Associação Ibérica de Turismo de Interior – De Idanha-a-Nova a Cáceres em prol do turismo ibérico

Associação Ibérica de Turismo de Interior aproxima territórios raianos da Beira Interior e da Extremadura Espanhola em prol do turismo ibérico

Associação Ibérica de Turismo de Interior
Associação Ibérica de Turismo de Interior – De Idanha-a-Nova a Cáceres em prol do turismo ibérico - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

Idanha-a-Nova está tão perto de Lisboa, como de Madrid, assim como Cáceres, está tão perto de Madrid, como de Lisboa. Apesar desta realidade e da entrada de Portugal e Espanha, há 36 anos, para a União Europeia as fronteiras parecem ainda subsistir. É neste contexto que surge a Associação Ibérica de Turismo de Interior (AITI).

Apesar de na região haver tanta coisa partilhada, entre os dois países, como é o caso do Rio Erges, onde mergulhamos em Espanha e voltamos ao cimo de água em Portugal, já para não falar do Tejo Internacional, a interação é reduzida. Miguel Martins, presidente da AITI, pretende colocar um ponto final na situação juntando os ‘Ibéricos’ no aproveitamento de sinergias, uma vez que considera ser essencial que a fronteira “não seja mais do que uma linha geográfica que divide os dois países ibéricos” até porque no turismo “não existem concorrentes, mas sim complementos”.

Tentando entender os verdadeiros princípios e objetivos preconizados pela Associação Ibérica de Turismo de Interior, fizemos um pequeno périplo, pelos territórios raianos da Beira Interior e da Extremadura Espanhola.

Começámos em Portugal, pelas Termas de Monfortinho, uma das mais antigas fontes termais do país, inseridas num cenário onde a natureza permanece intacta. Subimos à aldeia de Monsanto, referência turística mundial pela forma engenhosa como as casas são construídas tirando partido dos barrocais graníticos, e visitamos os Montes-Ilha de Monsanto que integram o Geopark Naturtejo da UNESCO, cujo berço é o Parque Icnológico de Penha Garcia, que preserva inúmeros vestígios do que foi a vida aqui há 480 milhões de anos, quando estas cristas quartzíticas eram um imenso mar onde reinavam trilobites, num impressionante mundo de biodiversidade aquático. Em Penha Garcia, detivemo-nos na Praia Fluvial do Pego, e visitamos os antigos Moinhos do Rodízio, ainda em funcionamento.

Como diz o povo num “pulinho de rã “estávamos em Espanha, a caminho de Cáceres. Na estrada uma placa indicava Robledillo de Gata. Um pequeno ‘pueblo’ cujo traçado urbano e arquitetura popular, foi conservada praticamente intacta. O seu centro histórico foi declarado Bem de Interesse Cultural e que segundo os locais, é considerado como um dos mais povoados mais bonitos de Espanha.

Depois, navegamos pelo Tejo Internacional, reserva da Biosfera, situada numa área partilhada entre Portugal e Espanha, unidos pelo curso do rio Tejo que tem nas suas margens e afluentes a principal paisagem da região.

Localizada numa região de baixa altitude e relevo acentuado, é abrigo para muitas espécies de aves, que aí encontram as condições ambientais ideais, configurando-se ainda como refúgio de espécies ameaçadas das florestas mediterrânicas.

Cáceres surgiu finalmente no nosso horizonte. Já o sol se punha, e a Plaza Mayor fervilhava de gente procurando a animada noite espanhola. Um passeio pelo núcleo histórico, deu-nos a conhecer uma cidade declarada Patrimônio da Humanidade. Com o terceiro maior conjunto monumental da Europa, nesta cidade somos transportados à época do Renascimento e principalmente à Idade Média, graças aos seus palácios, ruas, praças e muralhas especialmente bem conservados.

Tínhamos viajado num raio de pouco mais de 100 quilómetros e estávamos de regresso de ‘alma cheia’. Tínhamos apreendido a importância da congregação de sinergias e interligação entre o território raiano da Beira Interior e da Extremadura Espanhola, em prol do turismo ibérico. É necessário valorizar o território transfronteiriço ibérico através da cooperação, dos agentes económicos ligados ao setor do turismo dos dois lados da fronteira. “Neste momento temos um conjunto de peças soltas” e a Associação surge “para unir, pois só juntos podemos chegar longe”, referiu Miguel Martins, que acrescentou “a AITI quer representar o interior ibérico, agrupar empresários do setor turístico e criar marcas fortes” e isto porque de “discursos estamos todos fartos”.

Artigos relacionados com o Interior do país:

Interior do país – Chegou o Tempo