“Discriminação positiva” é reclamação dos Empresários do Território das Aldeias de Montanha

"(Re)desenhar o papel do Turismo no Interior em tempo de COVID-19" foi o tema da videoconferência levada a efeito pela Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha (ADIRAM) no passado dia 20.

Aldeias de Montanha
“Discriminação positiva” é reclamação dos Empresários do Território das Aldeias de Montanha - ®DR

A Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha (ADIRAM), em parceria com a consultora Blue Earth, organizou no passado dia 20 de maio uma videoconferência sobre as novas perspetivas e desafios do Turismo no interior de Portugal. Intitulado (Re)desenhar o papel do Turismo no Interior em tempo de COVID-19“, este webinar reuniu uma audiência com mais de 2 centenas de pessoas e contou com a presença de José Francisco Rolo, Presidente da ADIRAM, Pedro Machado, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro, Luís Tadeu e José Carlos Alexandrino, respetivamente, Presidentes das Comunidades Intermunicipais das Beiras e Serra da Estrela e Região de Coimbra, assim como empresários, consultores e agentes de desenvolvimento e turismo.

Nesta conferência online ficou destacado o trabalho dos autarcas da região das Beiras e Serra da Estrela e da região de Coimbra, quer na gestão do processo do Covid-19, decisivo para suster a propagação do vírus nesta zona do país, quer na sensibilização das respetivas comunidades. Atualmente, os habitantes das Aldeias de Montanha têm perfeita noção do que é ser um agente de saúde pública e a importância do cumprimento das regras da Direção Geral de Saúde.

Os empresários da região apelaram ao papel cimeiro das autarquias, por via das CIMS, no apoio robusto e estruturado aos pequenos e médios negócios e à necessidade de valorização de toda uma cadeia de valor existente. Medidas como isenção de IMI para as empresas mais afetadas pela pandemia ou a redução do IVA e de algumas taxas municipais foram algumas das propostas avançadas, registando-se que a política pública está a tratar de maneira igual aquilo que é diferente. Houve unanimidade em defender que as empresas do setor da hotelaria e restauração do Interior “deverão ter instrumentos de apoio específicos“, apelando para uma “discriminação positiva” nos instrumentos de apoio.

Outro aspeto abordado pelos empresários refere-se ao mecanismo de lay-off. De uma maneira geral, todos consideram que deverá estar mais alinhado com as necessidades das empresas hoteleiras. Mesmo em casos de faturação zero carecem de trabalhos de manutenção, gestão e marketing. Segundo os presentes, estas funções poderiam ser desempenhadas por trabalhadores em lay-off, em horário parcial, ainda que mantendo-se o lay-off total. Para os empresários, desta forma evitava-se sobrecarregar as empresas sem faturação com encargos adicionais que não conseguem suportar, sem prejudicar a remuneração auferida pelos trabalhadores. “Ficam assim criadas condições para manter a relação entre os trabalhadores e a sua empresa, num momento em que a empresa mais necessita do seu principal activo, as pessoas. Não devemos deixar que o lay-off seja um instrumento de desagregação da empresa”, sublinhou João Tomás, proprietário da Casa das Penhas Douradas e Casa de São Lourenço – Burel Mountain Hotels.

A burocracia e a demora das entidades bancárias em disponibilizar o dinheiro às empresas foram apontadas por Rui Tomás Marques, CEO da consultora Blue Earth, como os principais entraves e dificuldades para os empresários.

Uma proposta mais disruptiva foi ainda defendida por José Carlos Alexandrino, Presidente da CIM da Região de Coimbra e Presidente da Câmara Municipal de Oliveira dos Hospital, adiantando “uma injeção de 30 milhões de euros, à semelhança do que está a ser feito por outros países, montante que seria distribuído pelas famílias, em cheques vale para utilizar em férias no interior do país no valor de 500 euros“. Esta medida, segundo o autarca, “representaria uma injeção direta na economia local e nas empresas do setor do turismo do interior do país, que necessitam de apoios para retomar a normalidade. Numa primeira fase iria abranger 40.000 famílias“, avançou o responsável.

O Presidente da FIBNET Portugal, França e Arábia Saudita, Amândio Dias, ressalvou que as Aldeias de Montanha devem aproveitar esta crise “para alavancar o desenvolvimento da região num projeto de conectividade capaz de vencer as dificuldades de acessibilidade aos territórios de montanha, aproximando as populações e eventuais novos residentes ao conforto dos serviços prestados à distânciaAtrair não só turistas, mas os novos nómadas do teletrabalho”.

Os intervenientes foram ainda unânimes em relevar a importância e os atributos do Interior e Centro de Portugal. Consideraram ser esta a oportunidade de olharmos para este território de uma forma alternativa como destino turístico de verão – as praias fluviais, as lagoas, a Natureza, as gentes genuínas, a qualidade do Ambiente, a segurança, a confiança, o potencial para a prática de desportos ao ar livre, e a paz que se consegue fora dos grandes aglomerados citadinos são atributos incontestáveis do territórios da Aldeias de Montanha e da  Região interior centro. 

 

 

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