
Pedro Nuno Santos foi o primeiro líder partidário a marcar presença no ciclo de almoços organizado pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que arrancou hoje em Lisboa com o objetivo de ouvir os principais candidatos a primeiro-ministro antes das legislativas de 18 de maio. O secretário-geral do Partido Socialista (PS) aproveitou a ocasião para reforçar o papel estratégico do setor do turismo na economia nacional e renovar o compromisso do seu partido com a área.
“O turismo é extraordinariamente importante para a nossa estabilidade macroeconómica”, afirmou Pedro Nuno Santos, destacando o impacto do setor em várias dimensões da sociedade — desde o emprego à valorização do território, da cultura e do património. O líder socialista lembrou ainda que, “com todos os defeitos que possam ter tido, provavelmente foi nos governos do PS que o turismo mais se desenvolveu”.
Perante uma plateia composta por empresários e representantes do setor, Pedro Nuno Santos defendeu uma atuação mais eficaz do Estado como parceiro do setor privado. “Temos de perceber onde o Estado está a falhar, onde atrasa, onde complica — e resolver. O Estado não pode ser um empecilho, tem de ser parte da solução”, sublinhou.
Um dos pontos que o líder do PS destacou como prioritário foi a gestão dos recursos humanos. Reconhecendo que o tema da imigração continua a ser sensível na opinião pública, defendeu que é essencial encontrar um equilíbrio que permita responder às necessidades do setor. E deixou uma ideia clara: “Temos de trabalhar juntos para criar condições que façam com que quem nos visita fique mais tempo em Portugal.”
Francisco Calheiros, presidente da CTP, lançou cinco temas principais para debate: aeroporto, TAP, ferrovia, legislação laboral e governança. No tema da ferrovia, Pedro Nuno Santos não hesitou: “É um meio de transporte do futuro, e também uma oportunidade turística. Se funcionar bem, permite alargar o espaço de visita a todo o território.”
Já sobre o novo aeroporto de Lisboa, o secretário-geral do PS considerou que a solução de avançar com Montijo como etapa intermédia até Alcochete estar pronto “não é recuperável”. Ainda assim, apontou que, se a decisão anterior tivesse sido concretizada, “em 2025 estaríamos a receber mais aviões e mais passageiros”. E deixou uma crítica direta à concessionária: “A ANA tem de se despachar. Não pode explorar os prazos contratuais até ao limite.”
Francisco Calheiros, por seu lado, elogiou precisamente essa antiga decisão de Pedro Nuno Santos, considerando-a “a correta”, e mostrou-se cético quanto à rapidez de execução de uma nova infraestrutura: “Não acredito num novo aeroporto em menos de 12 anos”, afirmou, lamentando que, com o atual aeroporto saturado, “estejamos parados a ver o turismo crescer sem resposta”.
A TAP também esteve em cima da mesa, com o presidente da CTP a reforçar a sua importância para o país, mas alertando para a dificuldade de manter uma companhia aérea “completamente autónoma” num país periférico. Defendeu, à semelhança do que acontece noutros países europeus, um modelo de gestão mais integrado.
No campo da legislação laboral, Calheiros foi claro: “É ultrapassada e caduca.” Apelou a uma revisão profunda que reflita a realidade e as exigências atuais do setor. Já sobre a governança, voltou a insistir na criação de um Ministério do Turismo, considerando que a fusão da pasta com o Comércio, no último Governo socialista, foi um erro. “São atividades que não têm rigorosamente nada a ver uma com a outra.”
Neste almoço marcou presença um tema incontornável: a estabilidade política. Francisco Calheiros afirmou que, para os empresários e para a economia em geral, “o mais importante de tudo é a estabilidade”, e lançou uma pergunta direta a Pedro Nuno Santos: “Se não vencer as eleições, viabiliza um Governo de centro-direita liderado pela AD?” A resposta ficou por dar — pelo menos por agora.