Em deambulação por terras da Beira Interior, Proença-a-Nova e Vila Velha de Rodão, foram alguns dos municípios que visitámos e nos encantaram.
Muito há para ver, nos caminhos que unem, Proença-a-Nova e Vila Velha de Rodão. Estes territórios, que nos levam de descoberta em descoberta, reúnem história, tradição, hospitalidade, boa gastronomia e paisagens únicas.
Para conhecermos as Portas de Ródão um magnifico Monumento Natural, apanhámos o barco no cais de Vila Velha de Ródão, que nos levou pelo rio e que nos permitiu observar muitas aves singulares que fazem deste lugar a sua casa.
Aqui reside a maior colónia de grifos do país, para além de muitas outras raridades, como o abutre-do-Egipto e o ameaçado abutre-preto, a maior ave planadora de Portugal e uma das maiores do mundo, que pode atingir até três metros de envergadura, a cegonha-negra e a majestosa águia-imperial.
A bordo, foi-nos serviço o almoço, composto por pratos elaborados com conservas de peixes do rio, harmonizados com vinhos da Beira Interior Sul. Como entrada saboreamos presunto e azeitonas locais e patê de peixe do rio. Sopa de peixe, Achigã á Braz, Carpa Fumada e Caldeta de Barbo, compuseram uma refeição singular, mas muito saborosa.
De volta ao cais, rumámos à Serra das Talhadas, em Proença-a-Nova. No cimo, a torre de estrutura metálica obra do Arquiteto Siza Vieira, com 16 metros de altura, olha sobranceira sobre a paisagem magnífica que se estende a seus pés. Para os que se atrevem a subir ao topo da torre, uma vista de 360°, abrange várias povoações. Em dias de céu limpo, os olhos alcançam Castelo Branco.
Este é o local indicado para os mais aventureiros. A partir daqui poder-se-á partir à descoberta da Via Ferrata, a mais extensa de Portugal, com cerca de 2.190 metros. Há também trilhos de enduro BTT e uma rampa para auxílio à prática de desportos como parapente. Para quem quiser experimentar, há algumas empresas em Proença-a-Nova dedicadas a esta atividade e também à prática de escalada.
Com os olhos ainda cheios das cores com que que o pôr do sol, foi pintando a paisagem, seguimos para Figueira, uma aldeia de xisto. Esta aldeia é mesmo uma “aldeia”: as galinhas nos poleiros, as cabras de olhos meigos, mas desconfiados, a carroça ainda com o feno, a horta mesmo à mão de semear e o forno comunitário ainda exala o quente aroma do pão acabado de cozer. Pão que comemos ao jantar na Casa da Ti Augusta.
O restaurante Casa da Ti Augusta, na aldeia de Figueira, funciona num antigo edifício recuperado e pretende preservar e divulgar os sabores da região. Elegante e tradicional, funciona apenas aos fins de semana a partir de sexta-feira, sendo que ao jantar de domingo e durante a semana é possível fazer ali uma refeição, desde que marcada com antecedência. Da ementa, provámos o ‘afogado da boda’, um guisado de cabra, utilizado nas festas de casamento dos locais, o maranho e o plangaio, um enchido da zona, com recheio de massa de farinheira e ossos do espinhaço. Para sobremesa, a deliciosa ‘Tigelada’ confecionada, com leite, ovos e mel.
O Ti Augusta mantém a aposta na preservação dos hábitos e tradições da Figueira, vincando os sabores e transformando um simples prato num verdadeiro manjar.
O dia terminou com este maravilhoso repasto. No caminho para o local onde pernoitamos, fomos acompanhados por um céu repleto de estrelas, que nos deu tranquilidade para uma boa noite de descanso. A sensação é única e indescritível tal como a vontade que sentimos de continuar à descoberta por estas terras da Beira Interior.
Artigos relacionados: