
A arte tradicional da filigrana portuguesa está mais perto de alcançar o reconhecimento internacional. A “Filigrana de Portugal” foi formalmente proposta para integrar a Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, numa candidatura que pretende valorizar um legado artesanal com séculos de história e dar visibilidade ao trabalho de gerações de mestres ourives.
A candidatura resulta de um esforço conjunto dos municípios de Gondomar e da Póvoa de Lanhoso – os dois principais centros de produção da filigrana no país – e foi construída ao longo de quase uma década, com início em 2016 e marcos importantes como a certificação oficial da técnica em 2018 e a sua entrada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial em 2023.
A apresentação internacional desta candidatura acontece em grande palco: a Expo Universal de Osaka, no Japão, onde Portugal está presente com a exposição “Oceano de Filigrana”. Entre as peças em destaque está o icónico “Vestido em Filigrana”, criado pela estilista Micaela Oliveira em parceria com o artesão Arlindo Moura, já mostrado na Expo Dubai. Estreia-se também uma nova peça de grande impacto visual: a “Flor em Filigrana”, concebida pela JSoares Jewelry.
Durante os dias 30 de junho e 1 de julho, os visitantes da Expo poderão assistir a demonstrações ao vivo de mestres filigraneiros certificados, e até experimentar esta arte feita com finos fios de ouro e prata. A mostra termina com uma receção oficial na Embaixada de Portugal em Tóquio, no dia 3 de julho, onde será entregue uma peça em filigrana à Casa de Portugal no Japão.
O evento vai além da joalharia. Há também um momento cultural com assinatura portuguesa, incluindo o tradicional “Chá das 5”, promovido pelo Turismo de Portugal. Destaque para o lançamento do exclusivo “Filigrana D’Ouro Gourmet” – um chocolate negro com ouro comestível de 23 quilates, em forma de coração, inspirado no tradicional Coração de Filigrana. A experiência é acompanhada pelo “Pipa Chá”, um chá português envelhecido em pipas de vinho do Porto, produzido com folhas provenientes do Japão.
Para o presidente da Câmara de Gondomar, Luís Filipe Araújo, esta presença internacional “é mais do que uma exibição de joias; é uma afirmação da identidade cultural portuguesa e uma forte aposta na candidatura à UNESCO”. Já Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, sublinha a importância de “dar a conhecer ao mundo o valor único da filigrana como símbolo da tradição e da criatividade do nosso território”.
A iniciativa é promovida pela Câmara Municipal de Gondomar, em colaboração com a AICEP e o Turismo do Porto e Norte de Portugal, numa estratégia de diplomacia cultural que pretende mostrar ao mundo a excelência artesanal portuguesa – e garantir que esta arte viva continue a ser transmitida de geração em geração.