Campeonatos Europeus em Pista Coberta: Estabelecido um recorde de Portugal e cinco atletas nas finais

Pedro Pichardo bateu o recorde de Portugal, Tiago Pereira, Auriol Dongmo, Jessica Inchude e Mariana Machado apuraram-se para as finais dos Campeonatos Europeus em Pista Coberta

Campeonatos Europeus em Pista Coberta
Campeonatos Europeus em Pista Coberta: Estabelecido um recorde de Portugal e cinco atletas nas finais - ®DR

Uma boa abertura de Campeonatos Europeus em Pista Coberta, que decorrem em Istambul, por parte dos atletas portugueses, com Pedro Pichardo (que bateu o recorde de Portugal), Tiago Pereira, Auriol Dongmo, Jessica Inchude e Mariana Machado a continuarem em competição nas finais de triplo, peso e 3 000 metros.

Um salto, recorde de Portugal, e o merecido descanso para a final de amanhã. Resumo da prestação de Pedro Pichardo na qualificação do triplo-salto nestes Campeonatos Europeus em Pista Coberta. Logo no ensaio inicial Pichardo saltou 17,48 metros, o seu melhor do ano, melhorando em dois centímetros o recorde Portugal em pista coberta que já lhe pertencia desde o ano passado.

«Veremos se este é o primeiro passo para o segundo título. Amanhã é outro dia, mas eu estou cá para tentar a vitória», disse o atleta que pareceu ter aqui uma qualificação fácil. «Não estou cá propriamente a brincar. Saltei com chapéu e licra comprida porque isso me faz sentir mais pesado e permite-me controlar melhor. Certamente amanhã já não saltarei com chapéu nem esta licra», afirmou Pichardo enquanto fazia notar que o treinador (e seu pai, Jorge Pichardo) lhe disse que o salto não foi bom. «Agora tenho de o rever e retificar o que ele achou que esteve mal», concluiu.

Na mesma prova outro português, Tiago Pereira, que fez os três saltos da qualificação. Abriu com 15,06, melhorou depois para 16,15 e fechou com 16,39, no quinto lugar. «O primeiro salto não me assustou. É verdade que não é o salto que estás à espera, tens apenas mais dois ensaios, mas permite ver o que podes melhorar. E não me assustei porque sabia o que estava a valer, estou confiante nas minhas possibilidades. O primeiro objetivo, passar à final foi conseguido», referiu o atleta que até estava surpreendido pela época de inverno que está a fazer. «Tive uma lesão, a recuperação foi lenta, mas foi bem-sucedida pois permitiu-me estar aqui», referiu, admitindo que na final «o objetivo é ganhar uma medalha para Portugal, quero chegar mais perto do Pichardo e trazer os dois primeiros lugares», concluiu.

Outra campeã europeia, Auriol Dongmo, também esteve muito bem na qualificação do lançamento do peso destes Campeonatos Europeus em Pista Coberta. Também ela conseguiu a marca de qualificação direta, com 18,51 metros. «O mais importante foi feito, o apuramento para a final. Agora sei que tenho de lançar mais longe para poder lutar pelas medalhas. Terei de me apresentar muito forte amanhã na final. Interessa lançar longe e rezar para que seja bom», disse a atleta no final da competição.

Também aqui surgiu outro apuramento português para a final, com Jessica Inchude a lançar a 17,92 metros ao primeiro ensaio, garantindo o sétimo lugar. «Para ser sincera estava à espera de mais. A ideia era fazer um bom primeiro lançamento, para poder garantir um bom lugar, e depois tentar melhorar. Não deu, fiz dois nulos por erros técnicos, mas que acho ser possível melhorar amanhã. Aliás, eu costumo lançar mais a partir do quarto ensaio, aqui só temos três e a pressão é maior. Estou contente e amanhã é dar o máximo», referiu.

Houve mais uma portuguesa no lançamento do peso, mas não foi tão feliz. Eliana Bandeira fez dois lançamentos nulos e só se reencontrou ao terceiro ensaio para chegar aos 17,23 metros, terminando na 12ª posição.

Na pista corria-se a prova de 3000 metros femininos. Alinhando na primeira das meias-finais, Mariana Machado não fez uma corrida ao seu nível e terminou em oitavo lugar, com a marca de 9m07s78”. Apuravam-se as seis primeiras e os três melhores tempos seguintes. Faltava aguardar pela outra meia-final. «É sempre com muita ansiedade que aguardamos pelo desfecho das outras corridas. Sinceramente achei que seria difícil o apuramento, pois a corrida não foi rápida e eu também não estive no melhor», confessou a atleta, já depois de confirmar que estava apurada para a final. «Felizmente a série seguinte foi ainda mais lenta e abriu-se uma oportunidade para estar na final, onde chegou com mérito. Hoje não me senti muito bem, mas pode ser que amanhã esteja muito melhor», referiu a atleta que está a conciliar o atletismo com o curso de medicina, onde cumpre o quinto ano. «Tento aproveitar ao máximo estas oportunidades para continuar a evoluir, pois sinto que mais tarde poderei estar a competir ao nível delas», afirmou antes de se retirar para a merecida recuperação.

Assim, cinco atletas portugueses conseguiram o apuramento para três finais, que hoje têm início no curto espaço de uma hora: às 20h18 (17h18 portuguesas), corre-se a final dos 3000 metros femininos, com Mariana Machado, às 20h35 (17h35), Pedro Pichardo e Tiago Pereira têm a final do triplo-salto, e às 20h53 (17h53) é hora de lançarem Auriol Dongmo e Jessica Inchude.

O primeiro atleta português a entrar em ação nos Campeonatos Europeus em Pista Coberta Coberta foi José Carlos Pinto, na segunda eliminatória dos 800 metros. Depois de uma primeira corrida mais rápida, a série do português foi num ritmo mais lento. José Carlos Pinto demorou a reagir, apenas foi atrás a 300 metros do final, ainda passou um dos melhores espanhóis, Saul Ordoñez, e terminou fazendo acreditar que teria sido possível passar diretamente para as meias-finais. Terminou em terceiro, com a marca de 1m50s57”.

«Não fiquei apurado por culpa própria. Demorei a reagir na mudança aos 500 metros, e isso foi “a morte do artista”, como se diz. Mas quando eles mudaram de ritmo a faltar 300 metros eu senti que também podia responder», afirmou o atleta, desapontado com a sua prestação. «Melhorei em relação há dois anos e levo daqui a certeza de que farei melhor ao ar livre. Sinto que a minha atitude me vai ajudar. Eles podem ser melhores que eu, mas não estou muito atrás. Num dia certo sei que estarei a lutar ainda mais com eles», concluiu o campeão de Portugal.

Pouco depois começava a qualificação do lançamento do peso. Francisco Belo, que nas duas últimas edições dos Europeus chegou ao quarto lugar, não se apresentou em Istambul com a mesma forma. Depois de dois ensaios nulos (um chegou a ter uma medição de 19,35 metros), o atleta português não conseguiu chegar à final, pois o seu derradeiro ensaio (19,61) apenas deu para a 12ª posição.

«Depois de duas edições em que fui quarto classificado é natural que queira vir a estas competições e melhorar. Contudo, já no ano passado tive uma época atribulada, com uma operação que me impediu de estar em mundiais e europeus e outra cirurgia que levou a atrasar o início da temporada de inverno. Não podemos fazer a habitual progressão de cargas. Ainda assim, fico contente por ter chegado perto dos 20.40 na época e estar aqui presente, para ter uma base de confiança para a época ao ar livre», afirmou o recordista nacional.

Entretanto, Patrícia Silva corria a sua eliminatória de 800 metros, terminando na 5ª posição em 2m05s58”. «Ganhei com mérito o direito de participar nestes campeonatos, por isso estou feliz, mas ainda não deu para fazer melhor», afirmou a atleta que não procurou desculpas «não foi nervosismo. Por vezes as coisas não correm tão bem», concluiu a atleta afirmando que o pai, Rui Silva, e a mãe Susana lhe disseram para se divertir ao máximo, aproveitando a oportunidade para a temporada ao ar livre.

Na última prova do programa, os 1 500 metros, Isaac Nader correu na primeira eliminatória, com o norueguês Jakob Ingebrigtsen (que terminou em terceiro), e terminou na sexta posição, com 3m52s73”. «Pensei que esta série até fosse mais acessível, mas tenho a plena consciência de que em Europeus os favoritos podem passar ou ficar de fora. Ontem à noite ainda pensei que seria possível, mas hoje a prática revelou-se outra. Não sinto que tenha de trabalhar mais, sei é que para poder treinar a 100% tenho de estar bem. E na realidade – e isto não é desculpa – não consegui treinar assim. Vim de lesão, treinei sempre com dores e, há alguns dias, o meu treinador até foi da opinião de não virmos competir. Contudo a minha ideia era de que tinha treinado no duro, tinha sofrido tanto, conseguira ter marca direta para a competição que tinha de tentar. Não sou de “atirar a toalha ao chão”, sinto que tenho capacidades para estar a correr com eles para os lugares da frente e agora é aprender com a experiência e continuar a lutar, porque os meus sonhos são altos e quero chegar lá», afirmou o atleta no final.

Os resultados oficiais podem ser consultados na página da European Athletics.

aNOTÍCIA.pt