Drawing Room Lisboa – a riqueza e relevância da prática do desenho contemporâneo estão em Lisboa

Abriu ontem (10) ao público, na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em Lisboa, a primeira edição do Drawing Room Lisboa, que reunirá 50 artistas e 19 galerias de Portugal, Espanha, Grécia, França, Alemanha, Brasil e Colômbia, e que decorrerá entre hoje e domingo (14).

Drawing Room Lisboa
Drawing Room Lisboa - ©Aldrabiscas

Depois de três edições de sucesso da Drawing Room Madrid, a Drawing Room Lisboa é um projeto curatorial focado no colecionismo do desenho contemporâneo, que apresenta um conjunto abrangente de livros de artista, edições em múltiplos e catálogos, apresentadas pelas editoras e livrarias.

Colecionadores, profissionais e amantes da arte são convidados a descobrir o panorama artístico contemporâneo através de projetos de cerca de 50 artistas nacionais e internacionais estabelecidos ou emergentes selecionados por um comité de curadores.

Primeira e única feira de arte especializada em Portugal, a Drawing Room Lisboa, dará ao público a oportunidade de conhecer a riqueza e relevância da prática do desenho contemporâneo. Aqui, a nova geração de artistas que fizeram do desenho o seu meio privilegiado encontra a inegável devoção pelo desenho dos grandes mestres.

Em conversa com a espanhola Mónica Álvarez Careaga, diretora da Drawing Room ficamos a saber que a escolha do local para esta feira de arte foi porque a SNBA tem fama de ser um dos espaços mais bonitos de exposição de Lisboa.” É muito central e está muito bem dimensionado para o primeiro ano de uma feira” afirma Monica Careaga que nos diz, que a ideia de trazer esta feira para Lisboa surgiu por quererem fazer “uma feira especializada em desenho contemporâneo, porque os artistas estão fazendo muito desenho contemporâneo em todo o mundo e especialmente em Portugal. Acho que há um momento de expansão da técnica de desenho e como esta feira – já fizemos 3 edições em Madrid – tivemos a sensação de que havia uma lacuna em lisboa e para nós é muito importante ver que lisboa é uma cidade que tem todos os apelos culturais na música,  no cinema de todos os tipos, na literatura e nesta  especificidade do desenho contemporâneo não havia  e nós modestamente, ficamos  muito orgulhosos de poder trazer a esta cidade  algo diferente”.

São 19 as galerias escolhidas, com origem em Portugal, Espanha, Grécia, França, Alemanha, Brasil e Colômbia. “Fizemos uma convocatória aberta. Rejeitámos 12 galerias. Ficámos com 19 das que pensámos que eram boas”, continua Mónica Álvarez, acrescentando que a seleção foi feita pela diretora artística da feira, a portuguesa Maria do Mar Fazenda, com a participação de um comité consultivo internacional e dela própria.

Mónica Álvarez Careaga, que já foi consultora de uma das feiras de arte lisboetas que, entretanto, desapareceram, e que conhece bem o contexto artístico nacional, diz. “Os artistas atualmente estão a fazer muito trabalho sobre papel, mas, como é mais barato, há muito colecionismo jovem”, acrescentando que 24% do mercado mundial é composto por desenho.

Os desenhos que vamos poder ver até domingo na SNBA são bastante mais abrangentes na sua definição. “É um desenho expandido que se mistura com outras disciplinas.”

Quanto a objetivos, a diretora deste evento elogia a boa receção das galerias o que faz com que a vontade de fazer mais edições, seja um deles. O outro é “contribuir para que valha a pena trabalhar em papel, que o desenho seja valorizado culturalmente e no mercado da arte”.

Mónica Álvarez Careagaconvidou Maria do Mar Fazenda, curadora independente e investigadora, a colaborar  com a Drawing Room Lisboa,para fazer a direção artística desta  primeira edição da feira em Lisboa, convite que Maria aceitou de imediato até porque segundo esta investigadora de arte “ Lisboa parecia ser a cidade que estava a faltar colocar neste mapa e circuito artístico dado que a cena artística portuguesa é de grande qualidade. E o desenho parece-me ser uma excelente forma de dar a conhecer o trabalho de um grupo alargado de artistas, porque o desenho é transversal a diferentes práticas artísticas. A meu ver, o desenho ou o ato de desenhar é uma forma de pensamento, de descobrir e de revelação própria dos artistas.”

Especificando Maria diz-nos que “o desenho pode acontecer sobre qualquer suporte e o papel para além de servir de suporte do desenho pode ser trabalhado enquanto matéria, por exemplo, de uma obra escultórica, em que o desenho não está presente. São múltiplas as possibilidades do desenho. Uma delas é o desenho expandido, como se pode ver nesta feira”.

Pedro Gomes um dos artistas presentes em Drawing Room, apresenta ‘Panorama’ uma instalação de desenhos desenvolvida a partir da ideia moderna do cubo branco e das pinturas panoramas do fim do século XVIII. Composta por desenhos a grafite e acrílico sobre papel, em módulos de folhas quadradas de 140 cm,

‘Panorama’ ocupa todas as paredes brancas da sala de exposição, transformando o espaço asséptico do white cube numa câmara de um ruído infinito que se assemelha ao “white noise”.

Este foi um trabalho feito pelo artista especialmente para esta exposição, que espera  que esta feira “construa públicos novos, já que o desenho é a base da maior parte dos artistas.  É a partir do desenho que eles registam as suas ideias, é muito difícil a um artista prescindir do desenho. Normalmente é mais silencioso” afirma Pedro Gomes.

A feira tem cinco projetos especiais, dedicados a um só artista: Jorge Martins (Galeria Arte Periférica), Paulo Lisboa (Graça Brandão), Adriana Molder (Donopoulos), Pedro Gomes (Presença) e Federico Lamas (RV).

Uma exposição(feira) a não perder até porque está situada junto à Av. da Liberdade, bem no centro de Lisboa.