Festival Terras Sem Sombra – Santiago do Cacem e o seu património foram o tema da 3ª edição.

Dar a conhecer o centro histórico de Santiago do Cacem, foi a aposta do Festival Terras sem sombra, que neste sábado levou um grupo de pessoas a calcorrear o antigo centro nevrálgico da cidade, dominado pela Praça Conde Bracial.

Situada na encosta do Castelo, esta Praça constitui um valioso património arquitetónico, com as suas casas brasonadas, nomeadamente o palácio dos Condes de Bracial, edifício da época romântica, com a pedra das armas da família Falcão, mandado erguer pelo desembargador Jacinto Falcão, que abriu as suas portas ao público, precisamente este sábado.

Assim sendo, podemos visitar o interior deste elegante palacete, nomeadamente as belíssimas salas revestidas de papel pintado, com pinturas de monumentos de Paris, do Sena e seus habitantes, para alem do mobiliário de época, que os seus proprietários fazem questão de preservar com muitos cuidados. De salientar que os descendentes do desembargador Jacinto Falcão, têm neste palacete a sua habitação permanente.

Neste largo ainda existe o edifício dos antigos Paços do Concelho construído em 1781, por ordem da rainha D. Maria I, onde funcionaram, até finais do século XIX, os serviços municipais, o tribunal e a cadeia, a Igreja e Hospital do Espírito Santo , construído na Idade Média e o edifício de influência neoclássica tardia construído entre finais de 1861 e 1863 que se destinava a albergar a administração do concelho, a repartição da fazenda, a repartição de afilamentos, a aula de instrução feminina e a residência da respetiva mestra, para alem do atual pelourinho que foi reconstruído em 1845 substituindo o chamado pelourinho joanino, datado do séc. XVIII.

Descendo a rua, encontramos a  Sociedade Harmonia, de Santiago do Cacém, a mais antiga coletividade do país, fundada por Agostinho de Vilhena e seus irmãos, Cipriano de Oliveira e José Beja da Costa, há 145 anos (1863).

Sociedade Harmonia soma hoje mais de uma centena de pessoas de todas as idades envolvidas nas suas atividades, tendo recebido de presente do município um projeto para a recuperação do seu edifício sede, uma obra avaliada em dois milhões de euros.

Continuando o nosso passeio, passamos pela Igreja da Misericórdia, pelo antigo “ Asogue” em direção ao Museu Municipal, instalado na antiga cadeia e que ainda conserva algumas celas desse tempo, integra achados arqueológicos de Miróbriga e coleções de etnografia, incluindo belas rendas, além de uma cozinha, de um quarto popular, uma barbearia, um alfaiate e uma sala de aula, típicas do Alentejo onde nenhum  pormenor foi descurado

A tarde já ia longa, mas ainda nos atrevemos a subir a rua em direção ao Moinho da Quintinha também chamado Moinho de vento das Cumeadas, adquirido por este Município em 1970, tendo beneficiado ao longo dos anos de varias obras de restauro e de manutenção. Este moinho é um dos poucos onde os visitantes ainda podem observar o processo de moagem tradicional dos cereais sempre que as condições climatéricas o permitem.

Com esta visita, chegou ao fim um passeio que nos levou a tempos longínquos da história de Santiago do Cacem, fruto de narrativas históricas, mitos e lendas, contadas pelo nosso anfitrião Jose Antonio Falcão.