“A Ultra Maratona Atlântica Melides – Tróia é uma Corrida de Aventura, e acho que posso dizer, de características únicas no mundo, pelo piso, pelos seus 43 km, por uma paisagem deslumbrante da frente atlântica com a Serra da Arrábida por fundo. Esta é uma prova com um enquadramento fabuloso e que leva o ser humano ao seu limite”, disse a vereadora do desporto da Câmara Municipal de Grândola, Doutora Carina Batista.
Numa apresentação de partilhas, foi recordada a génese do Raid de Grândola, cuja primeira edição foi em 1987. Baseada na experiência da Maratona das Areias, em Marrocos, a autarquia queria aproveitar a maior extensão de areia da Península Ibérica para lançar uma experiência semelhante e um dos primeiros participantes foi o professor Mário Machado, que foi contando as suas peripécias “numa edição em que fiz lá um treino de 80 km, com a polícia a levar-me para Pinheiro da Cruz, para ter a certeza de que eu falava verdade. Constrangedor foi o facto de, depois de terem apurado o que queriam, comprovando que falei verdade, deixaram-se numa paragem ali perto e toda a gente ficou a pensar que eu era um antigo hóspede da prisão”.
Já numa nova fase, a prova conheceu outros atletas e participantes e um deles foi precisamente Paulo Guerra, medalha de bronze no mundial de corta-mato e campeão europeu de corta-mato, que agora é o padrinho da prova, participando também na corrida Atlântica, a “irmã” mais nova desta aventura, e que tem apenas 15 km. “Esta é uma prova ímpar em Portugal e correr na areia era um hábito nos treinos na fase de alta competição, pelo aporte de força, porque nos crosses havia muita lama e o correr na areia ajudava bastante. Nessa minha participação nos 30 km, lembro-me que corri de meias e sapatos e parei várias vezes para sacudir essa areia e ainda fui tomar banho de mar a meio, para ainda ser quarto classificado”, disse o agora treinador nos Centros de Marcha e Corrida, que afirma que “foi uma experiência que me ficou gravada na memória”.
Com conhecimento de causa, por ter terminado a prova oito vezes e ter vencido uma, em 2009, Custódio António fala desse triunfo com a sua experiência. “Regressei de sete meses em altitude, lançaram-me o desafio e consegui ir à prova e vencer. Nos anos seguintes, sempre que possível regressei, terminei oito vezes, e este ano vou tentar vencer a corrida. É uma prova dura, que puxa muito de nós, e que apela a um grande sacrifício”, concluiu.
No Dia Mundial do Ambiente, convinha referir que “esta competição sempre teve essa preocupação e por isso colocou a questão no regulamento da prova, chamando a atenção de todos os concorrentes”, como disse Carina Batista, no desenvolvimento da conversa com os jornalistas, dando-se também a conhecer que alguns dos vencedores dos últimos anos já confirmaram a sua inscrição, com um total de 420 inscritos na Ultra Maratona, e também na Corrida Atlântica, que se destina “a todos os que queira desfrutar da paisagem, da alegria de correr em areia e descobrir novas sensações cada vez que passa pelas zonas balneares, e que ainda não tem treinos suficientes para a aventura dos 43 km, “que deve ser feita com preparação adequada, com calçado confortável e com algumas preocupações, como tentar impedir a areia de entrar nos sapatos, hidratar-se convenientemente, e ter cuidado de utilizar protetor solar”, aconselha Paulo Guerra.
Houve ainda oportunidade para recordar a corredora habitual na prova, Analice Silva, que realizou 4 das 5 edições do Raid Pedestre de Grândola, entre 1988 e 1991 e foi dos atletas totalistas da Ultra Maratona Atlântica Melides – Tróia, entre 2005 e 2016. Analice Silva faleceu em Fevereiro de 2017, com idade de 72 anos, devido a um cancro no pâncreas.