Falar sobre gastronomia está na ordem do dia.

Com a proliferação de hábitos gastronómicos de peso (passe a expressão), facilmente identificamos uma série de estabelecimentos que transformaram a fast food em slow food, com especial ímpeto para a apresentação mais cuidada e criatividade redobrada na utilização de ingredientes menos usuais que os que estamos habituados a ver. Competindo ferozmente com esta tendência, vem a crescente vontade de alertar para o benefício de uma alimentação saudável, em prol da preservação da saúde, da vida dos animais e da sustentabilidade do meio ambiente. Se por um lado o cuidado é redobrado na escolha dos alimentos que ingerimos, não menos o é na apresentação e na criatividade com que somos brindados por receitas mais health friendly.

Exemplo disso, o recém-criado Alho Francês, um projeto do jovem cozinheiro Nuno Mota que, seguindo a sua paixão e profissão em torno da cozinha tradicional portuguesa, percebeu que o conceito de comida vegetariana, como é visto por maior parte das pessoas, tem ainda muitas falhas e equívocos. Desajustes que se estendem à forma como os pratos vegetarianos são abordados em grande parte dos restaurantes.

Nuno Mota, ou o Alho Francês, tem por objetivo fazer-nos salivar pelos seus pratos vegetarianos, reinterpretando receitas e conceitos da comida tradicional portuguesa e seguindo igualmente uma variante mais criativa e inovadora.

Outra tendência que tem vindo a promover a aquisição de hábitos alimentares mais diversificados e conscientes é a compra de cabazes de frutas e legumes locais através de empresas de entrega ao domicílio. Uma destas empresas, a Olhó Cabaz, presta este serviço personalizado, exclusivamente na margem sul, desde finais de 2013. Os produtos, oriundos de quintas em Azeitão e Palmela, são apanhados no próprio dia da entrega, e o cabaz pode ainda incluir pão, queijo, compotas e outros produtos regionais.

O caso do Alho Francês e da Olhó Cabaz vai além dos seus objetivos mais imediatos. Cruzaram-se um dia, quase por acaso, meio por destino, e da vontade de mostrar como é possível mudar a forma como se olha e principalmente se saboreia a comida vegetariana, surgiu a ideia de organizar um workshop de Comida Vegetariana. E assim foi. No dia 12 de março, em plena Serra da Arrábida, numa das quintas que fornece a Olhó Cabaz, um grupo de curiosos, chefs caseiros e, ao contrário do que possam pensar, nem todos vegetarianos, conheceram algumas das receitas e truques que fazem a comida vegetariana colocar de lado muitas iguarias carnívoras. Destaque para os maravilhosos cogumelos Portobello recheados com pasta de legumes. E para a surpreendente e explosiva mistura de pimentos e physalis num doce que tem tanto de colorido como de saboroso.

Esta dupla tenta assim provar, de uma forma acessível e descontraída, que não está de todo longe das nossas capacidades – quer financeiras, quer culinárias – revolucionar o que se come por casa. O sabor e a simplicidade são tão expressivos quanto a cor e a criatividade dos produtos e das receitas criadas. Alia-se a isso a oportunidade de promover a sustentabilidade dos produtores locais. A economia agradece. A saúde também!