Paulo de Carvalho esgota teatro Tivoli com “Intemporal”


O cantor Paulo de Carvalho celebrou ontem, quarta-feira, 54 anos de carreira no teatro Tivoli BBVA com o espetáculo “Intemporal”, no qual interpretou, perante uma casa cheia, alguns dos maiores êxitos da sua carreira.

Acompanhado por uma banda de 11 músicos, o artista mostrou-se “muito feliz” e explicou que as músicas escolhidas faziam “sentido serem cantadas porque vocês as conhecem e as viveram”.

O concerto, que durou cerca de 1h45, começou com “Flor sem Tempo”, sendo seguida pelas músicas “Maria Vida Fria”, “10 anos”, “Abracadabra” e “Executivo”, com o público a aplaudir entusiasticamente cada tema.

O duplamente vencedor do Festival da Canção fez-se acompanhar pelo guitarrista de fado José Manuel Neto e por Carlos Manuel Proença em músicas como “Desculpem qualquer coisinha” e “Balada da Boneca”, a qual classificou como “sendo a menos conhecida, mas a que gosto mais” porque “estava na gaveta de um grande amigo, José Carlos Ary dos Santos, que quando a fez tinha 15 anos e que, por razões várias, não a quis  cantar”.

O fadista Carlos do Carmo também foi homenageado através dos clássicos “Homem das Castanhas”, “Os putos” e “Lisboa, Menina e Moça”.

Houve ainda direito a estreias, com o compositor a cantar pela primeira vez “Meu Fado”,  “uma das mais bonitas cantigas que fiz até hoje, mas que, para quem a fiz, conseguiu melhorá-la muito”, na companhia de Mariza, naquele que seria o primeiro dueto da noite.

Paulo de Carvalho convidou o público a ir “até África com uma pessoa que amo muito”, através do tema “Mãe Negra”, interpretado com a filha Mafalda Sacchetti, cantora de blues,jazz e soul.

O tema “Meu mundo inteiro” foi cantado com o filho Bernardo Costa, mais conhecido como Agir, responsável pela direcção artística do concerto e que afirmou ao pai que “tudo o que faço é para te ver feliz todos os dias”.

“Meninos do Huambo” foi a música final, com o público a aplaudir de pé e a assobiar, pedindo mais, ao que o artista acedeu,  surgindo a cantar na plateia “Gostava de vos ver aqui” e afirmando que “vamos ser intemporais com este espetáculo”.

O segundo encore trouxe uma das músicas mais aguardadas: “Nini dos meus 15 anos”, seguida daquela que serviu como primeira senha para o avanço das tropas que viriam a protagonizar a Revolução de 25 de Abril, “E depois do Adeus”, vencedora da edição de 1974 do Festival RTP da Canção.

O concerto contou com a presença de várias figuras públicas como o ex-primeiro- ministro Pedro Passos Coelho, acompanhado da esposa Laura Ferreira, o compositor Tozé Brito e a atriz Helena Isabel, ex-mulher de Paulo de Carvalho e mãe de Agir e Mafalda Sachetti.

O fadista Camané classificou o espetáculo como “fantástico”, confessando-se um “fã do Festival da Canção” e que “passava noites inteiras à espera que o Paulo entrasse, tímido e, de repente, com uma voz extraordinária” e, por isso, fez com que “eu sonhasse um dia ser cantor também”.

João Baião, visivelmente emocionado, disse que reviveu “a minha adolescência, foi extraordinário, conhecia as canções todas e o Paulo continua com a voz intocável.”

O apresentador terminou afirmando que a reação do público foi “óptima, as pessoas estavam aqui mesmo a matar saudades”.