Cinfães: Museu Etnográfico e Grupo Folclórico de Nespereira

Terminamos o primeiro dia da nossa viagem de (re)descoberta de Cinfães no Museu Etnográfico acompanhados pelo Grupo Folclórico de Nespereira.

Museu Etnográfico e Grupo Folclórico de Nespereira
Cinfães: Museu Etnográfico e Grupo Folclórico de Nespereira - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

O primeiro dia da nossa viagem de (re)descoberta de Cinfães estava a chegar ao fim, mas ainda havia que ir à Nespereira, estar com o seu Grupo Folclórico e conhecer o  Museu Etnográfico, local em que fomos brindados com um jantar com o de que melhor existe na região.

À nossa espera estavam elementos do Grupo Folclórico da Nespereira, que nos receberam como só as gentes daquela região sabem e fizeram as honras da casa.

O Museu Etnográfico Quinta da Granja, na freguesia de Nespereira (Cinfães) resulta da recuperação de uma casa antiga, com aspetos ligados à resistência monárquica, destinada a acolher o espólio etnográfico local.

Criado para preservar a identidade local e regional, de vivências, “histórias” e aspetos da ancestralidade dos povos, a Casa-Museu é constituída por dois núcleos: o principal, composto por uma cozinha tradicional, lagar e loja, quartos e sala, acolhe de forma permanente a exposição de utensílios, artefactos, trajes e calçado que foram sendo recolhido pelo Grupo Folclórico de Nespereira, e que retrata o modus vivendi de uma época que se estende desde o início do séc. XIX até meados do séc. XX.

O outro núcleo funciona como espaço operacional onde são desenvolvidos elementos de atração e complementaridade ao museu e onde funciona ainda um salão multifuncional que para além de ser usado para os ensaios e algumas atuações do grupo folclórico, recebe ainda vários tipos de eventos, tais como exposições e ações temáticas e didáticas/pedagógicas.

O Grupo Folclórico de Nespereira, herdeiro de usos, costumes e tradições, desta região, extraordinariamente rica em valores ancestrais, foi fundado a 26 de julho de 1962, e é um dos dinamizadores do Museu Etnográfico, fazendo a recolha etnográfica das danças e cantares, com que os seus antepassados alegravam as festas, romarias, desfolhadas e outras ocasiões festivas.

Nas suas danças destacam-se claramente três, quer pela sua autenticidade, quer pela sua exclusividade, mostrando a forma como as gentes que pretendem representar encaravam a vida, apesar da rudeza dos trabalhos agrícolas. O Perim, como dança de galanteio que as gentes da época “roubaram através do buraco da fechadura” às casas senhoriais e a implementaram nos terreiros, a Cana Verde que demonstra com os seus ritmos fortes e coreografia a força e carácter das suas gentes e a inevitável Contradança que entrou em Portugal por força das invasões napoleónicas sendo adotada pelo povo. Esta dança tem a particularidade de só poder ser dançada por oito pares e obedecer estritamente às ordens do mandador.

Para além dos trajes de trabalho, com destaque para o traje de linho, o grupo apresenta também os trajes domingueiros ou de “Ver a Deus” como são conhecidos e os trajes de Noivos.

Com o apoio do município e em parceria com a Associação de Cantas e Cramóis, o Grupo Folclórico da Nespereira, participa ainda no FOLK CINFÃES (Festival Internacional de Folclore).

O festival Folk Cinfães – Art’s e Danças do Mundo foi reconhecido como Festival Internacional pelo Conselho Internacional de Organizações de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais.

Depois de termos conhecido o museu etnográfico e o Grupo Folclórico da Nespereira e as suas histórias, fomos brindados, com um excelente jantar, composto por pratos tradicionais da região.

Já era tarde quando rumamos ao Parque de Campismo de Mourilhe para um merecido descanso. Este parque sobranceiro à Barragem do Carrapeto, com o Douro aos seus pés, oferece tudo o que é necessário para uma noite bem passada mas, disso falaremos num outro momento.

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