Museu Marítimo de Ílhavo: Bateira Labrega passa a integrar exposição permanente

A Sala da Ria do Museu Marítimo de Ílhavo está agora mais apetrechada na missão patrimonial de salvaguarda de mais uma embarcação lagunar prestes a desaparecer.

Museu Marítimo de Ílhavo
A Bateira Labrega na Sala da Ria do Museu Marítimo de Ílhavo - ®DR

 

O testemunho da forte ligação dos Ílhavos ao Mar e à Ria de Aveiro encontra-se fortalecido com uma Bateira Labrega, construída pelo Mestre António Esteves de Pardilhó. A embarcação foi oferecida pela Associação dos Amigos do Museu de Ílhavo (AMI) na comemoração do 81.º aniversário do Museu.

Paralelamente as coleções do Museu foram enriquecidas com algumas doações e aquisições. Destaque para o desenho “A Despedida”, oferecido pela autora, Maria Gabriel, que integrou a exposição História Trágico Marítima; a miniatura de embarcação vencedora do IV Concurso de Nautimodelismo, uma Canoa da Picada, da autoria de Paulo Agra, e um compasso de dóri oferecido por Éric Pages. As herdeiras do Professor Mário Ruivo e do Capitão de Mar e Guerra José Emílio Santos Pinto Pereira ofereceram ao Museu as suas coleções de slides e de fotografias, respetivamente, resultados de algumas campanhas que fizeram na pesca do bacalhau.

Mantendo a sua missão em preservar a memória do trabalho no mar, promover a cultura e a identidade marítima dos portugueses, o Museu Marítimo de Ílhavo é um museu singular a merecer a nossa atenção e visita.

 

Sobre a Bateira Labrega:

A investigadora Ana Maria Lopes, no seu blogue Marintimidades, refere ser uma embarcação com “um comprimento de 8,40 metros, boca com 1,82 metros, pontal com 0,53 metros e 14 cavernas, navegava a remos, à vara ou à vela e dedicava-se à antiga, singular e engenhosa ‘arte do salto’, para a tainha. Depois da vela bastarda, aderiu à moda da vela latina quadrangular, auxiliada, por um pequeno leme de xarolo, de cabeça direita, tipo mercantel”.

A Bateira Labrega, segundo Ana Maria Lopes, é “característica da Murtosa, expandiu-se pelo país, através da diáspora de gentes da região – para Sul, integrando-se na ‘saga dos avieiros’ no Tejo, e mesmo até Setúbal, no Sado e, para Norte, até à Afurada, chegando a decorar-nos também por aqui, o canal de Mira, na Costa Nova, em tempos idos”.