'Café Society' de Woody Allen estreia a 20 de outubro


No seu 47º filme, Woody Allen leva-nos até à Hollywood dos anos 30 e conta-nos uma história de amor com uma pitada de máfia nova-iorquina à mistura.

Bobby Dorfman (Jesse Eisenberg) decide trocar o Bronx por Hollywood na procura por uma oportunidade na indústria cinematográfica e, para isso, recorre à ajuda do seu tio Phil Stern, um produtor importante no mundo hollywoodesco interpretado por Steve Carell.

Sem tempo (e paciência) para acompanhar o sobrinho, Phil incumbe a sua secretária Vonnie da tarefa. Eis que surge no ecrã Kristen Stewart, com um ar de Lolita e, à medida que o filme avança descobrimos que Vonnie, por quem Bobby se apaixona perdidamente, tem um relacionamento com um homem casado.

Preterido no triângulo amoroso e enfadado pela cidade (“I’m kind of half-bored, half-fascinated”), o jovem judeu regressa à sua terra natal e trabalha no clube do seu irmão mais velho, o gangster Ben (Corey Stoll), o que lhe permite continuar a viver o glamour da era dourada.

Woody Allen não surge diretamente no filme, mas com o seu papel de narrador (“Live every day like it’s your last and one day you’ll be right”) e com a interpretação de Jesse Eisenberg a transmitir a dualidade que o realizador octagenário sempre sentiu entre Los Angeles e Nova Iorque (recorde-se uma das deixas do famoso Annie Hall quando a personagem de Diane Keaton observa “It’s so clean out here” e Allen responde um categórico “That’s because they don’t throw their garbage away. They make it into television shows”), sentimo-lo sempre presente.

Também percebemos que as personagens principais, num elenco que conta com Blake Lively e Parker Posey, servem como alter-ego para as angústias tão comuns de Allen (“Socrates said that the unexamined life is not worth living but the examined one is no bargain”).

Classificado como uma comédia romântica, Café Society é esporadicamente engraçado e o seu maior trunfo, para além dos atores, são as deslumbrantes imagens do italiano Vittorio Storaro, diretor de fotografia três vezes “oscarizado” (por Apocalypse Now, Reds e O Último Imperador) num filme rodado com as modernas câmaras digitais, uma estreia para Woody Allen, até agora acérrimo defensor do uso da película.

O filme abriu o 69.º Festival de Cannes, em maio, e estreia nas nossas salas de cinema a 20 de outubro.