O Festival Bons Sons e a Aldeia de Cem Soldos, não desiludem


Na 8ª edição deste festival muito sui generis, que nos dias 11,12 e 13 de Agosto, encerra a Aldeia de Cem Soldos, são instalados nas suas ruas, praças, largos e igreja 8 palcos, onde é apresentado o que de melhor se faz de música em Portugal.

Em Cem Soldos, são os habitantes que acolhem os visitantes, numa partilha especial entre quem recebe e quem visita, proporcionando a vivência ímpar de um evento musical.

Organizado pela associação cultural local SCOCS, o BONS SONS pretende ser um festival de divulgação de música portuguesa, onde se descobrem projetos emergentes e se reencontram músicos consagrados. Uma seleção criteriosa do programa, distingue o BONS SONS, como um dos festivais mais “out” do nosso panorama musical.

Para alem disso, o BONS SONS, tem como principal meta o desenvolvimento local através da fixação dos mais jovens e da potenciação da economia local.

Logo no primeiro dia (11), a aldeia abriu as suas portas com a feira de novo artesanato e com as simpáticas Tixas, que nasceram de um projeto de intercâmbio cultural que une gerações. 

As Tixas, a mascote do BONS SONS é símbolo da dinâmica da aldeia, que a enche de cor. A sua manufatura une diferentes gerações, fortalece laços, potencia a criatividade e assegura a continuidade do saber-fazer tradicional. É no âmbito do projeto Avós & Netos que nascem as Tixas, de várias cores, formas e tamanhos, depois adaptadas a porta-chaves, pregadeiras ou ganchos, levando a todo o lado a mensagem do festival.

Na igreja de S. Sebastião, arrancaram os Band’Olim, que tocaram originais com raízes na tradição musical portuguesa, folk e clássica seguidos dos SingularLugar, um duo com sotaque lusófono que cria pontes entre o popular e que incluem no reportório composições originais, para além de temas tradicionais e canções de Fausto e José Afonso.

No Palco Giacometti, escutamos os Whales, uma das mais recentes revelações da nova musica, vencedores da edição 2016 do Festival Termómetro e no adro da Igreja,  Manuel Fúria, acompanhado pelos Náufragos, apresentou o seu projeto a solo onde mantém o cruzamento pródigo entre o rock e a música tradicional portuguesa, que já havia ensaiado no seu projeto coletivo Os Golpes.

 

Surma, a one-woman-band, presenteou-nos com sons que oscilaram entre o jazz e o post-rock, a pintar-nos paisagens desconhecidas. Com o cair da noite foi a vez dos Holy Nothing, inaugurarem o Palco Lopes Graça, com projeções com sintetizadores, palavras com imagens e música com cinema.

A percorrer o vão entre o rock’n’roll e o garage-rock com pinceladas indie dos 80s, o quarteto barcelense Glockenwise inflamou o Palco Eira.

Os Virgem Suta no Palco Central, assumiram e transpiraram a sua portugalidade. Tocaram guitarras, adufe e cavaquinho, porque isso lhes é natural e juntaram uma letra mordaz que contribuiu para pôr toda a plateia a dançar e fizeram com que alguns mais atrevidos saltassem para o palco.

No Palco Eira estiveram os Capitão Fausto, que entre o rock e a pop, têm-se vindo a afirmar na cena musical portuguesa com crescente maturidade e inspiração.

Um festival numa aldeia tinha de ter obrigatoriamente pista de dança e a noite começou com a batida balançante de Thunder & Co., uma referência nos valores emergentes da música portuguesa. A fechar a noite, Groove Salvation trouxe as suas remixagens com sons house, deep house e tech house.

 

Além do cartaz musical, no Auditório (espaço das artes performáticas em parceria com a Materiais Diversos) pudemos assistir a um debate, moderado por Ana Jezabel e António Torre, sobre o próprio corpo, sobre as suas características, sobre a personalidade que o veste, aspetos para esquecer, ocultar, e que, contudo, perduram e emergem incontrolavelmente.

Chegar a Cem Soldos é tão fácil que, vale a pena dar uma escapadela de fim-de-semana. O Festival Bons Sons e a Aldeia de Cem Soldos, não desilude. Prometeu e cumpre apresentar, só o melhor programa cultural do país, pensado para toda a família. Música para crianças, para adolescentes rebeldes, para jovens com sangue na guelra, para trintões ecológicos, para quarentões baladeiros, para adultos eruditos, para velhos gaiteiros e para quem não tem idade para se divertir e fazer novos amigo