Na rota das Invasões Francesas : em Castelo Branco começou a (re)descoberta

Castelo Branco foi o ponto de partida escolhido para a (re)descoberta da rota das Invasões Francesas na Beira Baixa

Castelo Branco na rota das Invasões Francesas
Na rota das Invasões Francesas : em Castelo Branco começou a (re)descoberta - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

A vontade saber mais acerca da rota das Invasões Francesas, pela Beira Baixa levou-nos a Castelo Branco, um dos seis municípios que percorremos, por caminhos que nos contam estórias da história desta região.

A primeira invasão francesa aconteceu em novembro de 1807, com as tropas francesas, chefiadas pelo general Junot, a entrarem em Portugal, pela região da Beira Baixa, tendo sido Castelo Branco a primeira cidade importante do Reino a tomar consciência dos tempos conturbados que se avizinhavam.

Por aqui entraram as tropas francesas, que cansadas e mal alimentadas, deixaram um rasto de destruição por onde passaram. As culturas armazenadas, pelas populações de Castelo Branco e zonas circundantes, para fazer frente ao Inverno, foram saqueadas pelas tropas que estavam de passagem a caminho de Lisboa.

Quase todos os conventos, igrejas e casas de população foram ocupadas pelas tropas de Junot, que ocupou o Paço Episcopal, mandado construir pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça.

O Jardim do Paço Episcopal é um dos mais originais exemplares do barroco em Portugal e o ex-libris da cidade de Castelo Branco.

O jardim, traçado ao gosto italiano, está organizado em diversos patamares ligados por escadarias, com alamedas e percursos temáticos, definidos por canteiros de buxo recortado.

Além de cinco lagos que simbolizam as chagas de Cristo, no Jardim podemos encontrar estátuas de granito, em que se destacam os Novíssimos do Homem, Quatro Virtudes Cardeais, as Três Virtudes Teologais, os Signos do Zodíaco, as Partes do Mundo, as Quatro Estações do Ano, o Fogo e a Caça.

Nas escadarias estão representados Apóstolos e os Reis de Portugal até D. José I.

Junto ao jardim, o edifício do Paço Episcopal, cuja construção teve início no final do século XVI destinando-se a residência de inverno dos bispos da Guarda, alberga atualmente o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, outra visita imprescindível nesta cidade.

Foi a custo que deixamos este belo jardim para subirmos até ao Castelo. Pelo caminho deparámo-nos com um mural de arte urbana do artista @stylerone90 que recorda a entrada dos franceses na cidade.

Um pouco mais acima, tivemos a oportunidade de visitar o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, que visa contribuir para a revalorização, recuperação, inovação e relançamento do Bordado de Castelo Branco, o ex-libris da cidade e do Concelho e uma forma de expressão artística ímpar.

A criação do Centro de Interpretação resultou da recuperação de um edifício iconográfico de Castelo Branco, Domus Municipalis, antiga Casa da Vila, antiga Cadeia e, mais recentemente, Biblioteca Municipal, situado na Praça de Camões, ou Praça Velha, que delimita a Zona Histórica, de traça medieval, e a cidade nova.

O Centro de Interpretação, para além de espaço museológico e loja, acolhe também a Oficina-Escola de Bordado de Castelo Branco, que reúne algumas das mais aptas bordadoras, artífices das peças de genuíno Bordado de Castelo Branco, atualmente na fase final do processo de Certificação.

Era já noite, quando chegamos ao Castelo, ou mais propriamente às suas ruínas. O Castelo de Castelo Branco, também conhecido localmente como Castelo dos Templários, era um castelo ibérico estratégico e integrava, na Idade Média, a chamada Linha da Raia ou Linha do Tejo. Severamente danificado ao longo dos séculos, o castelo dos Templários permanece como o mais importante registo histórico-militar da cidade.

O desmembramento das suas muralhas iniciou-se no século XIX, altura em que muitos particulares começaram a considerar este imóvel como uma excelente pedreira para as suas obras, atitude seguida também pela Câmara Municipal, após as destruições efetuadas pelas tropas napoleónicas na cidade.

Praticamente em ruínas na década de 30 do século XX, o que restava do castelo foi objeto de uma primeira campanha restauradora pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que privilegiou a consolidação das estruturas ainda subsistentes, a par da recriação de alguns elementos, como as janelas neo-manuelinas de onde se tem uma vista paisagística sobre a cidade.

Dentro das muralhas, situa-se a Igreja de Santa Maria do Castelo. Do templo primitivo, pouco ou nada resta. As sucessivas reconstruções tornaram-na incaracterística e sem grande valor artístico.

Um pouco abaixo do Castelo, o Hotel Meliã, nosso refúgio para essa noite. Tempo para um banho e um breve descanso num dos confortáveis quartos, onde não faltou um miminho que muito nos agradou. Uma lunch box com alguns dos produtos icónicos desta região: borrachões (bolo tradicional), licor e doce de cereja e um adufe em miniatura. Seguiu-se o jantar, onde não faltou a recriação de um recital musical da época das Invasões Francesas.

Castelo Branco foi o primeiro dia por terras da Beira Baixa, mas muito havia ainda para (re)descobrir na rota das Invasões Francesas. Sabe como foram derrotadas as tropas francesas, sem resistência dos portugueses, que tinham recebido ordens do Rei D. João VI, para se manterem neutros?

Essas e outras curiosidades, levaremos até si em próximos artigos.

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