Cumplicidades – Festival Internacional de Dança Contemporânea de Lisboa

Após a realização de uma edição zero em 2015, arrancou a 4 de março a primeira edição oficial do Festival Cumplicidades, iniciativa que desafia classificações e cultiva o hibridismo e a pluridisciplinaridade através das propostas apresentadas. Pretende, desta forma, contribuir para a divulgação de projetos com menor incidência e visibilidade nos circuitos habitualmente existentes.

Esta iniciativa vem, na palavra do diretor artístico Francisco Camacho, reclamar a existência de um festival dedicado à dança contemporânea em Lisboa: “o tempo de crise e de austeridade acentuou a fragilidade de um sector que nunca se consolidou verdadeiramente e era urgente uma ocasião, um contexto, que impulsionasse o sentido de comunidade, o orgulho de si.”

Com uma linha programática especialmente dedicada ao Médio Oriente, no seguimento de um interesse anteriormente manifestado pela organização, decorre até dia 17 de março uma série de iniciativas em vários espaços da cidade de Lisboa, promovendo assim diversos momentos focados, de acordo com a organização, nos processos artísticos.

Entre outros espetáculos, performances, exposições, poderá assistir já no próximo dia 9 a Os Mal Sentidos, uma coprodução Cumplicidades 2016 em estreia no Negócio ZDB, pelas 21h30. Um espetáculo que trabalha sobre vários níveis de tradução e de deslocação de sentidos da realidade para complexificar a leitura da atualidade numa tragicomédia do Presente. (…) O modo como é transmitida a informação reflete o que “se acredita” ser a articulação do pensamento contemporâneo. As palavras que usamos (ou que caem no uso comum) revelam as nossas crenças, o mundo que temos para articular. Num jogo de espelhos, criam-se vários dispositivos que desdobram a realidade do espaço de apresentação (público, intérpretes, linguagem, tradução, criação de movimento) em “agora” e “representação do Presente”. Cria-se assim uma “confusão dramatúrgica”, reflexo do modo de perceção e tradução da atualidade. Aqui, duas pessoas estão sujeitas à linguagem, como uma arma.

Who said anything about dance!? de Karima Mansour, (Egito), estreia no dia 11 de março às 19h00 no espaço Alkantara.  Num trabalho que se inspira em situações relacionadas com a construção da identidade de um artista, revelando  as entranhas e a intimidade do próprio processo criativo, Mansour joga com as expectativas da audiência para questionar as constantes solicitações e pressões a que o criador está sujeito. Afinal para que serve a arte? Serve para entreter ou para questionar e, algumas vezes, também perturbar? Ao longo deste espetáculo, o tom irónico revela que há sempre mais a ler nas entrelinhas…

Consulte o programa e toda a informação sobre o festival Cumplicidades em: http://www.festivalcumplicidades.pt/

Organizado pela EIRA, estrutura de produção artística que se dedica, há mais de 20 anos, ao desenvolvimento e produção nacional e internacional de dança contemporânea, Cumplicidades passará a ser organizado bianualmente, com programação definida por um(a) convidado(a) diferente a cada edição, garantindo diferentes abordagens artísticas numa ótica de reinvenção e pluralidade.