João Vieira é quinto nos 50 Km marcha e obtém a melhor classificação de sempre na distância

Aos 45 anos, João Vieira conquista o quinto lugar nos 50 km em marcha atlética e a melhor classificação de sempre de um marchador nesta distância.

João Vieira
João Vieira é quinto nos 50 Km marcha e obtém a melhor classificação de sempre na distância - ®DR

João Vieira obteve o quinto lugar, com o tempo de 3:51,28 horas, na final dos 50 km em marcha atlética dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Aos 45 anos de idade o atleta do Sporting Clube de Portugal conseguiu obter a melhor classificação de sempre de um marchador português nesta distância. Esse ‘título’ vinha de 1984, quando José Pinto foi oitavo classificado.

Esta prova de 50 km marcha estava carregada simbolismo. Existente no programa olímpico desde 1932, esta poderá ter sido a última vez que se disputou em Jogos Olímpicos. Por isso, existia entre os atletas um desejo especial de tornar a prova competitiva e interesse, para além de ficarem ligados a um momento histórico.

O mesmo queria João Vieira, vice-campeão mundial, que lutou com todas as forças até à penúltima volta, altura em viu fugirem-lhe as possibilidades de conquistar uma medalha, precisamente quando o alemão Jonatham Hilbert, o quarto mais rápido do mundo em 2021, e o espanhol Marc Tur, vencedor individual do Campeonato Europeu de Seleções em marcha atlética, conseguiram destacar-se do atleta português, quando todos, à altura, seguiam o polaco Dawid Tomala, fugido desde os 30 km.

Até aí, João Vieira andou sempre no grupo da frente, bem colocado, num bom ritmo, ambicioso. Para trás já ficavam outros atletas, candidatos a medalhas, como o campeão olímpico do Rio 2016, o eslovaco Matej Toth (14º no final), o francês recordista mundial Yohan Diniz (desistente aos 25 km) ou o líder mundial Satoshi Maruo (32º classificado).

Na última volta, João Vieira não conseguiu aproximar-se dos fugitivos e viu mesmo o canadiano Evan Dunfee, que tinha sido terceiro nos Mundiais de Doha 2019, atrás de João Vieira, ultrapassá-lo e ir ainda em busca de uma medalha (bronze), que viria a conquistar nos últimos metros, empurrando o espanhol, Marc Tur para fora do pódio.

O ouro ficou para o polaco Dawid Tomala (que chegou a ter 3.40 minutos de vantagem), que cortou a meta 36 segundos antes do alemão Hilberth, mas com o tempo mais lento (3:50.08) de um vencedor desde 1992.

Uma nota para o espanhol Jesus Angel Garcia, que aos 51 anos se tornou o atleta com o maior número de participações (8) em edições dos Jogos Olímpicos, desde 1992. Terminou em 35º lugar.

 

No final da prova, em declarações à agência Lusa, João Vieira afirmou estar “muito contente com este resultado, um quinto lugar não é qualquer atleta que consegue e eu vim aqui lutar com todas as minhas forças. Consegui um lugar de finalista o que é muito bom para a minha carreira desportiva, que já vai longa, podem ser os meus últimos Jogos e assim cumpri o meu dever”.

“Quando faltavam duas voltas, conversaram entre eles e decidiram atacar. Eu já não tive pernas, as minhas pulsações já estavam a disparar”, confidenciou o marchador português, admitindo ter arriscado. “Arrisquei e se calhar arrisquei demais, na parte final ia morrendo na praia. Sabemos que, aos 40 quilómetros, vamos encontrar o ‘muro’, mas senti-me bem, felizmente, eu só o encontrei a duas voltas do final e só tenho de ficar satisfeito pelo desempenho que tive hoje”, explicou.

O recordista de Portugal detentor de 59 títulos absolutos na marcha atlética, conclui dizendo que “foi bom, arrisquei e saiu o quinto lugar, estou contente. É o topo da carreira. Apesar de não ter tido uma medalha, um quinto lugar é muito bom, depois da medalha de vice-campeão mundial, só tenho de estar satisfeito”.

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