Symphony: Uma experiência de realidade virtual na Casa da Música, no Porto

Symphony. Viagem virtual ao coração da música, chegou à Casa da Música, no Porto, ontem dia 2 de junho e vai ficar até 12 de julho de 2023

Symphony Casa da Música Porto
Symphony: Uma experiência de realidade virtual na Casa da Música, no Porto - ©Flavio Alberto

O filme Symphony, uma viagem virtual ao coração da música clássica, que conta com a colaboração do maestro Gustavo Dudamel, foi apresentado, ontem 2 de junho na Casa da Música, no Porto. O evento contou com as presenças de .Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Amorim de Sousa, presidente da Casa da Música, e Artur Santos Silva, curador da Fundação ”la Caixa” e presidente honorário do BPI, acompanhados pelo consultor do projeto, Marcel Gorgori.

O projeto Symphony, concebido pela Fundação ”la Caixa”, propõe ao espetador viver e desfrutar da música clássica como nunca antes, graças à tecnologia de realidade virtual (VR), convidando-o a sentir-se como um dos músicos da orquestra.

Sob a batuta de Gustavo Dudamel e acompanhado pelos mais de 100 músicos da prestigiada Mahler Chamber Orchestra, o público terá a oportunidade de ouvir a música de uma forma única, permitindo-lhe, inclusive, entrar nos próprios instrumentos.

Esta viagem emocional, conduzida pelo prestigiado maestro venezuelano, é protagonizada pelas composições de Ludwig van Beethoven, Gustav Mahler e Leonard Bernstein.

O filme Symphony, que agora chega à Casa da Música, no Porto, foi reconhecido em junho de 2022 com um dos European Heritage Awards da organização Europa Nostra e da União Europeia, na categoria de Educação, Formação e Competências. Foi também premiado nos Thea Awards 2022 e na 40.ª edição do Vancouver International Film Festival. Além disso, foi finalista no 74.º Festival Internacional de Cinema de Cannes.

O projeto Symphony chega ao Porto, à Casa da Música, no âmbito de uma tour que arrancou em setembro de 2020, após a sua estreia no CosmoCaixa, Museu da Ciência da Fundação ”la Caixa”, em Barcelona. Desde então, e durante dez anos, o Symphony irá percorrer uma centena de cidades de Espanha e Portugal para oferecer uma experiência imersiva de ponta com base em realidade virtual, da qual já puderam desfrutar mais de 265 000 pessoas.

O projeto, que demorou mais de quatro anos a preparar, teve como ponto de partida a abordagem do poder emocional da música na vertente da divulgação. A Fundação ”la Caixa” apostou, desde o primeiro momento, na realidade virtual como a melhor forma de o fazer. A tecnologia mais recente permitiu o que de outro modo não seria possível: sentarmo-nos no meio dos violinos, numa grande orquestra sinfónica, enquanto interpretam Beethoven. O intuito é cativar todos os tipos de público, até aqueles que já são conhecedores da música clássica.

A experiência Symphony é formada por duas unidades móveis que se transformam em duas salas de 100 metros quadrados cada uma. Na primeira, podemos assistir a um filme panorâmico que apresenta esta viagem ao espetador e que o conduz através de sons. A segunda unidade é dedicada à experiência de realidade virtual.

Quando o espetador colocar os óculos, verá como, de repente, tudo mudou à sua volta. Estará, nesse momento, no Gran Teatro del Liceo de Barcelona, sentado numa cadeira e o maestro Gustavo Dudamel, alma da Fundação Gustavo Dudamel, dar-lhe-á as boas-vindas. A seguir, ver-se-á rodeado dos músicos de uma orquestra sinfónica, todos em silêncio, à espera da indicação do maestro, que dará energicamente início à Sinfonia n.º 5 de Ludwig van Beethoven. As famosíssimas quatro notas que abrem esta sinfonia marcam o começo desta experiência.

O espetador verá os músicos distribuídos no palco da forma habitual, por famílias de instrumentos (cordas, madeiras, metais e percussão), e senti-los-á muito perto da sua forma real, e sentirá a energia e o olhar do maestro, que estará mesmo à sua frente. Esta experiência musical permite-lhe virar a cabeça em todas as direções, adquirindo novas perspetivas da orquestra e dos seus instrumentistas.

Este projeto itinerante, dá-nos a oportunidade de perceber, através das imagens e da música, como, a partir de um simples pedaço de madeira ou da dureza de um pedaço de metal, é possível construir um universo tão sofisticado e maravilhoso como o de uma orquestra sinfónica. Deste modo, Symphony desconstrói a orquestra para mostrar a simplicidade, que contrasta com o sem-fim de recursos que são oferecidos aos compositores para expressarem as suas ideias e emoções.

Experiência imersiva em dois tempos

Esta experiência imersiva tem a duração aproximada de 40 minutos, dividida em dois tempos. Começa com a projeção de um filme panorâmico e passa depois para a realidade virtual, que permite ver em 360º a Mahler Chamber Orchestra, dirigida por Gustavo Dudamel, e filmada no Gran Teatro del Liceo de Barcelona.

A experiência decorre em duas unidades desmontáveis de 100 metros quadrados cada uma. O primeiro espaço destina-se à projeção de um filme num ecrã de grande dimensão (12 minutos) e o segundo à experiência de realidade virtual (12 minutos). A primeira parte é um preâmbulo sonoro e visual da experiência virtual. Trata-se de um filme sem palavras em que a história é contada através dos sons e da música. A sua finalidade é criar uma oportunidade para tomarmos consciência das paisagens sonoras que nos rodeiam todos os dias e em qualquer lugar.

Três jovens músicos de diferentes partes do mundo protagonizam este filme inicial rodado na Colômbia, em Nova Iorque e na costa mediterrânica. Através dos sons e das músicas dos locais onde vivem, poderemos perceber como cada um deles está ligado aos sons e à música que o rodeiam. Através deste mosaico de contraste, o espetador irá descobrir como o engenho do ser humano consegue transformar sons aleatórios em música, unindo, deste modo, diferentes culturas.

No final deste primeiro filme, os espetadores acederão à experiência musical imersiva com dispositivos de realidade virtual. Depois de ouvirem a Sinfonia n.º 5 de Beethoven e de verem Gustavo Dudamel da primeira fila, a experiência leva-os para outro espaço: a oficina de um luthier. Ali, poderão ouvir o som da madeira a ser esculpida pelo artesão construtor de instrumentos de corda, antes de entrarem no violino em que este está a trabalhar e, depois, num trompete.

Para reforçar o poder emocional da música, o espetador será acompanhado da melodia do início da Sinfonia n.º 1 de Gustav Mahler, num ambiente intimista e especial, para depois terminar a viagem novamente com a orquestra, que nesse momento interpretará o jovial Mambo de West Side Story, de Leonard Bernstein.

Mais de 250 pessoas envolvidas no projeto

No total, trabalharam e colaboram neste projeto mais de 250 pessoas, das quais uma centena da área artística, do luthier David Bagué aos 60 extraordinários mentores da Mahler Chamber Orchestra e aos 41 jovens artistas da Fundação Gustavo Dudamel, que representaram 22 países de cinco continentes (oriundos, entre outros, dos Estados Unidos da América, Hong Kong, Japão, Espanha, Noruega, Venezuela, Colômbia, Coreia, Suécia, França e Argentina), que, sob a batuta de Gustavo Dudamel, não só deram vida a obras-primas do repertório clássico, como alargaram o acesso dos jovens à música e às artes, dando-lhes ferramentas e oportunidades para forjarem os seus próprios futuros criativos.

Uma experiência para todos os tipos de público

O projeto Symphony é uma experiência pedagógica, cultural e lúdica pensada para o público maior de 8 anos. Não requer movimento por parte do utilizador, uma vez que o seu principal objetivo é fomentar o gosto por ouvir música. Pela natureza da própria tecnologia VR, existem, no entanto, algumas restrições, relacionadas com os menores de 8 anos e as pessoas que sofrem de epilepsia e vertigens, entre outras.

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