O Pedalanças está de volta nos dias 4, 5 e 6 de Agosto


A Cicloda (Associação da Cicloficina dos Anjos) organiza pela segunda vez, em parceria com a PédeXumbo (entidade organizadora do Festival Andanças) o Pedalanças que se irá realizar nos dias 4, 5 e 6 de Agosto e que antecede o Festival.

anoticia.pt – Como surge esta parceria Andanças/Cicloficina?

CA – Nós no ano passado contactámos a PédeXumbo e dissemos-lhes “este ano queremos fazer uma banca com workshops de oficina de manutenção de bicicletas, podemos levar ferramentas, podemos ficar aí com um horário fixo” e eles responderam que “isso parece interessante, mas não há assim tanta gente que venha de bicicleta para o Festival. Por isso quem é que iria a esses workshops? Só se vocês trouxessem ciclistas e organizassem essa viagem”. Nós na altura ficámos a achar que isso era demasiada areia para a nossa camioneta (para organizar um passeio destes tens de ter uma logística monstruosa) e também não é propósito da Cicloficina organizar passeios de bicicleta. Então, começámos a ver as questões logísticas, mais ou menos quanto tempo é que poderia demorar uma viagem destas, se teríamos disponibilidade para dedicar mais 4 ou 5 dias a isto, para além do Festival. Vimos que dava, começámos a divulgar e no ano passado acabámos por ser 23 a fazer a viagem e correu bastante bem. É interessante que muitas pessoas que não conheciam o Festival e que se tinham inscrito só para fazerem uma viagem de bicicleta no Verão, chegaram ao Festival e, não sei se foi pela relação que se criou no grupo naqueles 3 dias, ou do pessoal ir falando de como era o Festival, toda a gente ficou. Como foi um sucesso, este ano voltámos a pensar em organizar [o Pedalanças].

Uma coisa que o Festival sempre defendeu foi uma vida quotidiana mais sustentável. Não é por acaso que eles também promovem a partilha de carros, boleias, o incentivo da utilização dos transportes públicos para chegar ao Festival… Por isso a relação que a Cicloficina e esta viagem têm com o Festival, faz todo o sentido. Para além disso, não é um Festival estranho e isso também é uma vantagem, ou seja, para nós também é muito mais difícil entrar em contacto com um Festival, como por exemplo, o Paredes de Coura, ou com um festival comercial desse género, do que entrar em contacto com um festival como Andanças no qual as pessoas se conhecem.

 

anoticia.pt – Quais são as paragens este ano?

CA – Saímos de Lisboa até à Azambuja de Comboio, depois Chamusca, depois Gavião e depois Castelo de Vide. Portanto, é mais ou menos 60 km por etapa o que é perfeitamente fazível, mesmo para quem não costuma pedalar. Uma coisa que é importante dizermos é que nós só estamos a organizar a viagem de ida. Ou seja, a nossa ideia é darmos “skills” às pessoas para que possam estar preparados para qualquer viagem.

 

anoticia.pt – No Pedalanças, nas paragens que fazem, é suposto acontecer alguma coisa, ou é só para descansar?

CA – Não estamos a organizar nenhuma atividade ao final do dia para além de descansar. Isso [actividades] estamos a guardar para o Festival. Aí sim, vão haver conversas, debates, workshops. Aqui é só mesmo a viagem. Temos a sorte que a noite em que vamos estar no Gavião coincide com as Festas da vila…

 

anoticia.pt – E em relação à logística da viagem?…

A logística toda é organizada… Como é realizado no Verão, tu sabes que chega o meio-dia e tens de parar; portanto, convém parar num sítio onde haja água e comida para as pessoas comerem. Depois, como só voltamos a pedalar às 16.00h/17.00h, também tens que ter previsto a distância que te falta para chegares ao fim. Quando terminas uma etapa tens a garantia de teres um jantar (pago pelos participantes), mas pelo menos não tens de andar à procura de um sítio para jantar. Para além disso e gratuitamente, tens um sítio onde tomas banho e um sítio onde vais dormir.

Também existe uma pequena ajuda. As pessoas que vão pedalar, não vão precisar de levar a mochila com as suas coisas e a tenda. Isso vai num carro de apoio direitinho para o Andanças. Vai ser preciso levar apenas na bicicleta, um saco-cama, pequenas mudas de roupa, barras energéticas, água… Isso foi uma inovação em relação ao ano passado, porque tivemos alguns problemas com pessoas que vinham muito carregadas e que não tinham as bicicletas preparadas para isso e isso acabou por sobrar para outras pessoas.

Reforçar ainda que temos sempre uma cicloficina móvel durante o percurso todo. Portanto, temos um reboque que leva pequenas coisas quer oficinais, quer de substituição. Se acontecer algum problema com algum ciclista, temos “know-how” para começar a pedalar passados 20 minutos.

Em termos de apoios, não só temos o apoio da Câmara da Chamusca, da Câmara e dos Bombeiros de Gavião, mas também da Polisport que é uma marca portuguesa de fabrico de componentes em plástico para bicicletas.

Este ano tivemos 70 e tal pedidos de inscrição e temos neste momento 66 confirmações. Só que a logística que temos dá para cerca de 50 pessoas. Com comboios, transporte de malas até ao Festival, com sítios de estadia…

 

anoticia.pt – E no que toca às pessoas inscritas para além dos 50?

Isso estamos a ver com os sítios de estadia e com a própria CP. Nós este ano estamos com 3 vezes mais interessados. As pessoas que estão para lá desses 50 já foram avisadas que não podemos garantir apoio logístico nessas 3 vertentes (estadia, malas e comboio) e estamos-lhes a dar alternativas. Ao nível dos comboios podem apanhar comboios anteriores e ir ter à Azambuja e ao nível da estadia estamos a ver com os locais se não há problema das pessoas ficarem a dormir em colchonetes no chão.

 

anoticia.pt – Esta viagem tem apenas um caráter lúdico, ou também de abordar a questão da importância da bicicleta?

Existe esse caráter da sustentabilidade de tu poderes ir a qualquer festival neste País em autonomia de bicicleta, ou num mix entre a CP (regionais)/bicicleta e que não precisas de carro, nem de apanhar outro tipo de transporte, como um autocarro.

 

anoticia.pt – Qual o balanço que fazem da vossa participação no ano passado?

Positivíssimo, foi espetacular. Estávamos muito bem localizados e como só abríamos ao final da tarde acabava por ser um ponto de encontro. Também tivemos workshops e conversas que foram bastante participadas. Acabámos por safar alguns furos de pessoas que também tinham ido para lá de bicicleta ou que tinham levado a bicicleta na carrinha.

De destacar uma situação que foi no dia do incêndio. Nós temos um autocolante que diz “Menos um carro” e nesse dia, em sinal de respeito não o distribuímos, mas houve uma série de pessoas que ficaram sem carro e foram à banca da Cicloficina pedirem-nos o autocolante “Menos um carro” para levarem como recordação.

 

anoticia.pt – Em relação ao vosso espaço no Andanças, como vai funcionar este ano?

CA – Vamos funcionar todos os dias das 18.00h até as 19.30h e vai ter sempre uma oficina. A quarta-feira como é o dia de eleição é mesmo Cicloficina a sério, fora de Lisboa, fora do espaço físico da Cicloficina. Os outros dias têm, ou conversas, ou workshops, para além da oficina. Reforçar que funciona também como ponto de encontro e de convívio. Uma das grandes novidades este ano é que a banca vai ter um quizz diariamente com perguntas à volta da mecânica e condução da bicicleta e do código da estrada. Há sempre prémios, sejam autocolantes, equipamento…

 

anoticia.pt – Algum conselho que queiram deixar aos Pedalantes?

Não levem mochilas às costas. Levem água. Não deixem a revisão da bicicleta para a última. Não comecem à tigre para acabar à gato. Ir ao seu ritmo, porque há sempre pessoas que estão lá e que vão ter a preocupação de acompanhar os mais lentos e fechar o grupo. Ninguém vai ficar perdido para trás ou sem apoio mecânico. Não precisam levar ferramentas porque isso nós temos, mas ajudava se cada pessoa levasse uma câmara-de-ar, até porque nós não sabemos a medida das bicicletas.

 

anoticia.pt – Só para terminar, é do vosso interesse começar a criar este tipo de parcerias com outros acontecimentos durante o Verão?

Isso depende um bocado das pessoas que fazem a Cicloficina e que estão dispostas a dar o seu tempo para a organização desta viagem, que tipo de festivais lhes interessa. Se nos interessa ir para o Andanças, ou para o Boom ou para Sines, se calhar não nos interessa tanto ir para outro tipo de festivais mais comerciais.

 

*Para mais informações podem consultar as FAQ no site do Pedalanças: cicloficina.pt/pedalancas