
O Alentejo vai contar, a partir do próximo dia 19 de julho, com um novo espaço cultural de referência a funcionar em pleno: o MAAG – Museu de Arte e Atrelagem de Gavião. Após uma abertura parcial em abril, o museu inaugura agora os dois pisos em falta, concluindo assim o percurso expositivo e afirmando-se como um projeto único em Portugal, dedicado à arte equestre e à história da atrelagem.
Instalado no antigo «Seminário Menor», um imponente edifício senhorial do século XIX situado no coração da vila, o MAAG alia tradição e inovação, dando nova vida a um espaço com grande valor histórico e simbolismo para Gavião. A reabilitação do edifício, assinada pelo arquiteto Carrilho da Graça, reflete a aposta do município na cultura como motor de regeneração urbana e valorização do interior.
A visita ao MAAG começa de forma pouco convencional: no último piso. Este ponto de partida proporciona uma perspetiva ampla sobre a geometria do edifício e uma vista privilegiada sobre a vila e a paisagem natural envolvente, estabelecendo desde logo uma ligação entre o museu e o seu território.
No terceiro piso, os visitantes encontram uma introdução didática ao mundo da atrelagem. Através de painéis visuais de grande formato — os chamados “wallprint” — é possível conhecer as principais viaturas, os arreios e os sistemas que ligam o cavalo ao veículo, formando um glossário visual inovador e acessível. Esta abordagem pioneira oferece uma leitura clara e envolvente deste universo técnico e cultural, até agora pouco explorado em Portugal.
Descendo ao segundo piso, o percurso leva a duas coleções de grande valor histórico e simbólico. Por um lado, a coleção DHD Dorantes SL, oriunda de Sevilha, é apresentada ao público pela primeira vez e reúne acessórios históricos ligados à prática da atrelagem e ao quotidiano das elites equestres ibéricas. Por outro, a coleção do Dr. Carlos Vences, de Montemor-o-Novo, destaca objetos relacionados com a higiene pessoal e a devoção religiosa destas mesmas elites, estabelecendo um diálogo entre os usos sociais da atrelagem e a história do próprio edifício que acolhe o museu.
Nos pisos inferiores, incluindo o primeiro e parte do segundo, está exposta uma valiosa seleção de viaturas hipomóveis de diferentes tipologias e origens. Algumas destas peças são exibidas pela primeira vez em território nacional, enriquecendo significativamente o acervo museológico e revelando a diversidade e sofisticação técnica dos transportes equestres ao longo dos séculos.
Inauguração com desfile e recriação histórica
A inauguração oficial dos dois novos pisos está marcada para 19 de julho, às 16h30, e será seguida, às 18h, por uma exibição ibérica de viaturas hipomóveis, com um desfile de carros dos séculos XIX e XX pelas ruas da vila. Esta recriação histórica pretende levar o museu para fora de portas, numa experiência viva e participativa que liga o acervo ao espaço público.
O presidente da Câmara Municipal de Gavião, José Pio, sublinha que o MAAG “representa muito mais do que um espaço expositivo. É um símbolo de orgulho coletivo e uma âncora de regeneração urbana para um concelho do interior que aposta na cultura como resposta à desertificação.”
Para o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Santos, trata-se de “mais um importante ponto de atração turística que valoriza o património histórico e cultural da região.”
Mais do que um museu
Com uma vocação educativa, patrimonial e turística, o MAAG afirma-se como um centro dinâmico de preservação da cultura equestre. As suas coleções — que vão desde arreios, selas e trajes até objetos devocionais, viaturas e aguarelas técnicas — permitem compreender o papel da atrelagem na vida social e económica entre os séculos XVIII e XX.
Com esta nova etapa, o Museu de Arte e Atrelagem de Gavião reforça a sua posição como referência nacional e internacional no património equestre e no turismo cultural do interior.




















