Até 22 de setembro, o REPMUS – Robotic Experimentation and Prototyping Augmented by Maritime Unmmanned Systems trouxe a Tróia, militares e civis de mais de 25 países unidos pela vontade de promover o desenvolvimento de novas tecnologias para emprego militar e de duplo-uso.
A décima terceira edição deste evento é organizada pela Marinha Portuguesa e tem como co-organizadores a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o Centre for Maritime Research and Experimentation (CMRE) e a NATO Maritime Unmanned Systems Initiative (NATO MUSI).
Este é um exercício com grande interesse ao nível internacional, uma vez que promove o desenvolvimento de novas tecnologias para emprego militar, com particular realce para os sistemas não tripulados, vulgarmente chamados “drones”, quer aéreos, de superfície e sub- superfície.
Ao longo dos anos o exercício REPMUS, que decorre na península de Tróia, tem vindo a crescer sustentadamente sendo que a edição de 2023, conta com a participação de 1400 participantes de 15 países diferentes, sobretudo da NATO, e mais de 40 entidades científicas e tecnológicas, incluindo marinhas, indústrias, universidades e centros de Investigação. Além disso, outros 10 países enviaram observadores para beneficiarem da experiência do REPMUS, todos reunidos na Zona Livre Tecnológica “Infante D. Henrique”, em Tróia e na Baía de Setúbal.
Durante a visita, o comandante António Mourinha, diretor do Centro de Experimentação Operacional da Marinha (CEOM), explicou que o REPMUS 2023 “tem como objetivo principal providenciar a experimentação operacional de novas tecnologias, sobretudo no âmbito da robótica marítima, portanto, o desenvolvimento de sistemas não tripulados para emprego marítimo, sejam eles aéreos, de superfície, submarinos ou terrestres”.
O comandante detalhou ainda que estes sistemas não tripulados podem ter várias utilizações, “desde logo, na guerra”, mas não só, pondendo ainda ser utilizados pela proteção civil, como por exemplo em situações de catástrofes naturais.
“Há outras missões que beneficiam destas tecnologias. Uma delas é daquelas onde Portugal mais necessita, que é no âmbito da vigilância marítima”, destacou, o comadante António Mourinha, salientando que o país tem “uma das maiores zonas marítimas exclusivas da Europa” e precisa de “capacidade de vigilância desta zona” e capacidades de “investigação marítima nestes espaços”.
Já o comandante Marco Guimarães, chefe da célula de inovação e experimentação operacional de sistemas não tripulados da marinha explicou que ” esta equipa é constituída essencialmente por engenheiros mecânicos ,engenheiros armas eletrónicas, eletrotécnica engenheiros informáticos mas também com uma componente de construção, electricistas de maneira a que nós consigamos cobrir todas as áreas de intervenção para conseguirmos fazer uma prototipagem mais rápida e um desenvolvimento mais acelerado dos veículos que desenvolvemos.”
A visita contou ainda com a presença do Almirante Gouveia e Melo, Chefe do Estado Maior da Armada, que reforçou a importancia do REPMUS na componente de investigação e inovação, mas tambem na importância económica para a região, já que são mais de 1400 pessoas, durante três semanas a viverem na península de Tróia.
O Almirante referiu que “conseguimos criar aqui um ecossistema em que as empresas a academia e os militares convivem para encontrar soluções para o futuro. Essas soluções naturalmente tem uma natureza militar mas também uma natureza não militar, uma natureza dual por exemplo vigilância marítima controle de poluição. Portanto todas essas tecnologias estão aqui a ser testadas no limite do que é hoje a marinha portuguesa, que está a fazer um caminho revolucionário. Nós somos considerados pelos nossos parceiros, estamos à frente de fazer essa tentativa de criar guarnições ou tripulações mistas, (não no sentido homem/mulher) mas de seres de carbono que somos nós humanos e seres de silício que são os computadores com inteligência artificial e com capacidade para pensar, que estão neste momento a ser testados para atuarem com os homens e de forma complementar. Cada um faz o melhor que sabe: o homem tem mais capacidade de abstração tem ética tem valores, os computadores têm mais capacidade para processar dados em grandes quantidades e tomar decisões muito rápidas”.
O Chefe do Estado Maior da Armada, salientou ainda o facto de Portugal ter uma área marítima tão vasta, que é muito importante o desenvolvimento deste tipo de eventos em Portugal, porque sendo um país de recursos limitados como é o nosso tem de encontrar uma solução completamente disruptiva, para conseguir ocupar, explorar e garantir esse espaço para os próprios portugueses.
Ao mesmo tempo em Sesimbra, no Forte do Cavalo, está instalado o “back stage” da “guerra das minas”. Numa tenda onde se misturam várias equipas compostas por militares, civis e cientistas do Centre for Maritime Research and Experimentation (CMRE) da NATO, são analisados e tratados os terabytes de dados que os drones recolhem numa área que vai desde Sesimbra, Tróia, até Pinheiro da Cruz.