Lume: O reavivar do típico restaurante dos bairros de Lisboa

O Lume, restaurante recém-inaugurado no Areeiro, pretende assumir-se como um típico restaurante de bairro, em Lisboa

Lume Restaurante
Lume: o reavivar do típico restaurante dos bairros de Lisboa - ®DR

Comida simples e saborosa e um espaço aberto a todos, onde o ambiente seja informal, despretensioso e que remeta a referências perdidas no tempo para famílias ou grupos de amigos é o conceito do ‘Lume’, restaurante recém-inaugurado no Bairro do Areeiro.

Os restaurantes de bairro, muito comuns nos bairros de Lisboa de há alguns anos, foram desaparecendo, dando lugar aos restaurantes de fast-food e de franshing.  De acordo com Fábio Fevereiro e Bruno Marques dos Santos, fundadores do Lume, “estes restaurantes são quase uma espécie em vias de extinção, pelo que quisemos resgatar esse espírito e apostar numa maior proximidade com os nossos vizinhos”, explicam.

“Queremos ser uma referência dentro do bairro. Passeamos por Lisboa e encontramos franchisings ‘a torto e a direito’ e havia na cidade uma lacuna. Quisemos destacar uma das coisas que Portugal tem de bom e que é tantas vezes mencionado pelos viajantes e turistas: a gastronomia. Faz parte da nossa identidade e queremos preservá-la aqui. As famílias, por exemplo, começam a ter alguma dificuldade em encontrar um sítio com identidade, com pratos típicos, com uma cozinha que os remeta às suas raízes. Esperamos, em breve, ser esse espaço na cabeça das pessoas como a opção mais óbvia!” acrescentam.

O Lume é antes de mais um resgate ao típico restaurante de bairro. Um local despretensioso, embora cuidado, onde estão presentes detalhes já caídos em desuso, como os pratos com riscas azuis, tão em voga a determinada altura por esses restaurantes da capital, entretanto desaparecidos, os copos de vidro que fazem lembrar os copos utilizados para os galões de outros tempos, entre outros detalhes que remetem para uma outra Lisboa.

A decoração foi também pensada para originar temas de conversa e partilha de histórias à mesa. Mais do que a criação de um novo conceito, pretendem reavivar o espírito de bairro, voltar a ter a vizinhança à mesa (e as pessoas de fora do bairro, claro!).

Em termos do menu, este é inspirado na cozinha tradicional portuguesa, , mas com um toque especial da criatividade, experiência – e até alguma ousadia – do Chef João Augusto. Um menu “quase” tradicional, salvaguardando o espaço para a criatividade e inovação que a nova geração representa.

O menu, idealizado pelo chef, é muito inspirado pelo receituário tradicional português, da cozinha “afetiva” das mães, avós e tias com boa mão para a cozinha e das quais todos nós sentimos alguma saudade e nostalgia. O Chef João Augusto confessa: “Seria pretensioso da minha parte replicar essas receitas que sempre têm um toque pessoal, por isso, aqui no Lume preferimos dizer que somos um restaurante “quase” tradicional. Eu tenho as minhas memórias de infância muito associadas a pratos típicos portugueses, mas tenho também um gosto pessoal, formação, experiências várias e tudo isso eu traduzo para os pratos que confeciono. Ou seja, cada prato será uma parte importante das memórias que eu e muitos carregam, muito associadas a sabores e ocasiões particulares, mas sempre com a minha criatividade à mistura. É também uma forma de homenagear a cozinha tradicional portuguesa e de perpetuar tradições.”

Do menu fazem parte, pratos fáceis de apelar à nossa memória coletiva. Nas entradas, o Pica-pau, os Croquetes de Carne (que no Lume dizem ser os melhores do mundo!), os Peixinhos da Horta e Limão, os Pastéis de Massa Tenra com Bacalhau, Berbigão e Pil-Pil ou o Camarão ao Alhinho; já nos pratos principais de carne podemos encontrar o Pernil com Batata Assada Salteada, um bom Bife à Lume com batata frita e ovo, Bochecha de Vitela estufada com puré de batata, ou o belíssimo Arroz de Pato e Salada de Laranja. Para os pratos de peixe, o Chef João Augusto reservou-nos uma deliciosa Açorda de Camarão e Lardo, um Bife de Atum de cebolada ou, ainda, um Bacalhau na Brasa, caldo, batata assada e couve frita.

Há ainda opções para vegetarianos ou vegans, com uns Cogumelos à Bulhão Pato com puré de cenoura ou Alface Grelhada com feijão com vinha d’alhos.

Num bom restaurante de bairro não faltam as sobremesas que se querem clássicas como uma Mousse de Chocolate (que aqui leva um crumble e moscatel), Baba de Camelo à Valentina, um Arroz-Doce à moda da minha mãe (lá está!), ou um Pudim de Pão com calda de vinho do Porto.

Diariamente, como em qualquer restaurante de bairro que se preze, o Lume tem também a Sugestão do Dia que oferece pratos habitualmente fora da carta. De entre as opções podemos encontrar: Feijoada à Lisboeta (segundas), Arroz de Lingueirão e Berbigão (terças), Javali Estufado e batata assada (quarta), Feijoada de Choco (quinta), Cabidela de Frango do Campo (sexta), Massada de Cherne (sábado).

A semana termina (ou começa?) com um ex-libris: o “Cozido ao Lume”. Disponível todos os domingos e inspirado no tradicional Cozido à Portuguesa, e tem, no entanto, as suas particularidades: todos os domingos os enchidos são escolhidos de pequenos produtores diferentes. Esta é também uma forma de trabalhar em conjunto com pequenos produtores nacionais que têm produtos de excelência e que merecem destaque. O “Cozido ao Lume” é assim um exclusivo a cada domingo tornando-o único e irrepetível!

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