Os 50 anos do “Expresso – o semanário dos que sabem querer”, foram comemorados ontem (6) com uma conferência de luxo, sob o mote de “Fazer o Mundo Melhor”, que contou com a presença entre outros de Mário Centeno e Mariana Vieira da Silva, António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República condecorou o Expresso com a Ordem da Liberdade e pediu para que este jornal não se acomode e ajude a recriar a democracia portuguesa, que no seu entender está em certos aspetos envelhecida.
No encerramento da conferência sobre os 50 anos do Expresso, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu “para ulterior momento aquilo que é o justo galardão merecido por Francisco Pinto Balsemão”, que fundou o jornal e preside ao grupo Impresa.
“Hoje é o dia coletivo do Expresso. Pois eu – vamos lá ver se não me emociono – tenho a honra de entregar ao Expresso o título de membro honorário da Ordem da Liberdade, pela qual lutou há mais de 50 anos”, declarou o chefe de Estado, que entregou a insígnia a Balsemão.
Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve também na criação do Expresso, no qual exerceu funções de administração e direção, recordou a história do semanário desde os tempos anteriores ao 25 de Abril de 1974, falando depois dos desafios atuais, seguramente bem mais exigentes.
Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, discursou na Conferência dos 50 anos do Expresso “Deixar o Mundo Melhor”, que assinalou o aniversário da fundação do “Expresso – o semanário dos que sabem querer”.
O líder da ONU, no seu discurso, alertou para o retrocesso dos direitos humanos e para o “beco sem saída”, de que o mundo se aproxima, com o aumento de conflitos, ditaduras, opressão e desigualdades.
Perante o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes e o fundador do jornal e ex-primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão, Guterres estabeleceu uma comparação entre o papel do Expresso na saída de Portugal do “beco” em que se encontrava antes do 25 Abril, e a relevância da liberdade imprensa, que considera que hoje se encontra ameaçada.
O antigo primeiro-ministro português aproveitou ainda para recordar outra efeméride, os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e elencar regressões em vastas áreas.
Dino d’Santiago também esteve presente na celebração dos 50 anos do semanário Expresso, tendo no final da sua atuação, deixado o desafio de se fazer um novo hino nacional. “Já é tempo de termos um hino menos bélico, que incentive menos às guerras, não gritemos mais às armas, às armas, não lutemos mais contra canhões, não marchemos mais contra canhões“, afirmou, acrescentado “Os nossos filhos já não precisam disso e a nova emancipação já não pode ser territorial, que seja mental, espiritual e com amor. É um desafio que eu lanço e sinto que o Expresso o pode fazer”, acrescentou.
Foi a 6 de janeiro de 1973, que nasceu o Expresso, inspirado nos jornais de domingo de qualidade ingleses The Sunday Times e o The Observer, num ano em que os principais media estavam “nas mãos de proprietários afetos ao Governo”, como recorda o fundador Francisco Pinto Balsemão, no seu livro “Memórias”. “O que me fascinava e quis reproduzir em Portugal era o tipo de jornalismo que praticavam, a separação clara entre notícias e opinião, a dimensão dos textos consoante a importância efetiva dos assuntos, a cobertura internacional e as páginas económicas”, contou o jornalista, empresário e político, relatando os passos que foram dados para lançar o Expresso.
Lançado com o slogan “Expresso – o semanário dos que sabem querer”, o título nunca vendeu “menos de 60.000 exemplares”, mas nem sempre tudo foi um ‘mar de rosas’ na sua relação com a censura, conforme contou Francisco Pinto Balsemão, referindo que “Na origem da conceção e do arranque do Expresso estava a minha vontade de provar a mim próprio, à família e ao mundo que era capaz de lançar e fazer triunfar um projeto inovador na área da imprensa”.
Segundo dados da APCT, entre janeiro e setembro do ano passado, o Expresso foi a publicação mais vendida em Portugal. De acordo com um comunicado de novembro,” Há seis anos que o Expresso é o jornal mais vendido em Portugal“, com uma circulação paga de quase 95.000 exemplares, liderando “as vendas em banca com mais de 46.000 exemplares vendidos” e “nas vendas digitais com quase 47.000 exemplares”.