A vingança de Abel Ferreira e a história da Sociedade Esportiva Palmeiras

A Sociedade Esportiva Palmeiras de Abel Ferreira garantiu um lugar na final de sábado entre o vencedor de Chelsea x Al-Hilal da Arabia Saudita

Abel Ferreira e a Sociedade Esportiva Palmeiras
A vingança de Abel Ferreira e a história da Sociedade Esportiva Palmeiras - ©Peter Rov

Um ano após o último duelo entre Palmeiras e Al Ahly do Egito, onde a Sociedade Esportiva Palmeiras equipe do técnico Abel Ferreira terminou derrotada, as equipes voltaram a se encontrar hoje no Estádio Al Nahyan, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) onde a equipe do treinador português se sagrou vitoriosa e garantiu um lugar na final de sábado entre o vencedor de Chelsea x Al-Hilal da Arabia Saudita.

Campeão do mundo em 1951, a Sociedade Esportiva Palmeiras, sob a batuta de Abel Ferreira, segue na disputa do bicampeonato após superar o Al Ahly-EGI nesta terça-feira (08) por 2 a 0, golos de Raphael Veiga, aos 38 minutos do primeiro tempo, e de Dudu, aos três da etapa final, no Estádio Al Nahyan, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). Com a classificação, o Maior Campeão do Brasil disputa a final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2021 no próximo sábado (12), às 13h30 (horário de Brasília – 20h30 no horário local) e enfrenta o vencedor de Chelsea-ING e Al Hilal-ARA, duelo agendado para esta quarta-feira (09), às 13h30 de Brasília.

Este foi o segundo encontro entre Palmeiras e Al Ahly-EGI na história – no Mundial do ano passado, os clubes empataram sem golos na disputa do terceiro lugar e a equipa egípcia levou a melhor nos penaltis. O duelo desta terça (08) marcou o 12º do Verdão com uma equipe africana, pois, antes, havia enfrentado a Seleção do Kinshasa-COG, a Seleção do Congo, a Seleção da Nigéria duas vezes, a Seleção de Gana, Seleção de Magreb-ALG, a Seleção da Argélia e três clubes (Cornerstone-GAN, Accra Great Olympics-GAN e Stationery Stores-NIG). Agora, o retrospecto contra africanos é de 12 jogos, sendo oito vitórias, dois empates, duas derrotas, 26 gols marcados e 15 gols sofridos.

Participante também da última edição do Mundial da Fifa, em 2020 (realizado em fevereiro de 2021), o Palmeiras é o único clube brasileiro a ter atuado nos três formatos de torneios intercontinentais já existentes. Em 1951, disputou a primeira versão de um mundial de clubes, o Torneio Internacional de Clubes Campeões, sediado no Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), competição da qual saiu como campeão após disputar sete partidas e bater a Juventus-ITA na decisão. Depois, em 1999, quando sagrou-se campeão da Libertadores da América daquele ano, disputou a Copa Toyota Intercontinental e ficou com o vice ao ser derrotado pelo Manchester United-ING.

O Alviverde, aliás, melhorou ainda mais o seu retrospecto atuando no Oriente Médio: agora são sete atuações acumuladas ao longo da história palestrina, com cinco vitórias, um empate e uma derrota. Foram dois duelos no Irã (vitórias contra o TAJ FC-IRAN e Seleção do Teerã-IRAN), dois na Turquia (vitórias contra o Galatasaray-TUR e Fenerbahce-TUR), outros dois no Catar (derrota para o Tigres-MEX e empate ante o Al Ahly-EGI, ambos os jogos na edição anterior do Mundial) e, agora, nos Emirados Árabes (vitória contra o Al Ahly-EGI).

Se levado em conta o retrospecto do Palmeiras apenas contra times estrangeiros, o Verdão vem de uma série de quatro vitórias: desde o último revés, contra o Defensa y Justicia-ARG pela 5ª rodada da fase de grupos da Libertadores 2021, engatou vitórias contra o Universitário-PER, pela 6ª rodada (goleada por incríveis 6 a 0), e, depois contra o Universidad Católica-CHI, duas vezes, pelas oitavas da Libertadores daquele ano, ambas por 1 a 0, além da vitória sobre o Al Ahly. O retrospecto total do Palmeiras contra times internacionais em sua história agora é de 516 partidas, com 304 vitórias, 109 empates, 103 derrotas, 1058 gols marcados e 548 gols sofridos.

O Palmeiras também ampliou sua série invicta fora do território brasileiro para oito jogos, com um empate e sete vitórias seguidas. O último revés havia sido justamente no Mundial do ano passado, contra o Tigres-MEX. E, na mesma competição, já se iniciou a série invicta, começando pelo empate contra o próprio Al Ahly-EGI na disputa pelo terceiro lugar (0 a 0). Depois, emplacou sete vitórias seguidas: Defensa y Justicia-ARG (2 a 1), Universitário-PER (3 a 2), Defensa y Justicia-ARG (2 a 1), Independiente del Valle-EQU (1 a 0), Universidad Católica-CHI (1 a 0), Flamengo (2 a 1 em Montevidéu, no Uruguai) e Al Ahly-EGI (2 a 0).

Fora do Brasil, em toda a sua história, o Palmeiras disputou 328 partidas, com 177 vitórias, 73 empates e 78 derrotas, 607 gols marcados e 368 sofridos. Ao todo, o Verdão disputou 6272 jogos em sua história e, desta forma, os 328 duelos fora do Brasil representam 5,2% do total dos duelos disputados desde sua primeira partida em 1915.

Outro dado que impressiona também é o aproveitamento do técnico Abel Ferreira e de sua comissão em jogos de mata-mata. Este foi o 21º confronto decisivo – ou seja, considerando que valiam acesso à próxima fase ou título de qualquer competição. Ao todo, ficaram com o título ou avanço de fase 15 vezes, contra seis ocasiões nas quais foram eliminados ou ficaram com o vice-campeonato.

Autor de um dos gols da final da Libertadores contra o Flamengo, que credenciou o Verdão a participar do Mundial de Clubes, Raphael Veiga deixou sua marca em outra partida decisiva, inaugurando o marcador aos 38 minutos de bola rolando. Com isso, ampliou seu saldo como o segundo principal artilheiro do atual elenco, agora com 44 gols, atrás apenas de Dudu, que chegou a 77 com o segundo gol da partida (cuja assistência foi concedida por Raphael Veiga). O camisa 23, aliás, quebrou um tabu que já durava mais de 70 anos: o Palmeiras não marcava um gol em competições mundiais desde 1951, quando Liminha garantiu a taça ao Alviverde ao anotar o tento do empate por 2 a 2 na decisão com a Juventus-ITA.

Estreante pelo Palmeiras em Mundial, Dudu foi outro destaque indiscutível. O camisa 7, além da ótima atuação, concedeu a assistência para o primeiro gol da partida, de Raphael Veiga, e ainda fez o seu no início do segundo tempo, com um belo chute de pé direito após invadir a área em velocidade.

Palmeiras
Equipas do Palmeiras e do Al Ahly – ©Peter Rov

O JOGO

O primeiro tempo começou com os dois times jogando com bastante intensidade. De pouco em pouco, o Palmeiras foi crescendo na partida, mas ainda sem que o duelo perdesse o equilíbrio. O Verdão chegou a criar chances com Rony, aos 17 minutos, com Scarpa, aos 19, e com Veiga, aos 26, mas o adversário se mostrava atento a cada lance e o Alviverde era interceptado em suas tentativas.

Por outro lado, o Al Ahly também havia subido ao ataque com Dieng, aos 11, com Afsha, aos 15, quando Piquerez se mostrou muito ligado no jogo e afastou o perigo, e outra vez com Dieng, aos 16, que aproveitou cruzamento e desviou, ganhando escanteio para sua equipe.

Entretanto, foi a partir dos 30 minutos de bola rolando que o Maior Campeão do Brasil passou a sobressair claramente na partida, na base da insistência. Primeiro com Dudu, aos 30, em bola cruzada por Gustavo Scarpa, e, depois, logo em seguida, com Raphael Veiga, que após tabela entre Dudu e Marcos Rocha, recebeu cruzamento rasteiro do lateral e finalizou, mas a zaga do Al Ahly afastou. Em lance subsequente, Piquerez aproveitou sobra de escanteio bateu de primeira: o chute explodiu na zaga e assustou.

Após várias tentativas em um curto intervalo de tempo, veio o prêmio: aos 37 minutos, Scarpa flutuava pelo ataque e foi parado por Hany. Falta. No campo de ataque, o Palmeiras saiu com a bola, perdeu, mas o volante Danilo a recuperou e ligou Dudu no meio-campo, que deu passe açucarado para que Raphael Veiga saísse cara a cara com o goleiro Ali Lotfi e batesse firme de pé direito, abrindo o placar. (Palmeiras 1×0 Al Ahly-EGI)

Engana-se quem pensa que após o golos as coisas ficaram mais fáceis para a Sociedade Esportiva Palmeiras de Abel Ferreira. Naquele momento até o final da primeira etapa, o Al Ahly buscou o jogo com muita vontade e poucas oportunidades. Desta forma, a equipe de Abel encerrou o primeiro tempo com a preciosa vantagem de um golo de diferença.

No segundo tempo, menos pressionado devido à vantagem, o Alviverde entrou com confiança e, logo de cara, ampliou sua vantagem com Dudu, aos três minutos. O gol foi fruto de uma bela jogada coletiva, iniciada com uma roubada de bola de Zé Rafael no meio-campo (lado do ataque adversário) e sobra para Piquerez, que de primeira já lançou para Rony, que também de primeira acionou Raphael Veiga – este, por sua vez, deu um belíssimo passe de calcanhar para Dudu sair em disparada pela ponta direita e invadir a grande área em velocidade. O camisa 7 disparou com força, sem chances para o goleiro rival. (Palmeiras 2×0 Al Ahly-EGI)

No decorrer da segunda etapa, com 2 a 0 no placar, o Palmeiras administrou o placar e não deu espaço para as armações do time rival, aproveitando, principalmente, as jogadas de contra-ataque e espaços em profundidade nas jogadas ensaiadas.

No segundo tempo ficou por conta de um golo marcado pelo atacante Sherif aos 26 minutos. No entanto, o impedimento no lance foi invalidado pelo VAR.

A partir daquele momento, a Sociedade Esportiva Palmeiras redobrou a atenção, e então Abel Ferreira passou a promover alterações no time, visando renovar o fôlego da equipe em diversos setores do campo para manter o desempenho: aos 32, trocou Dudu por Wesley no ataque e Raphael Veiga por Jailson no meio-campo. Aos 39, Atuesta entrou no lugar de Zé Rafael; e aos 42, Rony e Gustavo Scarpa deram lugar a Deyverson e Breno Lopes, respectivamente.

Desta forma, mesmo com a vantagem, o Palmeiras não se fechou e seguiu firme em busca de oportunidades até o fim, mesmo que com atacantes de origem pouco mais recuados, mas sem dar brechas a possíveis reações adversárias, mesmo que com 2 a 0 a seis minutos do fim do jogo (tempo de acréscimo concedido pela arbitragem).

Vale reconhecer o empenho do Al Ahly, que não deixou de brigar até o último lance da partida, mas sem sucesso – com direito à defesa milagrosa de Weverton e bola no travessão. E assim o Abel e a equipe estão novamente na grande final no sábado, contra o  vencedor de Chelsea-ING e Al Hilal-ARA.

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