Município de Braga avança com projeto de preservação do Caminho da Geira e Arrieiros

Município de Braga avança com projeto de preservação e sinalização do Caminho da Geira e dos Arrieiros, percuso com cerca de 240 quilómetros.

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Município de Braga avança com projeto de preservação do Caminho da Geira e Arrieiros - ®DR

O Município de Braga pretende avançar a partir da próxima primavera com a sinalização e preservação do Caminho da Geira e dos Arrieiros, no âmbito de um programa mais vasto que abrange também outras rotas jacobeias que passam pelo concelho.

De acordo com o adjunto do presidente da Câmara de Braga, António Barroso, será necessário intervir de novo na preservação dos caminhos de Santiago, após o “investimento substancial” feito há quase cinco anos, uma vez que “ nos últimos anos houve menos gente a circular, fruto da retração provocada pela pandemia, e em resultado das recentes intempéries”.

O responsável, que representou o presidente do município, Ricardo Rio, na sessão de tomada de posse dos  órgãos sociais da AEJ para o biénio 2023/2024, no Auditório do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, adiantou ainda que, “assim que venha a primavera”, a autarquia “conseguirá preservar os caminhos Central antigo e de Torres”, a confirmar-se a necessidade de uma intervenção.

Mas a autarquia “já tem em mãos outros dois grandes projetos de caminhos”, a desenvolver com a AEJ, adiantou António Barroso. O município “quer agora, efetivamente, avançar com o trabalho de sinalética e de preservação” do Caminho da Geira e dos Arrieiros, que “ficou adiado” devido à pandemia, bem como em relação ao Caminho de São Rosendo, que “também tem espaço nas rotas jacobeias”, explicou. A via Mariana, que liga o Sameiro e santuários marianos na Galiza, será o próximo objetivo.

Noutra área, António Barroso revelou que a autarquia “está empenhada em fazer o projeto para a instalação de um albergue de peregrinos na antiga sede da Junta de Freguesia da Cividade”, em colaboração com a AEJ e a União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade.

Para já, importa “perceber o que está em causa, até porque há algumas condicionantes, pois o espaço é na zona histórica”, mas é “um investimento que interessa para peregrinos, para as rotas jacobeias, mas também para albergar outras pessoas em caso de emergência”, explicou.

Na sessão de tomada de posse, o novo presidente da AEJ, António Devesa, destacou o orgulho dos associados no crescimento da associação, mas alertou que “acarreta cada vez mais responsabilidades, tanto ao nível de organização e comunicação interna, como na gestão das expetativas de todos os peregrinos, associados ou não, que veem na AEJ a entidade que deve defender intransigentemente o superior interesse do peregrino e do Caminho Português de Santiago”.

E, como salientou António Devesa, “defender e promover o Caminho não é pura e simplesmente colocar o maior número de pessoas a caminhar. É, sim, fazer com que os que partem o façam preparados e imbuídos dos reais valores associados ao culto e à peregrinação jacobeia”.

Por outro lado, “só trabalhando em conjunto, aprendendo com o testemunho e valorizando o trabalho desenvolvido por todas as associações e entidades jacobeias, é possível potenciar a defesa do peregrino e do Caminho Português de Santiago”, referiu.

Caminho a crescer

O Caminho da Geira e dos Arrieiros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras do Bouro, Castro Laboreiro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem. Nos últimos seis anos foi percorrido por mais de três mil peregrinos, um terço dos quais em 2022; sobretudo de Portugal e Espanha, mas também de Itália, Inglaterra, Alemanha, Croácia, Ucrânia, Rússia, Polónia, Brasil, EUA, Austrália ou Países Baixos.

Este itinerário foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019, reconhecido em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020), do Turismo  do Porto e Norte de Portugal (2021) e foi um itinerário oficial da Peregrinação Europeia de Jovens do Ano Santo Jacobeu 2021/22.

O percurso tem 240 quilómetros e destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira Romana, a via do género mais bem conservada do mundo, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.

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