‘Lufada’ de música, artes performativas, cinema e artes visuais na Oficina

A ‘Lufada’ Já se pressente e poderá ser vista, ouvida e vivida no Centro Cultural Vila Flor, na Casa da Memória e no CIAJG, ao ar livre e em segurança.

Lufada
‘Lufada’ de música, artes performativas, cinema e artes visuais na Oficina - ®DR

A ‘Lufada’ está a chegar e vai fazer(-se) sentir. A Oficina concebeu um programa excecional para tempos excecionais. Entre junho e julho, a fruição das artes ocupará pátios, jardins e salas de museu com uma programação de artes performativas, visuais e ações formativas. Foram trabalhadas as escalas, a diferente natureza das propostas e sobretudo o contexto de segurança da sua apresentação e vivência, para que a experiência da relação com os públicos seja integral. A partir de 19 de junho e até 10 de julho, os hábitos culturais intensificam-se e a nossa vida ficará mais rica, mais completa. Uma nova lufada é o que todos procuramos.  

E as próximas sextas-feiras em Guimarães serão de ‘Lufada, logo, diferentes, ao vivo e genericamente ao ar livre, seja na companhia da música com The BJazz Choir, Benjamim, Minta & The Brook Trout e Pedro Emanuel Pereira, ou mergulhando no desafio que é Madame – conversas privadas em espaço público de António Alvarenga e Leonor Barata, assistindo ao filme-concerto Surdina, de Rodrigo Areias com música ao vivo de Tó Trips, ou vagueando no ‘Turno da Noite’, uma visita noturna ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães. Acresce, ainda, uma oferta de Visitas e Oficinas promovidas pelo serviço de Educação e Mediação Cultural d’A Oficina. É assim tempo da arte emergir, de nos levar em viagens admiráveis e inspirar. Em completa segurança. As entradas são gratuitas em todas as apresentações e atividades. 

Sextas-feiras diferentes

As sextas-feiras em Guimarães sabem diferente. Como um mergulho no fim de semana com a rede que as artes nos lançam nas nossas vidas. Esta irrupção cultural inicia-se a 19 de junho às 19h00, nos Jardins do Palácio Vila Flor (CCVF), com o The BJazz Choir. Nascido em finais de 2012, no ano em que Guimarães foi Capital Europeia da Cultura, associado à escola de jazz do Convívio, é atualmente uma entidade independente e constitui-se como The BJazz Choir Associação Cultural. A formação inclui elementos de várias profissões, oriundos não só de Guimarães mas também do Porto, Braga, Famalicão e Celorico de Basto. O repertório inclui arranjos originais criados propositadamente para o coro sobre temas de jazz, blues, soul, gospel, bossa nova e fado-jazz, sem esquecer a vertente pedagógica.

Ao longo destes anos, o BJazz Choir tem-se apresentado em vários eventos e festivais um pouco por toda a Península Ibérica, a cappella ou com acompanhamento de banda, tendo gravado recentemente (2018) o seu primeiro trabalho discográfico em estúdio. Em 2020 serão os organizadores do primeiro IMCMM (International Meeting of Choral Modern Music) e iniciam um conjunto de atividades paralelas à performance musical, na área da divulgação musical e em especial do jazz enquanto meio de aproximação cultural. 

Na mesma data, após o sol se pôr, a ‘Lufada’ traz-nos o Turno da Noite, uma desafiante visita noturna ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães, à hora em que está encerrado ao público, aos locais em que não é permitida a entrada a pessoas estranhas ao serviço, para ouvirmos histórias sobre peças que não estão expostas. Às 22h00, às 22h30 e às 23h00 (com lotação máxima de 7 pessoas em cada horário), serão realizados percursos de descoberta às reservas do CIAJG e assim conhecer os museus que existem dentro do MUSEU. 

A sexta-feira de 26 de junho

No dia 26 de junho, pelas 18h00, no Terreiro do Palácio Vila Flor (CCVF), Madame – conversas privadas em espaço público propõe um encontro para o qual o convidado é desafiado a colocar uma questão que obedeça aos critérios tradicionais dos temas abordados pelos videntes-oráculos-profetas (trabalho e negócios; amor e família; sorte e azar). Este será o mote para o desenvolvimento de uma conversa na fronteira entre a confidência, o conselho e o desabafo, onde Madame relembra histórias e parábolas, partilha experiências e expetativas e questiona o real, jogando-se tudo num limbo de definições. Madame é assombrada por outra voz e outro corpo que serão extensões de si e que a usam como veículo de comunicação.

Não é só Madame que tem acesso à questão e memórias do convidado, mas também este tem acesso às memórias e hesitações de Madame, aos seus esquemas metais, às suas múltiplas personas. É aqui que se dá o encontro. Encontro este criado e interpretado por António Alvarenga e Leonor Barata, com o acompanhamento dramatúrgico de João Fiadeiro. 

A ‘Lufada’ desta sexta-feira prossegue na companhia da voz, do piano e da guitarra (acústica) de Benjamim, que se apresenta a solo no Pátio do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), a partir das 19h00. Este escritor de canções que passou quatro anos radicado em Londres voltou para Portugal em 2013 para compor Auto Rádio, um trabalho em busca das histórias que não existem em mais parte nenhuma do mundo. Ainda antes do lançamento em setembro de 2015, Benjamim percorreu o país de norte a sul para apresentar as músicas numa digressão de 33 datas seguidas ao volante da sua Volkswagen.

Auto Rádio

Auto Rádio foi considerado melhor álbum do ano em vários meios de comunicação social. O músico editou no final de 2017 o disco 1986, fruto de uma parceria com o britânico Barnaby Keen. A estreia ao vivo teve lugar no Festival Músicas do Mundo de Sines e a banda marcou presença ainda no Vodafone Mexefest (Lisboa) e Cool Jazz Fest (Cascais). As músicas Dança com os Tubarões, Terra Firme e Madrugada mereceram grande destaque nas rádios nacionais. Depois do tema Zero a Zero, escrito para Joana Espadinha no contexto do RTP – Festival da Canção, Benjamim assinou também em 2018 a produção do disco da mesma artista, O Material Tem Sempre Razão, do trabalho Cidade Fantástica, de Flak, e ainda o álbum de estreia de Cassete Pirata. O ano de 2020 marca o regresso às edições discográficas com o aguardado sucessor de 1986 cujo título é Vias de Extinção. 

A ‘Lufada’ de 3 de julho

A ‘Lufada’ volta a dizer ‘presente’ em julho com Minta & The Brook Trout a apresentar-se em duo nos Jardins do Palácio Vila Flor, às 19h00 do dia 3 julho. A história de Minta começou em 2006 quando tudo acontecia no MySpace como veículo das gravações caseiras das canções de Francisca Cortesão. You, lançado em 2008 pela extinta Naked e coproduzido por Nuno Rafael, tinha cinco temas. Um deles, A Song To Celebrate Our Love integrou a compilação Novos Talentos FNAC do mesmo ano. Foi em 2009 que surgiu o nome Minta & The Brook Trout, enquanto o projeto a solo se foi transformando numa banda, na base da qual estão, desde então, as canções sucintas de Francisca Cortesão e os arranjos minimais de Mariana Ricardo.

Em torno deste duo, em gravações e concertos, tem girado um elenco de músicos extremamente talentosos, tanto como membros de Brook Trout como enquanto convidados especiais. Minta & The Brook Trout é agora um quarteto: Francisca Cortesão (voz e guitarra), Mariana Ricardo (voz, baixo, ukulele e percussão), Margarida Campelo (voz, teclado e percussão) e Tomás Sousa (bateria e voz). Quando se apresentam em duo, como acontece nesta ocasião, Francisca Cortesão e Mariana Ricardo privilegiam o contacto direto com o público e despem ainda mais as canções com novos arranjos e versões surpreendentes. 

A última ‘Lufada’ a 10 de julho

O piano e a mestria de Pedro Emanuel Pereira abrem a porta a esta ‘Lufada’ na sua última sexta-feira, a 10 de julho, às 19h00, no Pátio do CCVF. Considerado um dos mais proeminentes pianistas da sua geração, Pedro Emanuel Pereira apresenta-se com a sua própria arte e visão do mundo, moldada pela jornada de sucesso que tem acompanhado a sua carreira na música erudita.

A partir da sua abordagem num instrumento orquestral que venera, é através das teclas de um piano que personifica vivências, histórias e a cultura musical portuguesa, que se ouve a partir da brilhante poesia e dos diferentes estilos que explora. Graduado com distinção honorável pelo Conservatório de Moscovo e pelo Conservatório de Amesterdão, Pedro Emanuel Pereira foi vencedor de inúmeras competições internacionais de piano. Após o sucesso do seu primeiro disco Russian Journey, dedicado a obras dos compositores russos Sergei Rachmaninov e Sergei Prokofiev, o pianista apresenta-nos pela primeira vez o seu lado mais íntimo e recôndito, num disco dedicado em exclusivo a obras originais da sua autoria. Já no álbum Sons da Minha Terra, Pedro Emanuel Pereira explora com singular mestria a relação entre a improvisação e a composição, numa nova abordagem que incorpora reminiscências da música tradicional portuguesa aliada à música de tradição erudita e clássica.  

‘Lufada’ noturna

A noite de ‘Lufada’ noturna avista Surdina no Jardim do Centro Cultural Vila Flor. Falamos do filme-concerto de Rodrigo Areias, com música ao vivo de Tó Trips, que às 21h45 é apresentado em colaboração com o Cineclube de Guimarães. Com realização de Rodrigo Areias e música de Tó Trips (reconhecido membro da dupla Dead Combo), Surdina é uma tragicomédia minhota sobre um viúvo vimaranense que recebe a notícia do aparecimento da sua falecida mulher. Uma história sobre a delicadeza de se ser velho, do que resta ainda para sonhar e para amar. Totalmente rodado em Guimarães, o filme foi escrito por Valter Hugo Mãe, aproveitando a feliz coincidência de o escritor e o realizador serem ambos de origem vimaranense. Depois da antestreia nacional no início de junho, no Cinema Trindade, o Jardim do CCVF recebe a exibição do filme, que contará com a interpretação ao vivo da música instigante de Tó Trips. 

Desconfinar mas em segurança

É sabido que agora chegou o momento de desconfinar, mas sempre em segurança. E entre Visitas e Oficinas, também já é possível descobrir no website d’A Oficina (www.aoficina.pt) toda a informação relativa às propostas de atividades que, ao longo destes dois meses, estarão disponíveis na Casa da Memória (Visita Orientada à CDMG, Oficina de Tapeçaria ‘Um Tapete e o que Mais?’, Oficina de Fotografia ‘Memórias Reveladas’), no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (Visita Orientada ao CIAJG, Oficina de Artes Plásticas ‘Viagem ao Oriente’, Oficina de Artes Visuais ‘A Escala da Fronteira’) e no Palácio Vila Flor (Visita Orientada à Exposição “Transmissão | Patrícia Almeida, Obras 2001-2017”).

As visitas a cargo da equipa de Educação e Mediação Cultural d’A Oficina realizar-se-ão em pequenos grupos, com família, com amigos, com a proximidade de sempre. Estas atividades são igualmente gratuitas e realizadas por marcação prévia obrigatória com, pelo menos, 5 dias de antecedência, através de telefone 253 424 716 ou e-mail [email protected]. Para marcações para grupos com mais de 7 pessoas, é aconselhado contactar através do mesmo e-mail para serem definidas alternativas. As oficinas decorrerão preferencialmente no espaço exterior da Casa da Memória e do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.  

A apresentação da programação da ‘Lufada’

Na apresentação para apresentar esta programação excecional – ‘Lufada’ – o diretor artístico do Centro Cultural Vila Flor, Rui Torrinha, assumiu que este é o “retomar de uma relação que A Oficina estima muito”, acrescentando querer “ir mais longe do que o formato online”. Este foi igualmente o momento para desvendar duas das novidades que os 15 anos do Centro Cultural Vila Flor (celebrados em setembro) nos reservam.

Teresa Salgueiro, incontornável cantora portuguesa em muito conhecida como vocalista do grupo Madredeus, vai apresentar no CCVF um trabalho inédito com a Orquestra de Guimarães no próximo dia 12 de setembro, voltando assim a um palco que pisou por altura da sua inauguração, em 2005. Também em setembro, o CCVF assistirá à estreia absoluta da peça Catarina e a beleza de matar fascistas, de Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II e vencedor do Prémio Pessoa 2019. Em relação ao futuro, Rui Torrinha afirmou ainda a dedicação da equipa em “preparar em força a nova temporada”. 

Esta apresentação foi ainda a oportunidade para anunciar Fátima Alçada como a nova responsável pela direção artística da cooperativa vimaranense A Oficina. Fátima Alçada, responsável pela direção artística do serviço de Educação e Mediação Cultural d’A Oficina desde março de 2019, assume a partir de agora esta nova função – sucedendo a João Pedro Vaz – com a premissa e a convicção de que “muito está feito e tudo há para fazer” no âmbito deste ecossistema abrangente e plural que constitui A Oficina, um projeto cultural e artístico singular em Portugal. 

Fátima Alçada

Depois de uma curta passagem pela docência, Fátima Alçada inclui no seu percurso uma colaboração com a Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, algo que definiu o seu percurso profissional para o futuro. Após o término da Capital Europeia e uma pós-graduação em Gestão Cultural das Cidades, pelo Indeg–ISCTE, iniciou uma colaboração com a Feira Viva, em Santa Maria da Feira, em que assumiu a responsabilidade da mediação com os diferentes públicos e instituições nos eventos Viagem Medieval e Festival Imaginarius.

A partir de 2004, mudou-se para Guimarães, onde marcou a sua primeira passagem pel’A Oficina, tendo iniciado o seu trabalho como produtora e depois como assistente de programação do Centro Cultural Vila Flor. Foi também em Guimarães que a existência do Serviço Educativo se tornou um dos focos de trabalho, criando assim o Serviço Educativo do Centro Cultural Vila Flor, do qual foi coordenadora até 2010. Em 2011, assumiu a gestão e programação do Cine-Teatro de Estarreja e, em 2013, aceitou o convite da Câmara Municipal de Ovar para desenvolver um projeto cultural para a cidade, onde assumiu as funções de diretora artística do Centro de Arte de Ovar e festivais.

A Oficina

De recordar que a cooperativa vimaranense A Oficina, nascida em 1989, atualmente gere e programa um Museu-Mundo, uma Casa do Território e da Comunidade, um Centro Cultural, um Centro de Criação, uma Companhia de Teatro e um serviço de Educação e Mediação Cultural. Organiza 5 festivais internacionais – GUIdance (fevereiro); Westway LAB (abril); Festivais Gil Vicente (junho); Manta (setembro); Guimarães Jazz (novembro) – mas continua a ser o centro de artes e mesteres tradicionais de Guimarães, manifestando a sua salvaguarda pelo Património e o Artesanato na Loja Oficina. Na cidade, faz a Feira de Artesanato e as Festas da Cidade e Gualterianas. E este universo cultural d’A Oficina vive agora também num renovado ecossistema digital, mais acessível e intuitivo para o público.

Segurança

De lembrar também que, na sequência do Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo Coronavírus (Covid-19) e das orientações da Direção-Geral da Saúde para diminuir a evolução epidemiológica, A Oficina suspendeu todas as suas atividades desde o dia 11 de março. Nesta fase de regresso à melhor normalidade possível e em completa segurança, os vários espaços cuja gestão e programação é da sua responsabilidade (Centro Cultural Vila Flor / Centro Internacional das Artes José de Guimarães / Casa da Memória de Guimarães / Centro de Criação de Candoso / Espaço Oficina / Loja Oficina) começaram a reabrir as suas portas, de forma faseada, cumprindo todas as normas de segurança e seguindo as orientações previstas na lei.

 

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