Comando da operação “Baltops”, no Báltico, realizado a partir de Portugal

Pela primeira vez o comando da operação “Baltops”, no Báltico realizou-se em terra, no novo centro de operações marítimas do quartel-general das Forças Navais de Ataque e Apoio da OTAN (STRIKFORNATO), localizado em Oeiras.

BALTOPS
Comando da operação “Baltops”, no Báltico, realizado a partir de Portugal - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

Apesar de algumas alterações, com menos unidades militares, com os exercícios a serem realizados em exclusivo no mar, de forma a permitir melhorar a cooperação, mas também para garantir que as guarnições permaneçam saudáveis, o cancelamento do exercício da NATO BALTOPS devido à pandemia nunca foi uma opção, tendo a 49.ª edição sido comandada desde Oeiras, a três mil quilómetros do Mar Báltico.

Três mil militares de 19 países, com 29 navios e o mesmo número de aeronaves, participaram no 49.º BALTOPS, “um dos mais importantes exercícios marítimos na região do Báltico”, que começou no dia 07 deste mês e terminou ontem, dia 16.

BALTOPS com exercícios reduzidos

“Eu sei que muitos exercícios foram ou muito reduzidos ou mesmo cancelados. Quando olhámos para a situação estávamos determinados em fazer alguma coisa. O BALTOPS acontece consecutivamente há 49 anos e seria errado não o realizar, nem que fosse só com um navio”, referiu o contra-almirante Guy Robinson, da Royal Navy, segundo comandante da STRIKFORNATO.

“Ao contactar os países na zona do Báltico percebemos que estes estavam muito gratos pelo facto de nós mantermos o 49.º BALTOPS e tivemos muito apoio. Foi por isso que tivemos três mil pessoas a participar e fizemos o exercício em segurança”, afirmou o britânico Guy Robinson.

De acordo com o segundo comandante da STRIKFORNATO, a pandemia, veio alterar o modelo habitual do exercício. “Uma das maiores tradições do BALTOPS é usar forças anfíbias, que envolve pôr marinheiros do mar numa praia algures e nós quisemos evitar isso. Também no exercício há muitas alturas em estão envolvidos navios comerciais ou navios de guerra que querem praticar. Não pudemos fazer esses exercícios”, explicou, uma vez que foi preciso “ter precauções” porque o importante era “manter os marinheiros saudáveis”.

BALTOPS em tempo de covid-19

Por seu turno, o capitão-de-mar-e-guerra Fernando Conceição, adjunto do Chefe-do-Estado-Maior da STRIKFORNATO referiu, que, devido à covid-19, na fase final de planeamento do exercício, foi necessário recorrer à teleconferência, através de um “sistema de comunicação classificada”, sendo por isso “seguro transferir informação através desses meios”

De acordo com o adjunto do Chefe-do-Estado-Maior da STRIKFORNATO, assim que foi declarado o estado de emergência, nas instalações de Oeiras “toda a legislação e todas as regras que foram difundidas” foram aplicadas, tais como aumentar a distância social entre os elementos, dentro dos espaços fechados e não exceder a lotação que está definida por lei.

No caso de algumas reuniões em que era exigido mais pessoal, este foi distribuído por diversas salas existente no comando, ficando todos ligados por vídeo conferência. Também o uso de máscara e desinfeção regular das mãos, se tornou pratica obrigatória nas instalações.

“Neste comando, até ao momento, ainda não foi identificado qualquer caso de covid-19 entre os seus membros, contrariamente a outros comandos [da NATO] que nós sabemos que tiveram que lidar com esse caso”, referiu.

Para o capitão-de-mar-e-guerra Fernando Conceição a covid-19 “foi um desafio” uma vez que “nós somos militares e temos de estar prontos para corresponder a qualquer situação seja ela a que for e provámos mais uma vez que estamos aptos, independentemente desta situação que tem limitações, mas conseguimos”, salientou.

Este militar da Marinha Portuguesa, recordou que este exercício “revelou-se uma excelente oportunidade de treino uma vez mais e foi um sucesso” apesar de ter um “staff foi mais reduzido em termos de unidades participantes”.

STRIKFORNATO

Na dependência direta do Comandante Operacional da NATO, a STRIKFORNATO atua como comando de forças conjuntas, centrado em ambiente marítimo, tendo como missão o comando e controlo do sistema de defesa marítima antimísseis da Europa.

O BALTOPS é um exercício anual, iniciado em 1972, que demonstra o compromisso da NATO em promover a paz e a segurança na região do Báltico, ao possibilitar o treino das forças para que mais rapidamente possam responder em tempos de crise.

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