O terceiro e penúltimo dia de competições do Europeus, embora ainda não tenha terminado, fica marcado pela qualificação de Patrícia Mamona e pela surpreendente passagem à final dos 60 metros por parte de Carlos Nascimento, com a marca de 6,62 segundos, recorde pessoal, após o seu quarto lugar (mas apurado por tempos).
Visivelmente satisfeito, Carlos Nascimento afirmou que, «tinha estabelecido com o meu treinador [José Silva] que seria necessário correr na casa do meu recorde pessoal [6,63 segundos] para passar à final. E foi o que sucedeu!». Com uma corrida “solta”, Nascimento cumpriu «dois objetivos: chegar a uma final de uma grande competição e bater o meu recorde pessoal!».
Ter partido na última série evitou ao atleta a situação de ter de ficar nos “hot seats”, as cadeiras dos atletas repescados, experiência vivida pela atleta em Glasgow. Agora foi a «vingança, desse momento. Estiveram ali à nossa espera e fomos nós os apurados».
Para ele, a manhã começou ao correr a 4ª série (de nove de qualificação), terminando no segundo lugar com 6,68 segundos (o vencedor, Stanislav Kovalenko, da Ucrânia, foi mais rápido um centésimo – 6,67). Foi o primeiro sinal, pois há dois anos, em Glasgow, passara à meia final com 6,70 segundos.
Após essa corrida, o atleta salientou que «correr de manhã não é algo a que estejamos habituados em Portugal. Mas o primeiro objetivo, que era passar à meia-final foi conseguido com alguma tranquilidade». O velocista português desejava, depois, na meia-final, um excelente resultado, «um recorde pessoal, mesmo que seja último», mas afinal correu forte e passou para a final dos 60 metros, que se realiza hoje às 19h58.
Uma manhã especial para Portugal
A manhã incluía ainda a qualificação do triplo-salto, que mostrou uma Patrícia Mamona determinada e em boa forma. Depois de ver a grega Paraskevi Papachristou saltar 14,39 ficando logo apurada (a marca pedida era de 14,10 metros), no seu primeiro salto, Patrícia Mamona alcançou os 14,43 m, o seu melhor registo do ano, a um centímetro do recorde pessoal. Terminou na liderança da qualificação igualando o que os seus compatriotas dos concursos conseguiram nestes Europeus, no triplo e no peso, foram os melhores!
“Para dizer a verdade estou tão surpreendida como vocês. Posso adiantar que entrei na pista com vontade de saltar o mais longe possível, tentar a qualificação logo no primeiro salto, felizmente isso aconteceu», referiu a atleta que não escondeu ter tido uma preparação atribulada, mas «os últimos resultados, sempre a melhorar, deram-me confiança, apesar de me ter faltado o ritmo competitivo de outras ocasiões”.
Ficar a um centímetro do recorde pessoal deixa a atleta treinada por José Uva com determinação para tentar fazer melhor, embora alerte que «cada final é uma competição diferente. Não gosto de pensar muito em marcas ou em lugares, gosto de me focar em saltar cada vez mais longe, para oter a melhor classificação possível», admitiu, ao ser recordada de que o mesmo salto de hoje (14,43 m), não chegou para o pódio há dois anos em Glasgow! O apuramento logo no primeiro salto deixa-a mais livre «para poder descansar. Normalmente temos dois dias entre provas, desta vez é já amanhã», concluiu.
A homenagem emotiva de Samuel Barata
Entre as duas rondas de 60 metros disputaram-se as meias-finais de 3000 metros com dois portugueses, sendo Samuel Barata (na terceira corrida), a conseguir a melhor prestação, terminando em sexto lugar, em 7.53,39 minutos, recorde pessoal que o elevou a terceiro melhor português de sempre atrás de Rui Silva (7.39,44) e Luís Feiteira (7.50,94). No final, foi 13º classificado, fora da final, pois a primeira série foi muito lenta e passaram os três primeiros.
“Estou contente com o resultado obtido. Trabalhei muito para chegar aqui e fazer um bom resultado, especialmente nas últimas duas semanas, para melhorar o meu recorde pessoal”, afirmou o atleta que não estava intimidado por estar na mesma série de Jakob Ingebrigtsen, estrela mundial, campeão de 1500 metros e candidato a vencer os 3000 metros, “em 2018 sim, estava no meio deles a pensar que eram estrelas, agora não penso assim, sou um deles”, referiu.
No final da corrida, para as câmaras Samuel Barata mostrou a pulseira que tinha ‘PR Team’, e para além do trabalho técnico efetuado realçou a motivação «emocional por tudo o que o meu grupo de treino passou nos últimos meses», recordando o seu treinador, Pedro Rocha, falecido no ano passado, «que merecia muito estar aqui. Sei que ele acompanhou esta prova», concluiu, pensando continuar a trabalhar para melhorar, «até mesmo em futuras competições».
Não muito satisfeito, estava Isaac Nader, 9º na sua meia final, com 7.58,10, perto do seu recorde pessoal. «Estou conformado, pois não era para ter corrido esta prova. O meu objetivo era ter feito melhor nos 1500 metros. Não foi possível, por isso tentei os 3000 metros, conseguindo correr perto do recorde pessoal, sentindo que aquele quilómetro final não me deixou possibilidades de chegar à final. Mas desta vez não abrandei, tentei tudo porque queria bater o recorde nacional de esperanças, de novo».
Ainda assim, a experiência aqui vivida pelo atleta treinado por Rui Silva, deixa-o «com vontade de continuar a trabalhar para vir a estes campeonatos com mais confiança e a poder chegar às finais», concluiu apontando as baterias para os Europeus de Sub23, que terão lugar na Noruega.
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