Rock in Rio, dia 18: O encontro de várias gerações do Rock no festival do Parque da Bela Vista terminou ao som dos Muse

O primeiro dia do Rock in Rio contou com Xutos, The National e Muse. O aNOTÍCIA.pt marcou presença.

Muse no Rock In Rio
Rock in Rio, dia 18: O encontro de várias gerações do Rock no festival do Parque da Bela Vista terminou ao som dos Muse - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

Após percalços e sobressaltos, a 9ª edição do festival Rock In Rio aguentou dois cancelamentos, devido à situação pandémica, e arrancou este sábado, dia 18, com atuações de grandes veteranos do Rock cabendo aos Muse encerrar o dia. Os primeiros a pisar o Palco Mundo foram os Xuto & Pontapés, que regressaram mais uma vez ao Parque da Bela Vista. A icónica banda portuguesa, que têm participado em todas as edições, fez a festa com alguns dos maiores êxitos da sua vasta carreira.

Com Zé Pedro sempre presente, em espírito e também na t-shirt envergada por Tim, os Xutos & Pontapés deram início ao concerto com ‘Fim de Semana’, tema de 2004, letra que reflete estes tempos difíceis que nos afastaram de tantos pequenos grandes prazeres. Seguiu-se ‘Voo das Águias’, ‘Cerco’ e ‘Negras como a Noite’.

A fantástica alameda do Parque da Belavista, ia-se enchendo para ouvir os mais emblemáticos temas dos Xutos.  Tim começa com ‘Homem do Leme’ (tocada nas versões acústica e elétrica), ‘Circo de Feras’, ‘Ai Se Ele Cai’, e ‘Para ti Maria’.  O último tema, antes do encore, ‘de Bragança a Lisboa’, trouxe Kalú ao meio do público, para presentear os fãs com algumas baquetas. 

Em uníssono pedia-se ‘mais uma’! E foi ‘A Minha Casinha’ o tema que arrebatou a multidão e tornou o final do concerto dos Xutos, no Rock in Rio 2022, completamente apoteótico.

Por volta das 19 horas, ao tomar os primeiros passos no festival, Liam Gallagher perguntou aos fãs portugueses: “O que estão a dizer? Fizemos algo para vos chatear?” Num tom pungente no qual se ressalva o humor britânico, uma das principais figuras dos emblemáticos Oasis trocava galhardetes inocentes com o público, sem descartar o irrefutável apoio a Manchester e o amor templário pelo rock n’ roll.

Gallagher passou por Portugal para apresentar um reportório carregado de nostalgia dos tempos dourados do britpop sem esquecer os três álbuns de estúdio que desde 2007 tem editado a solo – o mais recente, C’mon You Know, com menos de um mês de vida. Quer seja sozinho ou acompanhado pela banda, a postura manteve-se intacta: grandes sobretudos que definiam a silhueta, óculos escuros monocromáticos e a mesma posição ligeiramente inclinada cada vez que se dirigia ao microfone.

O cantor nem sempre se fez entender, mas a música falou por si: para os fãs fiéis de Oasis houve claramente uma corrida por temas como ‘Rock N’ Roll Star’, ‘Roll It Over’ e ‘Hello’; para os fãs menos resistentes, ‘Everything’s Electric’ e ‘More Power’, acompanhados por um belíssimo coro gospel, tiveram à sua mercê a tarde soalheira que conseguiu escorraçar algumas nuvens que se viam à mira. Por fim, e para a satisfação de todos, “Wonderwall” ouviu-se em todos os recantos do Parque da Bela Vista. Gallagher ainda tentou adaptar a letra a um contexto para que todos percebessem – “há tantas coisas que gostaria de dizer, mas eu não falo português”, disse –, mas poucas palavras bastaram para passar a mensagem.

Com o jantar praticamente tomado e com o sol prestes a dizer adeus, os The National subiram ao palco por volta das 21 horas. Sem trabalhos novos – à exceção de “Tropic Morning News (Haversham)”, um tema praticamente desconhecido e fora do catálogo oficial da banda – fizeram com que a 18ª passagem por Portugal se baseasse nos grandes temas. E assim começara a noite: “Don’t Swallow The Cap” deu o pontapé de saída, seguido por “Mistaken For Strangers” e “Bloodbuzz Ohio”. A nostalgia Indie Rock foi conseguida devido ao trabalho da guitarra cristalino dos irmãos Dessnner, que, há quase duas décadas, se alia à voz sofrida e melancólica de Matt Berninger.

A festa demorou a arrancar, pois a doce ‘I Need My Girl’ ou a sublime ‘This Is The Last Time’ não proporcionaram grandes momentos prontos para festivais. No entanto, ‘Day I Die’, ‘The System Only Dreams In Total Darkness’ e, lá mais para o fim, ‘Mr. November’ conquistaram as emoções do público e até serviram de pretexto para mergulhos entre os fãs por parte de Berninger.

 “Obrigado por terem ficado connosco apesar da chuva”, agradeceu o vocalista dos Muse, no final do concerto de encerramento do primeiro dia do Rock In Rio, momentos antes de o céu da Bela Vista se iluminar com o fogo de artifício.

A banda de Matt Bellamy e o seu grito de revolta, “They will not control us. We will be victorious”, fechou em grande o primeiro dia do regresso do festival, com dezenas de milhares de pessoas que assistiram ao concerto dos britânicos, este sábado, no Palco Mundo do Rock In Rio a cantarem o refrão de ‘Uprising’ a plenos pulmões, debaixo de uma chuva que teimou em cair.

A chuva não conseguiu desmobilizar a legião de fãs que se ia deliciando com ‘Won’t Stand Down’, música que trouxe o primeiro momento de fogo a sair do palco. ‘Compliance’ e ‘Madness’ puseram o recinto inteiro de braços no ar a abanar, antes de ‘Starlight’, que levou Bellamy a descer do palco e saudar o público bem de perto e a apelar “canta, Portugal”.

‘Starlight’, serviria de “até já”, para um encore fenomenal. Após alguns instantes, durante os quais ninguém arredou pé, os Muse voltaram ao Palco Mundo do Rock In Rio para interpretar ‘Kill or Be Killed’ e, claro, o habitual efervescente ponto final, ‘Knights of Cydonia’. A letra nos ecrãs gigantes ajudou até os fãs mais distraídos a acompanhar Bellamy numa música que começara com a harmónica de Wholstenholme e terminaria com o fogo de artifício a iluminar o céu da Bela Vista.

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