Covão do Teixo – O ‘coral’ feito de granito na Serra da Estrela

A nosso percurso pela Serra da Estrela continua, mas desta feita no Covão do Teixo, aquele a quem apelidam de ‘coral de granito’. Um desafio radical que se por um lado nos causou algum respeito, por outro foi indescritível o prazer de ‘página a página, hora a hora’ verdadeiramente termos descoberto um pouco mais do ‘Planeta Estrela’

Covão do Teixo Serra da Estrela
Covão do Teixo – O ‘coral’ feito de granito da Serra da Estrela

Covão do Teixo – O ‘coral’ feito de granito na Serra da Estrela

O receio vence-se quando se o enfrenta. Foi este o lema de uma aventura que realizámos na Serra da Estrela, numa experiência onde aliámos a caminhada com escalada desportiva em rocha. Um dia cheio de emoções fortes, onde o contacto com a natureza granítica desta montanha nunca foi tão intrínseco. Há dias que se gravam na memória como uma tatuagem definitiva e este, sem dúvida, foi um dia desses para os nossos convidados este Verão.

 

A lua desceu à Estrela…

Ficámos sentados no carro a olhar o cenário à nossa frente. Uma paisagem onde o granítico é rei, provindo das profundezas da Terra e cuja erosão e alteração transformou-o, dando-lhe formas dignas de cenário lunar. Aqui reside a beleza desta paisagem. À aspereza de um planalto salpicado de blocos in situ, tors, caos de blocos e rochas zoomórficas convida-nos a mergulhar neste oceano rochoso, tal como num fundo marinho, onde em vez de corais, temos uma considerável comunidade liquénica, que dá às rochas tonalidades várias. Como dizia um dos nossos convidados de forma assertiva: “é um coral, mas em terra”.

 

Preparativos…

Tratamos de verificar o material para a atividade cordas onde, como em qualquer atividade em contexto outdoor, a segurança é a palavra de ordem e está acima de tudo. Iniciámos a nossa marcha rumo às vias, mas o nosso programa inicia-se logo que entramos neste “recife de corais granítico”. As inacabáveis formas com o qual somos contemplados leva-nos, por vezes, a considerar se não estamos mesmo num outro planeta. Eu digo sempre que sim: estamos no planeta Estrela, onde a natureza é a escultora de alto gabarito e onde expressa a sua imensa criatividade. E nós, obviamente, nunca poderíamos deixar de visitar esta galeria de arte…

 

No ‘coral’ de granito…

Tal como num sentimento de expedição, embrenhamo-nos por esta área de paisagem atípica e quase lunar. Atrás de cada rocha, de cada pequena elevação, somos confrontados com algo novo, singular, com detalhes característicos que fazem sempre subir a nossa expetativa. É mesmo esse o sentido que um destino turístico como a Estrela transmite em alta frequência: emoção, diferença e surpresa. As formas das rochas e as cores que elas ostentam, como que explodem à nossa volta e nós, como humildes anfitriões, somos “obrigados” a receber as ondas de choque deste impacto visual. Não existesoftwaredos nossos aparelhos eletrónicos que consiga absorver isto: só a nosso olhar e para isso temos que aqui estar. E, curiosamente, estamos…

 

Nós e a rocha…

Temos o nosso destino à vista, imóvel como sempre, imponente em todas as perspetivas. Tal como uma orquestra devidamente afinada, do alto dos seus palanques rochosos, Ferreirinhas-comuns,Chascos-cinzentose Ciasanunciam a nossa chegada com popa e circunstância. É uma receção de luxo, mas na verdade quem são as vedetas é tudo aquilo que faz parte integrante deste ecossistema diariamente, não nós.

Estamos a aproximarmo-nos do momento D do dia. Os nossos convidados mostram-se algo receosos pois vão entrar numa nova relação. Uma relação Homem-Natureza que envolve um contacto próximo, uma dança, um envolvimento, um respeito pela natureza com o qual lidamos. Confiando numa corda e no parceiro de segurança, saímos do chão e passamos a ler a rocha como lemos um livro. Cada protuberância, cada cristal de quartzo desta é uma sílaba que temos de agarrar e encaixar para formar uma palavra. Cada metro que subimos é uma palavra que aliamos com outra para construir um sentido. Cada movimento ritmado dos nossos membros rocha acima é uma frase que completamos.

No fim, quando chegamos ao topo, a página completa-se. Descemos a parede, orgulhosos do nosso feito, de estarmos aqui neste espaço mas já com os sentidos orientados para próxima página. É isto sucessivamente, página a página, hora a hora. E assim vamos escrevendo o nosso livro.

 

Regresso de sorriso estampado…

O sol cai, iniciando a sua despedida. É o sinal óbvio que temos de regressar. Um regresso onde se comentam os seus feitos, ostenta-se a satisfação de terem desafiado receios e, acima de tudo, agradecem-nos esta oportunidade de terem observado e conhecido a Serra da Estrela numa outra dimensão, totalmente oculta e desconhecida. Como qualquer montanha, oceano, deserto, conhece-se melhor para lá do que se vê no horizonte próximo. É para isso mesmo que aqui estamos, para levá-los a conhecer melhor…

 

NOTA MUITO IMPORTANTE: No percurso que efetuamos ao “Covão do Teixo – O ‘coral’ feito de granito na Serra da Estrela” aconselha-se vivamente a visita com acompanhamento de guia

 

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