositor, ao lado de seus colegas José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, desempenhou um papel fundamental na introdução e popularização da balada de conteúdo político antifascista.

O seu trabalho artístico não apenas refletiu as tensões sociais e políticas da época, mas também se tornou um veículo poderoso de resistência e mudança, servindo como uma forma de protesto contra a opressão do regime do Estado Novo. Através de suas letras, que abordavam temas como a liberdade, a justiça social e a luta contra a ditadura, Luís Cília, conquistou o coração de muitos, criando uma ligação profunda entre a música e a cidadania.

A obra sobre Luís Cília, que será apresentada hoje, dia 26 de novembro, pelas 18h30 , no Auditório da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, é uma análise meticulosa da sua trajetória musical, abordando não apenas a discografia, mas também o contexto em que os seus trabalhos foram lançados. A escolha de uma linha cronológica para narrar a sua vida artística permite ao leitor acompanhar a evolução do artista de forma coesa, entendendo como cada disco se insere na sua história pessoal e no panorama musical da época.

Dividir a narrativa pelos locais onde o músico viveu, oferece uma compreensão mais profunda de como diferentes ambientes culturais e sociais influenciaram a sua música e identidade artística. Cada capítulo, ao focar nos discos e eventos relevantes, permite uma análise detalhada não apenas da obra, mas também das experiências que moldaram o artista.

O livro apresenta também importantes depoimentos de figuras relevantes da cultura portuguesa e internacional, como Rui Pato, Jorge Sampaio, José Mário Branco, Sílvio Rodriguez, Manuel Alegre, Paco Ibañez, ou José Saramago.

Esta edição inclui ainda 11 CD, dos quais 10 com a discografia completa de Luís Cília, e um CD extra com os temas de bandas sonoras, compostas pelo músico entre 1967 e 2022.

Sobre Luís Cília

Luís Cília é um cantor de intervenção que, no exílio em França, denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em  Portugal.
Em 1959 veio de Angola para Portugal, para prosseguir os estudos. Em 1962 conheceu o poeta Daniel Filipe que o incentivou a musicar poesia. Datam desse ano as suas primeiras experiências nesse campo (“Meu país” ou “O menino negro não entrou na roda”), mais tarde incluídos no seu primeiro disco, gravado em França, para a editora Le Chant du Monde. Em abril de 1964 partiu para Paris, onde viveu até 1974.
Em França estudou guitarra clássica e composição. Entre 1964 e 1974 realizou recitais em quase todos os países da Europa.

Após o seu regresso a Portugal, continuou a gravar discos, como compositor e intérprete, e a realizar recitais. Como intérprete, gravou dezoito álbuns, alguns dos quais dedicados a poetas, como Eugénio de Andrade, Jorge de Sena ou David Mourão-Ferreira. Nos últimos anos tem-se dedicado apenas à composição, nomeadamente para Teatro, Bailado e Cinema. A 9 de junho de 1994, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade.

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