Artistas de rua: a Pandemia tirou-lhes o palco e o rendimento

Telmo Duarte e Catarina Ribeiro são apenas o exemplo de tantos artistas de rua que, por força da Pandemia, estão sem ‘palco’ e forçados a (sobre)viver.

Artistas de rua Pandemia
Artistas de rua: a Pandemia tirou-lhes o palco e o rendimento - ©Bruno Taveira

Sem apoios governamentais ou institucionais, os artistas de rua devido à Pandemia foram obrigados a reinventar-se, alguns abandonaram a arte para puder (sobre)viver outros simplesmente esperam pelo regresso (sem data marcada).

Falamos de malabaristas, músicos, palhaços, mímicos e alguns ilusionistas. Eles animam as ruas das cidades, arrancam sorrisos e aplausos dos espectadores, é da arte que a maioria obtém a sua fonte de rendimento.

Telmo Duarte e Catarina Ribeiro são os rostos (como tantos outros) de artistas de rua que ficaram sem trabalho. Esta dupla de artistas circenses, formadas no Chapitô, e criaram o “DuoVidoso”. Desenvolvem espetáculos de acrobacia, malabarismo e dança no palco principal – a rua. É dos espetáculos que vivem, e é deles que querem continuar a viver, mas devido à pandemia perderam a sua fonte de rendimento.

Num ano que se considerava próspero, Telmo e Catarina iniciavam mais uma época de espetáculos, quando o país entrou em confinamento e afastou as pessoas da plateia, “deslocamo-nos até ao Algarve para fazer uma audição, mas depois foi cancelada no dia 14 de março, no seixal íamos fazer um evento na rua e foi cancelado, a partir daí não tivemos mais trabalho”, refere Telmo.

Depois de dois meses de confinamento, Telmo e Catarina não conseguiam realizar atuações, as novas regras de ajuntamentos de pessoas nas ruas, não foi favorável e também não dispunham de verba suficiente para se deslocaram para alguns locais mais turísticos, “foi possível durante dois meses, não aqui na Ericeira, ou Lisboa, mas no Algarve foi possível fazer rua, não conseguíamos ir porque não tínhamos um fundo de maneio”, afirma Catarina.

Sem apoios

Sem apoio para a atividade que desenvolvem, são muitos artistas de rua (e todos os outros) que esgotam as suas poupanças e entram em modo de sobrevivência face à Pandemia. A escolha de produtos mais baratos, gastar só com bens essenciais, colocar de lado algumas mordomias, fazer alguns trabalhos esporádicos noutras áreas, são algumas obrigações para esticar o pouco orçamento que têm.

A maioria dos artistas para atuar nas ruas devem estar legais. A legalidade passa por obter uma licença, emitida pelas autarquias que atesta que podem usufruir de um pequeno espaço urbano para trabalhar, “temos de pedir licença para fazer rua, a maioria das autarquias fazem-nos pagar para ter essa licença (Licença de Ruído) e as vezes temos de pedir um ano antes”, explica.

Atualmente a dupla de artista iniciaram um projeto, onde lecionam e partilham a base das artes circenses para jovens e adultos. Continuam a praticar diariamente para melhorar a performance dos seus espetáculos e desejam o regresso rápido à rua, sem condicionalismos e com mais apoios para todos os que fazem vida desta nobre profissão.

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