O véu branco da Serra da Estrela

As temperaturas descem e começam a criar um ambiente propício para que a precipitação se transforme em neve cobrindo a Serra da Estrela com o seu véu branco. Se bem que a Estrela não seja só neve, a verdade é que qualquer paisagem a seu lado se ofusca.

véu branco da Serra da Estrela
O véu branco da Serra da Estrela - ©Nuno Adriano

O véu branco da Serra da Estrela

Está a chegar!… Está a chegar o manto branco que torna a Serra da Estrela uma estrela ainda mais cintilante. Quando se veste com o seu véu branco qualquer paisagem ao lado dela se ofusca. Ao mesmo tempo é quando o seu silêncio zune, o movimento é zero e as suas fragâncias desaparecem. Fica ‘adormecida’, mas para nós é quando ela revela a sua atração narcótica à qual ficamos tremendamente viciados.

Ficamos torpes.

Um grupo de amigos olha para a Estrela, ao mesmo tempo que sente o ar frio e seco direcionado diretamente para pulmões. No início quando se perfila a sua chegada ficamos torpes e imóveis. O choque apodera-se. Somos apenas matéria a olhar para o nada até que a informação chega finalmente ao centro nevrálgico e começamos a pensar. Afinal, confirma-se. É mesmo agora que ela vai chegar.

Da imobilidade à ação.

O cérebro relutante começa a palpitar e a razão esclarece-se. Sentamo-nos à mesa de um café, comentamos experiências passadas, relembramos momentos vividos em anos idos. Todos sabemos que o inevitável está no subconsciente e apenas aguardamos que um de nós dê o tiro de partida, que soletre as palavras-chave “Temos que ir, é a tradição”. Está dado o mote e como que seres ébrios tudo se mecaniza. É como seguir um carril.

A volúpia da preparação.

Combinamos tudo ao ínfimo pormenor. São emoções e prazeres benignos que envolvem quando cada um de nós, quando cada um prepara o seu equipamento e molda a sua vida profissional e privada, num ritual repetitivo, mas que parece sempre o primeiro. Tudo isto para rumarmos à Estrela, a montanha onde os pormenores são o seu núcleo intocável e as suas oferendas fazem-nos venerá-la.

A fé da espera.

Como num pensamento religioso, estamos já com a fé da espera do dia D.

Afincados na ‘pole position’ eis que partem para a caça aos primeiros flocos que desaguam do céu e colidem com o solo. Alguém já profetizou: “O vício por esta montanha ainda nos vai matar… Mas de alegrias”.

NOTA IMPORTANTE: Nestes percursos, aconselha-se vivamente a visita com acompanhamento de guia

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